quarta-feira, 27 de março de 2013

Ainda há ladrões honestos,por Júlia Ribeiro


Há uns dias, numa tarde bonita, de sol e escassas nuvens, uma colega e eu fomos às compras ao Supermercado: iogurtes, fruta, pão, umas fatias de fiambre e um queijinho fresco. Era, mais ou menos, o que cada uma de nós trazia.
A minha amiga Inês passara antes pela farmácia para aviar uma receita dos medicamentos para o mês em curso. É que agora já tomamos determinados remédios (para hipertensão, colesterol elevado, etc,) que serão ad aeternum. Meteu o saquito dos medicamentos junto com as compras feitas no Super.
À saída do shopping chovia se Deus a dava. Nenhuma de nós havia levado guarda-chuva. Mas, por sorte, ali mesmo à mão de semear, estava uma loja chinesa. Fomos comprar um guarda-chuva. Eu escolhi-o e a  minha colega preparou-se para o pagar:pousou o saco das compras,  abriu a carteira, tirou o porta-moedas e pagou os "quatloeulos" ao chinês. Entretanto, eu abrira e fechara o chapéu de chuva. Funcionava. Saímos, demos talvez  uma dúzia de passos, quando a Inês disse: “Esqueci-me do saco das compras”. Voltámos atrás, mas nada de saco. Desaparecera,  evaporara.
Ela só dizia:“Não me importo do fiambre nem do resto. Mas os medicamentos … 50 euros pr’a juntar aos cortes que esses gatunos nos fizeram… é demais . E os remédios não vão servir a mais ninguém” . Eu refilava também,  só que nem refilanços nem  lamúrias  serviram de nada.
Fomos para casa. Mas, pelo sim e pelo não, eram aí umas 7 horas da tarde,  decidimos voltar  à loja chinesa. Mal entrámos, o chinês, todo sorridente, levantou o saco dizendo: ”Uma lapaliguinhatlazêl  teu saco”. 
Escusado será dizer que ficámos contentes e nos arrependemos de ter chamado gatunos e ladrões. Mas quando abrimos o saco verificámos que só os remédios tinham sido devolvidos.
O ladrão tinha fome e fora honesto. Devolveu os medicamentos,
Obrigada, Sr. Ladrão.

Viana-do-Castelo, 25.03.2013
Júlia Ribeiro 

12 comentários:

  1. Um ladrão honesto ! è porque não era do governo ......

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  2. Segundo uma informação da lusa, o ministro Relvas não está envolvido neste caso, pelo que como em todos os outros não pode ser constituído arguido.
    Por essas banda ainda não há venda de medicamentos em segunda mão...lá vamos ,lá vamos.
    Noitibó
    Para algum interessado;tenho uma colecção de ventosas em bom estado,dois clisteres e papas de linhaça liofilizadas.

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  3. O chinês ainda não aprendeu a roubar .Trabalha demasiado para ter tempo de ler as primeiras páginas do correia da manha.
    N.

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  4. Como se diz na opera:BRAVO!

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  5. Sermão do Bom Ladrão, de Pe. Antônio Vieira

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    O Sermão do Bom Ladrão, foi escrito em 1655, pelo Padre Antônio Vieira. Ele proferiu este sermão na Igreja da Misericórdia de Lisboa (Conceição Velha), perante D. João IV e sua corte. Lá também estavam os maiores dignitários do reino, juízes, ministros e conselheiros.

    Observa-se que em num lance profético que mostra o seu profundo entendimento sobre os problemas do Brasil – ele ataca e critica aqueles que se valiam da máquina pública para enriquecer ilicitamente. Denuncia escândalos no governo, riquezas ilícitas, venalidades de gestões fraudulentas e, indignado, a desproporcionalidade das punições, com a exceção óbvia dos mandatários do século 17.

    Vieira usou o púlpito como arauto das aspirações públicas, à guisa de uma imprensa ou de uma tribuna política. Embora estivesse na Igreja da Misericórdia, disse ser a Capela Real e não aquela Igreja o local que mais se ajustava a seu discurso, porque iria falar de assuntos pertinentes à sua Majestade e não à piedade.

    O padre adverte aos reis quanto ao pecado da corrupção passiva/ativa, pela cumplicidade do silêncio permissivo. O sermão apresenta uma visão crítica sobre o comportamento imoral da nobreza, da época.

    Eis alguns fragmentos:

    Levarem os reis consigo ao paraíso os ladrões, não só não é companhia indecente, mas ação tão gloriosa e verdadeiramente real, que com ela coroou e provou o mesmo Cristo a verdade do seu reinado, tanto que admitiu na cruz o título de rei.
    Mas o que vemos praticar em todos os reinos do mundo é, em vez de os reis levaram consigo os ladrões ao paraíso, os ladrões são os que levam consigo os reis ao inferno.

    Esta pequena introdução serviu para que Vieira manejasse os seus dardos contra aquele auditório repleto pela nobreza. E continuou enfático:

    A salvação não pode entrar sem se perdoar o pecado, e o pecado não se perdoa sem se restituir o roubado: Non dimittitur peccatum nisi restituatur ablatum.

    Suposta esta primeira verdade, certa e infalível; a segunda verdade é a restituição do alheio sob pena de salvação, não só obrigando aos súditos e particulares, senão também aos cetros e as coroas. Cuidam ou deveriam cuidar alguns príncipes, que assim como são superiores a todos, assim são senhores de tudo; e é engano. A lei da restituição é lei natural e lei divina. Enquanto lei natural obriga aos reis, porque a natureza fez iguais a todos; enquanto lei divina também os obriga; porque Deus, que os fez maiores que os outros, é maior que eles.

    Estribado no pensamento filosófico de Santo Tomás de Aquino, de que os príncipes são obrigados a devolver o que tiram de seus súditos, sem ser para a preservação do bem da coletividade, lembrou Vieira terem sido punidos com o cativeiro dos assírios e dos babilônios os reinos de Israel e Judá, porquanto os seus príncipes, em vez de tomarem conta do povo como pastores roubavam o povo como lobos: "Principes ejus in medio illius, quasi lupi rapientes praedam” (Ezech. XXII, 27).

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  6. Sermão do Bom Ladrão, por Pe. Antonio Vieira
    Pe. Antônio Vieira

    (...) O que eu posso acrescentar pela experiência que tenho é que não só do Cabo da Boa Esperança para lá, mas também da parte de aquém, se usa igualmente a mesma conjugação.

    Conjugam por todos os modos o verbo rapio, não falando em outros novos e esquisitos, que não conhecem Donato nem Despautério (a).

    Tanto que lá chegam começam a furtar pelo modo indicativo, porque a primeira informação que pedem aos práticos, é que lhes apontem e mostrem os caminhos por onde podem abarcar tudo.

    Furtam pelo modo imperativo, porque, como têm o misto e mero império, todo ele aplicam despoticamente às execuções da rapina.

    Furtam pelo modo mandativo, porque aceitam quanto lhes mandam; e para que mandem todos, os que não mandam não são aceitos.

    Furtam pelo modo optativo, porque desejam quanto lhes parece bem; e gabando as coisas desejadas aos donos delas por cortesia, sem vontade as fazem suas.

    Furtam pelo modo conjuntivo, porque ajuntam o seu pouco cabedal com o daqueles que manejam muito; e basta só que ajuntem a sua graça, para serem, quando menos, meeiros na ganância.

    Furtam pelo modo permissivo, porque permitem que outros furtem, e estes compram as permissões.

    Furtam pelo modo infinito, porque não tem fim o furtar com o fim do governo, e sempre lá deixam raízes, em que se vão continuando os furtos.

    Estes mesmos modos conjugam por todas as pessoas; porque a primeira pessoa do verbo é a sua, as segundas os seus criados e as terceiras quantas para isso têm indústria e consciência.

    Furtam juntamente por todos os tempos, porque o presente (que é o seu tempo) colhem quanto dá de si o triênio; e para incluírem no presente o pretérito e o futuro, de pretérito desenterram crimes, de que vendem perdões e dívidas esquecidas, de que as pagam inteiramente; e do futuro empenham as rendas, e antecipam os contratos, com que tudo o caído e não caído lhes vem a cair nas mãos.

    Finalmente nos mesmos tempos não lhes escapam os imperfeitos, perfeitos, plusquam perfeitos, e quaisquer outros, porque furtam, furtavam, furtaram, furtariam e haveriam de furtar mais, se mais houvesse.

    Em suma, o resumo de toda esta rapante conjugação vem a ser o supino do mesmo verbo: a furtar, para furtar.

    E quando eles têm conjugado assim toda a voz ativa, e as miseráveis províncias suportado toda a passiva, eles, como se tiveram feito grandes serviços, tornam carregados e ricos: e elas ficam roubadas e consumidas...

    Assim se tiram da Índia quinhentos mil cruzados, da Angola, duzentos, do Brasil, trezentos, e até do pobre Maranhão, mais do que vale todo ele.



    Padre Antonio Vieira, sacerdote jesuíta, professor de retórica, pregador, confessor, embaixador e escritor português. Trecho do Sermão do Bom Ladrão, escrito em 1655. Proferido na Igreja da Misericórdia de Lisboa (Conceição Velha), perante D. João IV e sua corte. O retrato que apresenta o autor é de Cândido Portinari.

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  7. Padre António Vieira , jesuíta, perseguido pela santa inquisição.Papa Francisco , jesuíta,perseguido pela cúria romana.Há ladrões no Vaticano e não são bons ladrões.O Papa jesuíta leu o nosso Padre António Vieira.-

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  8. E aquele primeiro ministro, que hoje vai à RTP, que roubava ao rico povo para entregar aos senhores das PPS(pobres,pedintes,sedentos).

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  9. Dizem os muçulmanos reza a Alá mas não tires os olhos do camelo.
    Um olho no burro outro no cigano,dizem na feira dos Gorazes.

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  10. PARA LER :
    Provérbios sobre Ladrão

    "Ladrão não rouba ladrão."

    "Não há ladrão sem encobridor."

    "A ladrão de casa não há chave."

    "Onde está o ladrão, está o roubo."

    "Ladrão de tostão, ladrão de milhão."

    "Quem encobre ladrão é ladrão e meio."

    "Em casa de ladrão, não fales de forca."

    "Ladrão endinheirado não morre enforcado."

    "O ladrão, da agulha ao ouro, e do ouro à forca."

    "Ladrão que rouba ladrão tem cem anos de perdão."

    "Ladrão que não é apanhado, passa por homem honrado."

    "Tanto é ladrão o que vai à vinha como o que fica à porta."

    "Ladrão que anda com frade, ou o frade será ladrão, ou o ladrão frade."

    "Ladrão que furta a ladrão ganha cem dias de perdão."

    "Tão ladrão é o que vai à horta como o que fica à porta."

    "Quem engana ao ladrão, cem dias ganha de perdão."

    "Ladrão de agulheta, asinha sobe à barjuleta."

    "Não escapa de ladrão o que se paga por sua mão."

    "Em casa de ladrão não se fala de corda."

    "Depois do ladrão coloca-se a tranca."

    "Ladrão que rouba pobre, só leva susto."

    "Brigam os ladrões, descobrem-se os furtos."

    "O grande ladrão começa pelos dedais."

    "É bom ladrão quem rouba a ladrão."

    "O ladrão julga pelo seu mau coração."

    "Quem quer o filho ladrão, tira-lhe o pão."

    "Tão ladrão é o que rouba como o que consente."

    "De ladrão de casa ninguém se livra."

    "Não há ladrão sem consentidor."

    "A ladrão de casa nada se esconde."

    "Acha o ladrão que todos o são."

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  11. Neste momento o ladrão-mor está na RTP a tentar impingir-nos mais petas.

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  12. Até apostava que o ladrão-mor era o Sr."engeheiro"....

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