dos nós em que nos damos, Virgínia do Carmo
Passou o tempo em que o susto de nos continuarmos,
trespassados
um pelo outro, nos foi um enxame de âncoras,
agitando-nos. Passou
o tempo em que a estranheza nos empurrou para o
cais do silêncio
onde recolhemos em gaiolas de água os pássaros que
haveríamos de ser.
Agora
temos asas que rasgam oceanos. E temos guelras
para respirar as estrelas.
Perdemos o ponto preciso onde as tuas mãos começam
e as minhas
terminam. Perdemos o toque da linha onde a nossa
pele se divide.
E temos um mastro de sílabas que nos dizem numa
palavra única. Um vocábulo
que nos mistura na síntese perfeita de todas as
coisas que não têm nome.
E perdemos aquele vazio de procurar significados.
Esse chão de secas raízes.
http://olugardossentidos.blogspot.pt/
Maria Fernanda escreveu: "Que bonito poema!..."
ResponderEliminarE perdemos aquele vazio de procurar significados.
ResponderEliminarPodia ser o meu epitáfio.Senti que podia ser escrito por mim.Sinto o que escreveu como meu.Entrou no sangue...não sei escrever.Bem-haja.
Alberto G.
Muito grata por ter lido com a alma inteira.
EliminarUm abraço,
Virgínia
Grata por ter lido com a alma inteira.
EliminarUm abraço,
Virgínia
Apesar do tom sombrio em que cada verso é um punho, sentimos que cada punho é uma asa. Apesar do "cais de silêncio", a poeta voa, é livre em todos os elementos.
ResponderEliminarSabe que perde "aquele vazio de procurar significados", e também sabe que irá encontrar a "palavra única" para o indizível.
Um grande abraço, Virgínia. Conseguiu comover-me.
Júlia
Júlia, obrigada pela leitura e pela forma generosa como aceitou que as palavras ecoassem em si.
EliminarUm beijinho enorme de gratidão e amizade.
Virgínia
Bonito poema e bonitos os comentários.
ResponderEliminarEsperemos que esse chão de secas raízes se revigore de seiva e de esperança.
A.A.