quinta-feira, 21 de março de 2013

Da latência da vida,por Virgínia do Carmo


A vida é silenciosa vezes de mais.

Na respiração das coisas desmembramos-lhe a coragem
vezes de mais. Coamos afectos com muros

 [altos de mais]

e aplomados na cegueira da luz artificial queimamos
as vergonhas nos lábios da morte, e morremos,

[morremos demais]

na admonição leve das verdades corpóreas, na contrição
encenada das substâncias do peito.

E depois corremos com passos sem sombras nem rastos.
                                                                De coração quieto. De mãos por lavar.

                                                                E nem percebemos pelas linhas juncadas de pesos
                                                               que a vida é latente.

                                                               Vezes de mais. 


Nota do editor: O blogue Farrapos de Memória assinala o Dia Mundial da Poesia com a publicação de um poema da autoria de Virgínia do Carmo.

5 comentários:

  1. Celebremos a poesia pela mão da Virgínia.
    Celebremos a vida que hoje é dia de poetas!
    Um abraço

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  2. E muito bem assinalado ficou o Dia Mundial da Poesia com este belíssimo poema da Virgínia.
    Parabéns à poeta e

    um abraço grande
    Júlia

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  3. A qualidade a que nos habituou,quer em textos em prosa quer em poemas.Brilhante,Virgínia!Parabéns.
    Um abraço.

    Uma moncorvense

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  4. A poesia quando bem feita é a melhor forma de expressão.Se a poetisa é transmontana a passagem de testemunho está garantida.Torga pode descansar em paz.

    Leitor

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  5. Grata a todos pela generosa leitura. Um abraço!

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