sábado, 16 de março de 2013

AS “NORIAS” SÍRIAS,por Júlia Ribeiro















Em Setembro de 2010 viajei até à Siria :  alguns lugares bíblicos, o Eufrates e algumas cidades : Damasco, a capital, a sul;  Aleppo a norte: Palmira, já no deserto;Malula, onde o aramaico (falado por Jesus) ainda se ouve…
 Entre Damasco e Aleppo visitei duas  cidades antiquíssimas : Hama e Homs,  hoje ambas  cidades-mártires.
 Situadas nas margens do Rio Orontes,  possuem uma característica muito interessante:  as gigantescas noras, tão grandes como prédios de 5 ou 6 andares que, em séculos passados , elevavam 95 litros de água por segundo . Através de aquedutos,  essa água ia abastecer cada uma das cidades. (Ver fotos).
 E porque achei esta característica tão interessante?  É que a  palavra árabe para estas enormes  noras é  “NORIAS”. E a palavra  fez-me imediatamente recordar  uma velha cortinha que existia  ao fundo da Rua das Amoreiras,entre a casa do motor  do Sr. Moura e a ribanceira do Canafechal. Essa cortinha chamava-se NORIA e  tinha uma fonte que nunca secava . mas no tempo da lagaragem do azeite ficava completamente poluída com o piche. E o proprietário do lagar não era multado, nem sequer responsabilizado.
HOJE COMO ONTEM CONINUAMOS DEMASIADO PACÍFICOS, como muito bem observam a Mª da Conceição Serra e o Orlando Félix.
Leiria,14 março 2013
Júlia Ribeiro

4 comentários:

  1. ...E andar `nória,pedindo emprestado à imaginação e ao vernáculo rural e transmontano , como que ouvindo os nossos velhotes nos tempos difíceis, sem trabalho, sem dinheiro e ,fazendo dos dias gastos as canseiras dos amanhãs iguais e contados pelas horas do sino do campanário.
    E se morria a canhona, o porco ou o burrico de lavrar horta e carregar garriços para enganar o conforto do Inverno então os vizinhos com ar de tristeza e solidária diriam:
    _ Olha o coitado do Alberto agora ainda fica mais à nória.Outros menos solidários e amigos da desgraça de vizinhos, desavindos ,ou por namoricos de filhos não queridos ou por inveja de o porco dele ser mais gordo que o do outro.
    Quem não se lembra de, na Salgueireda do Ti António Pombo,ali mesmo a confinar com a Estação de Caminho de Ferro do Carvalhal, ver o pobre burro andara à noria sob o sol abrasivo de Junho a Agosto, a tirar a água de poço de cantaria funda para que seu dono arranjasse sustento para os seus e para os animais, lá de casa regando batatais, feijoais, milheirais, tomatais,couvais e outras hortícolas...
    E o pobre burro nem água beberia! Ela era tanta a jorrar do escafandro engenhoso, feito de caldeiras entrelaçadas em correntes que subiam e desciam naquele vai-e-vem de descer até à tona da agua que depois era despejada na levada. e o ritmo do burro com suas palas a vendarem-lhes os olhos quando não era um saco de serampilheira enfiando até ás orelhas caídas.
    Se porventura, o burro sempre à noria se descuidasse e parasse um pouco na parada circular era certo e sabido que ouviria das boas de seu dono. Não bastava ser cego e suado..faziam dele mais burro do que ele era. E a sede podia aguentar como aguenta camelo do deserto.
    No fim do dia era certo que teria direito a uma bandeirola de milho se este já estivesse crescidote. Caso contrário, o melhor que poderia arranjar seriam umas silvas empoeiradas ou uns junquilhos meio torcidos da canícula para que o burro da noria pudesse lavar sua dentadura e resfolegar uns instantes para aguentar nos quadris mais uns 90 quilos de seu dono.
    Pois é: andar à noria não é apenas trabalho de burro ou de escravo! Que o digam os milhares de desempregados, velhos e novos, reformados e pensionistas que mal ganham para pão, medicamentos, pagar a água, a electricidade e o sustento diário que vá para além da sopa. Sim muitos de nós andamos à nória nestes tempos circulares, sem referências e sem futuro! E o burro sou eu! Exclamava e vociferava o Scolari do Opus Dei! Claro que não era burro nenhum o Scolari. Nem aquele Pinhal, banqueiro indignado que se sente revoltado por lhe pagarem pensões principescas e que agora se indigna por tanto ter especulado e tantos milhões ter ganho sem regar batata ou ter tirado água com a noria! Ora vamos lá terminar por hoje que ainda não é tempo de regar mas sim de cavar a horta para podermos fazer a futura sopa e colhermos bons tomates coração de boi e adubá-los com bom azeite que combate a azia dos intestinos que por vezes se contraiem de seus donos " andarem à noria" com dias pesarosos e sem esperança. E que o Tomanel de Felgar vá lá à Salgueireda e tire bela foto da nória do Ti Pombo para sabermos se era igual ou diferente daquela grande da Fábrica, prima das da Síria cujas almas e águas andam à nora em tempos de burrice e de guerras civis.

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  2. À nora fiquei eu com estes dois grandes textos.Bem hajam os dois.As noras sempre andaram à roda das sogras, os dótores na praça andavam à nora sem puxar agua e deixavam à seca os espoliados do regime.
    A canalhada de hoje só conhece as noras(nórias) da feira popular.
    Alcatruz

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  3. O texto do Artur Salgado é muitíssimo bom e penso que merece o destaque de postagem, em vez de ficar relegado como comentário. Que acha Artur? E que acha o Lelo ?

    Abraço
    Júlia

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  4. Eu que pouco fui camponeiro muito bém me lenbro da Nòria a que tu te referes Artur,abraço,Queija

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