sábado, 30 de março de 2013

" As crianças e a genética ",por Júlia Barros Guarda Ribeiro



Nas minhas deambulações por escolas de Viana do Castelo e arredores , estive numa escolinha de Mujães onde contei a estória do “Porquinho Malhado” . O conto é pequenino e fala de um bacorinho que, filho de uma linda porca branca rosadinha e sendo o pai porco também da mesma cor, ele nasceu com uma malha preta que lhe dava volta ao dorso e acabava na barriga. Os seus 8 irmãos eram todos brancos e rosadinhos e achavam aquele irmão muito esquisito, por causa da mancha negra . Está mesmo a ver-se qual era a lição de moral a tirar .Mas lá pelo meio da estorinha aparecia a palavra “genes” .
E cito : “A mãe cheirava-o e dava-lhe focinhadinhas muito meigas para ele não se sentir infeliz. Mas pensava para consigo, como é que acontecia aquela malha ... O dono tinha dito qualquer coisa de algum avô ou avó que devia ter sido assim , e os genes - que seria isso? - tinham saltitado para aquele bacorimho. ”
Claro que, neste momento, eu aproveito sempre para dar uma explicação muito simples do que eram os genes. Mais ou menos assim : “ os genes são umas coisinhas minúsculas, mais pequenininhas do que um pontinho de um lápis, que só se vêem com grandes microscópios e que existem no nosso sangue, na nossa pele, no coração, no cabelo ... existem em todo o nosso corpo. Por exemplo, os olhos azuis (e apontava para um dos meninos) ou os cabelos loiros ( e apontava para uma menina) podem vir do pai ... ou da mãe ... ou do avô ... ou da avó ... “ ou do vizinho ... completou um dos miúdos.
Claro que a gargalhada das professoras (eram 4 ) das auxiliares de educação , cozinheira e ajudantes (eram 5 ) e a minha foi uma daquelas gargalhadas de ir até às lágrimas. Embora não devessemos rir : o miudito tinha 5 anos.
Júlia Barros Guarda Ribeiro

NOTA - “O Malhado” , in “OS CONTOS DA MINHA AVÓ” de Júlia Guarda Ribeiro (Biló) , ilustrados. pela neta Catarina Isabel , ed. Magno, Leiria 2003, pp.33-42

Postado em 13/05/11

20 comentários:

  1. Pois claro! O vizinho era como se fosse da família ...
    Se eu me ri tanto com a saída do miúdo,posso imaginar as gargalhadas de quem a ouviu ao vivo.
    Agradeço à nossa contadora-mor a partilha deste momento de boa disposição.

    Uma moncorvense

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  2. Até eu estava a gostar de ouvir a história, de tão bem que elas estão contadas.
    Tininha

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  3. Comecei o Sábado por dar uma boa gargalhada.
    Obrigada Julinha.

    Maria Augusta

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  4. Não há dúvida , o melhor do mundo são as crianças.

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  5. às vezes o genes do melhor amigo do marido também colaboram.Drª,tem que passar uma temporada na vila ou na corredoura e recolher as estórias picarescas que estão na memória dos últimos velhos de um mundo que já não existe.
    Andam por cá uns gajos à procura de calhaus com 3.000 mil anos e deixam morrer esta gente sem reter em texto o seu conhecimento.Deixe a doutora em Leiria e venha só a nossa Júlia Biló,a grande cronista de Moncorvo.Não deixe ninguém no olvido e no silêncio.Sabe que todos estamos à sua espera.à noite no Celeiro reuniamo-nos todos aqueles que têm estórias para contar.Se dizer que sim e quando vem,nós organizamos os encontros.
    Noitibó

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  6. Mais continhos de Júlia Barros.Uma maravilha.Até a minha avó se riu ,embora eu não gostasse.

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  7. Julinha, comecei o dia com uma gargalhada. Teve mesmo muita graça. Já tinha escrito isto, porque o meu neto já me ensinou como se faz. Mas burra velha não toma andadura e o que escrevi desapareceu.

    Mando-lhe um beijinho e continue a escrever coisas que alegrem, porque a vida vai muito má.

    Maria Augusta

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  8. Lá dizia o poeta : O melhor do mundo são as crianças.

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  9. Que bom, ouvi-la.
    A sua voz colorida, viva,sagaz,magnética, que você empresta ao seu contar...dá nestas interacções.
    Abraço grande,
    JA

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  10. Obrigada aos Amigos -Tininha, Moncorvense, Anónimo - que aqui deixam uma palavra de afecto. E uma palavra muito especial para o Amigo Noitibó:
    nem imagina como a Júlia Biló gostaria de passar uns dias em Moncorvo, de preferência na Corredoura. Nem faz ideia de quanto gostaria de passar uns serões no Celeiro, ouvindo e contando estórias.
    Pode ser que se arranje qualquer coisa. Terei de esperar pelas férias de filhos e netos.
    Em todo o caso, vou deixar o meu e-mail: julia.ribeiro@gmail.com

    Um grande abraço
    Júlia

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  11. Olá, Dra. Júlia!
    Vim ver o Blogue “Farrapos de Memória”. Realmente é fantástico.
    Mesmo no blogue é um prazer estar com a senhora. Mas “ao vivo” o prazer é maior: poder ouvir os seus ensinamentos e sentir a ternura que nos transmite.
    Muito obrigada!
    Esperamos que continue a fazê-lo por muitos anos, cheia de saúde!
    Um xi-coração muito apertadinho de todos os meninos - 107 - e às vezes vêmo-nos "à rasca" (que está muito na moda...) para os controlar, mas lá vamos conseguindo... - e de todos os professores e auxiliares da EB1 de Vila de Punhe .
    Até uma próxima ocasião. Será sempre bem vinda!

    Teresa Ramos

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  12. Olá, Amigos:

    Professora Teresa, muito gosto em vê-la por aqui, muito obrigada pelas suas palavras de bem querer e pelas fotos que teve a gentileza de me enviar.
    107 crianças ( nós, transmontanos, diríamos raparigos) juntas é obra ... Mas portaram-se muito bem ! Está por trás o trabalho das professoras .

    Amigo José Albergaria:
    As suas palavras são lindas, mas inflacionadas pelo seu olhar de amigo. Retribuo o abração.

    Caríssima Maria Augusta:
    Já se entende muito bem com o computador! Parabéns. De facto, às vezes, é preciso uma graça para desopilar...

    Mas há um Anónimo que não gostou... Sabe que eu também penso que não nos devíamos ter rido ? Mas, naquele momento, foi impossível reter a gargalhada colectiva.
    Tenho a foto da carinha do pequenito: uns olhos de espanto ...

    Abraços para todos
    Júlia

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  13. Julinha, é precisa arte e ternura para uma aproximação às crianças. E uma boa história. Ingredientes que combinam bem em si. Beijo de parabéns.

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  14. Olá, Lila:

    Acabei de ler as suas palavras amigas que me deixaram muito feliz.
    Mas isto é um hobby, caríssima, portanto algo que se faz por gosto.
    A minha admiração vai para a Lila que trabalha no duro. A minha admiração e os meus parabéns.

    Retribuo o beijinho
    Júlia

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  15. ...Até a minha avó se riu ,embora eu não gostasse...
    Não gostei do sorriso malandro da minha avó,trazia água no bico.Será que a minha tia é só meia?Felizmente o meu avô já morreu e ir agora a Bragança fazer o teste do ads,só se for nas partilhas.Vou contar à minha mãe a ver quando a velha bater a bota nos toca mais graveto.E,Viva o blog.
    O tal Anónimo que afinal ficou encantado com o tema .É anti-crise.

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  16. Olá, caro Anónimo:
    Agora sou eu quem ri. Já viu as partidas que as palavras nos pregam? São mesmo traiçoeiras... Quem escreve, atribui-lhes um determinado sentido; quem lê, às vezes mete por outro caminho .

    Ora, receba lá um abraço
    Júlia

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  17. Está visto que o miúdo tinha o humor nos genes!
    Que será feito dele?

    Um abraço.

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  18. E diga-me lá minha querida Julinha uma coisita ao ouvido:
    A quem herdou esses genes de boa disposição para dar cor e vida aos nossos queridos "farrapos"?
    Beijinhos de amizade e admiração.
    I.G.

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  19. Olha a Ireninha por aqui a passear-se. Gosto muito de a ver e ainda mais quando bem disposta.
    Pois digo-lhe então ao ouvido: herdei este jeito da minha mãe que,
    apesar de a vida lhe ter sido muito madrasta, amava-a com paixão. Tal como a mim, sua filha e seu mundo.

    Um beijão e um abração
    Júlia

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  20. Boa tarde, Amigo Armando:

    O miúdo, quando um dia entender o que em tempos disse, vai partir-se a rir.

    Com que então o meu Amigo recebeu o comentário nº 10.000 ! E fui eu quem lho escreveu. Achei muita graça quando o Lelo me contou.

    Abraço
    Júlia

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