sexta-feira, 8 de março de 2013

Promoção Gastronómica - Oeiras


2 comentários:

  1. Os Suínos de Raça Bísara e o Fumeiro Regional
    Qual a importância da criação de suínos e do fumeiro regional no nordeste transmontano?
    Ao nível da produção pecuária de Trás-os-Montes, a criação de suínos é a que se encontra mais difundida, envolvendo um maior número de agricultores. O fumeiro regional, característico da gastronomia transmontana, tem vindo a revelar-se como um complemento importante ao rendimento económico dos agricultores.

    Qual o principal evento organizado na Terra Fria Transmontana para a promoção do fumeiro regional?

    A Feira do Fumeiro de Vinhais, é um evento annual iniciado no ano de 1981, tem um papel importante não só como forma de promover a salsicharia tradicional transmontana, mas inclusivamente, ao dar uma maior visibilidade e notoriedade à gastronomia local, constitui um evento com uma forte componente de promoção turística.

    Uma das vantagens desta feira é a possibilidade dada aos produtores artesanais de vender o seu fumeiro particular, gerando assim uma mais valia complementar ao seu rendimento agrícola. Para a Feira de 2002 inscreveram-se 180 produtores artesanais com mais de 600 porcos registados como fonte de matéria prima para o fumeiro, tendo as vendas rondado cerca de 50 toneladas de fumeiro, das quais aproximadamente 4 toneladas do salpicão de vinhais.

    Quais os principais problemas que se colocam para a salvaguarda da qualidade do fumeiro regional?

    A raça dos suínos (raça Bísara, a raça autóctone da região) e a sua alimentação tradicional são os factores determinantes da boa qualidade do fumeiro. Neste sentido, a recente introdução em Trás-os-Montes de raças de carne mais magra e de crescimento precoce, tem consequentemente efeitos evidentes no decréscimo de qualidade do fumeiro regional, nomeadamente: surgimento de alterações depreciativas, perda de características sensitivas, deficiente ligação das massas e menor capacidade de conservação.

    Qual o papel do associativismo na dinamização da produção do fumeiro?

    Em 1994 surgiu em Vinhais a Associação Nacional de Criadores de Suínos de Raça Bísara (ANCSUB), com o objectivo de melhorar a qualidade, proteger e certificar os enchidos regionais. Esta associação tem um total de mais de 200 associados pertencentes aos concelhos dos distritos de Bragança e vila Real, todavia a maioria das explorações concentra-se no concelho de Vinhais.Esta associação desenvolveu esforços no sentido de organizar os produtores de suínos de raça Bísara, que é uma das duas únicas raças autóctones existentes em Portugal (para além da raça suína Alentejana), e que se encontrava em processo de extinção por efeitos decorrentes da pressão genética das raças precoces.

    A ANCSUB tem quatro grandes objectivos. Promover e dinamizar a criação de suínos de raça bísara, aumentando o nível técnico e o rendimento económico dos criadores associados. Melhorar o potencial genético da raça através do desenvolvimento da investigação, divulgação de conhecimento e da gestão do registo Zootécnico. Caracterizar e proteger o fumeiro regional. Contribuir para a dinamização do escoamento dos animais e produtos derivados desta raça.

    Qual o número de pocilgas e de porcas reprodutoras de suínos de raça Bísara, e em que local da Terra Fria Transmontana estão mais localizadas?

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  2. om o impulso da ANCSUB e beneficiando de financiamento comunitário foram apresentados, de 1995 a 2001, 101 projectos de pocilgas para suínos de raça Bísara, sendo que 86 são produtores do concelho de Vinhais. Estes incentivos oficiais permitiram um crescimento significativo da raça Bísara (um património genético da região), tendo-se evoluído de 111 reprodutoras inscritas em 1995 para 634 reprodutoras em 2001 (um crescimento de cerca de 470%).

    Qual a importância da certificação do fumeiro regional?

    A certificação de produtos tradicionais é um garante da sua autenticidade, contribuindo decisivamente para uma estratégia de desenvolvimento local alicerçada na projecção e valorização dos seus recursos endógenos.
    A certificação do fumeiro regional de Trás-os-Montes é um garante da autenticidade da carne, que tem de ser obrigatoriamente de porco Bísaro ou do cruzamento desta espécie.

    Em Trás-os-Montes os produtos de salsicharia que se encontram com protecção comunitária e certificados como Indicação Geográfica Protegida são: Salpicão de Vinhais, Chouriça de Carne ou Linguiça de Vinhais e o Presunto de Barroso. Certificada como Especialidade Tradicional Garantida encontra-se a Alheira de Mirandela.

    Perspectiva-se para curto prazo novas certificação de outros produtos tradicionais de salsicharia como Indicação Geográfica Protegida, nomeadamente o Presunto Bísaro de Vinhais e o Chouriço de Abóbora de Barroso.

    Qual o número de matadouros no nordeste transmontano e onde estão localizados?

    Para além dos matadouros existentes em Miranda do Douro, Cachão-Mirandela e Barracão-Montalegre, surgiram recentemente dois novos matadouros na Terra Fria Transmontana, um em Vinhais e outro em Bragança, que vieram permitir uma melhor distribuição da rede de abate regional, aproximando-a do local de produção dos animais.

    Como se encontra difundida a rede de unidades industriais de fabrico de fumeiro certificado?

    Actualmente e apenas nos municípios de Vinhais e Bragança existem 5 unidades de fabrico de fumeiro certificado, com licenciamento industrial. Estas unidades têm ainda potencial de crescimento e algumas delas terão de se adaptar para a produção de presunto.

    De que modo os pequenos produtores artesanais poderão produzir e comercializar legalmente o seu fumeiro?

    Segundo a legislação de 1999 dos estabelecimentos de venda directa, encontra-se em desenvolvimento o projecto das Cozinhas Tradicionais de Fumeiro, onde não mais de três trabalhadores podem transformar 3.000 Kg de matéria prima por ano , cerca de 20 porcos Bísaros, sendo a comercialização desta produção apenas permitida nas cozinhas ou em feiras e mercados, num raio de acção de 40Km.

    Actualmente estão a ser implementadas 35 cozinhas de fumeiro com as devidas condições higieno-sanitárias (tendo beneficiado de um financiamento de 50% do investimento), o que leva a prever, num cenário de máxima produção, 105 postos de trabalho responsáveis pela transformação de 105 toneladas de matéria prima (cerca de 700 porcos Bísaros).

    Deste modo, os pequenos produtores artesanais, para além da comercialização que conseguem através da sua participação nas Feiras do Fumeiro, conseguirão um novo canal de comercialização para reter localmente algum valor acrescentado associado ao fumeiro regional transmontano.

    Qual o valor anual referente à produção do fumeiro regional?

    Considerando apenas o Salpicão de Vinhais e a Linguiça de Vinhais, e de acordo com a produção e os preços de 2000, estima-se uma produção total na ordem dos 160 mil euros.
    http://www.rotaterrafria.com/pagegen.asp?SYS_PAGE_ID=848055

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