Corredoura, rossio de terra batida,tal como muitos dos seus naturais e visitantes, em dia de Feira com batimentos cardíacos expectantes quanto ao negócio ou outros inerentes aos impulsos dos taninos vínicolas. Em tempos de Távoras,a fumegar nos palanques da Inquisição,consequência de desencontros reais com esbelta familiar dos senhores de Mirandela e de quase Trás-os Montes,as " cordoarias" feitas de cânhamo da Vilariça e arredores davam bulício desmedido aos moncorvenses de pardieiros da segunda metade do século XVIII. Gados,olarias,carvões,amêndoas e outros produtos ligados a sedas e cambraias,de enfeitar senhoras aristocratas, passearam-se pelas centenárias feiras da Corredoura. Homens de varapaus, de socos e outros descalços,os pata-ao-léu,certamente que zurziram raios e coriscos pelas veredas das aldeias confinantes com a Corredoura,então cento de negócios da aristocrata vila altaneira,a fim de aqui poderem arrecadar pecúlio que muito dele iria engordar tributos camarários,reais-de-agúa, côngruas,dízimas conventuais e outras banalidades consuetudinárias e conventuais. Comandando rebanhos, manadas de bois e recos em finais de Outono,muitos enganaram seus sonos com surrões em forma de travesseiro e outros encostaram seus corpos em giestas e ervas de caminhos poeirentos ou enlameados. Se descessem do Alto da Cotovia,vindos de Felgueiras ou de outras aldeias de por de trás do Reboredo enganariam a fome com amoras empoeiradas se fosse pelo S.João,bebericando por alturas do Medal.Colheriam saborosos medronhos outoniços na companhia a castanhas de cair na borda do caminho. Nas tavernas da vila acotovelavam-se para beber uns copos servidos em latão ou caneca de barro acompanhados de toucinho rançoso e de algum bocado de cebola e de pão meio bolorento. Enquanto patrões regateavam e inspeccionavam dente de besta muar,suas mulheres espreitavam chitas e tarecos de madeira para adornar cozinha/sala de estar para assentar algum santinho ou candeia de azeite,acompanhada de rendinhas de linho feita. A garotada dos subúrbios da Vila e cujo mundo era a Corredoura,deslumbrados com tanta azáfama,faziam intervalo de conquistar ninhos e de catar canafrecha para fazer de manípulo de carrinho de pau,e espreitavam cerejas de Resende e rebuçados da régua ou regueifa alva que tivesse desaguado na Foz do Sabor...Ao desfazer de feira,em tempos anteriores a "Almeidas" de varrer com vassouras de piorneira ou de azevinho, ainda se praguejava que na próxima é que as pagava com uma de marmeleiro ou de lodão, torneada pela palaçoulo nos vagares de santeiro e de fogo de silvas secas e de restos de oliveira..
A minha Corredoura! Que tão claramente revi nas velhas fotos e ainda mais nitidamente revivi através do texto de Artur Salgado. Um texto cheio de movimento, sons e cores e até cheiros e sabores. Espelhando as pequenas grandezas e as grandes misérias das gentes laboriosas da Corredoura. Em suma: um grande texto, cheio de vida. Pela minha parte, estou muito grata ao Lelo e ao Artur Salgado.
Talvez seja a altura de postar o "Roteiro da Corredoura". Que dizeis? Vou dar-lhe uns retoques e enviar.
Lucinda Bonifacio escreveu:
ResponderEliminarA minha corredoura !
Magnífica panorâmica temporal, humana e espacial sobre Torre de Moncorvo e a Corredoura.
ResponderEliminarUm abraço, Leonel e parabéns.
josé ricardo
Corredoura, rossio de terra batida,tal como muitos dos seus naturais e visitantes, em dia de Feira com batimentos cardíacos expectantes quanto ao negócio ou outros inerentes aos impulsos dos taninos vínicolas.
ResponderEliminarEm tempos de Távoras,a fumegar nos palanques da Inquisição,consequência de desencontros reais com esbelta familiar dos senhores de Mirandela e de quase Trás-os Montes,as " cordoarias" feitas de cânhamo da Vilariça e arredores davam bulício desmedido aos moncorvenses de pardieiros da segunda metade do século XVIII.
Gados,olarias,carvões,amêndoas e outros produtos ligados a sedas e cambraias,de enfeitar senhoras aristocratas, passearam-se pelas centenárias feiras da Corredoura.
Homens de varapaus, de socos e outros descalços,os pata-ao-léu,certamente que zurziram raios e coriscos pelas veredas das aldeias confinantes com a Corredoura,então cento de negócios da aristocrata vila altaneira,a fim de aqui poderem arrecadar pecúlio que muito dele iria engordar tributos camarários,reais-de-agúa, côngruas,dízimas conventuais e outras banalidades consuetudinárias e conventuais.
Comandando rebanhos, manadas de bois e recos em finais de Outono,muitos enganaram seus sonos com surrões em forma de travesseiro e outros encostaram seus corpos em giestas e ervas de caminhos poeirentos ou enlameados.
Se descessem do Alto da Cotovia,vindos de Felgueiras ou de outras aldeias de por de trás do Reboredo enganariam a fome com amoras empoeiradas se fosse pelo S.João,bebericando por alturas do Medal.Colheriam saborosos medronhos outoniços na companhia a castanhas
de cair na borda do caminho.
Nas tavernas da vila acotovelavam-se para beber uns copos servidos em latão ou caneca de barro acompanhados de toucinho rançoso e de algum bocado de cebola e de pão meio bolorento.
Enquanto patrões regateavam e inspeccionavam dente de besta muar,suas mulheres espreitavam chitas e tarecos de madeira para adornar cozinha/sala de estar para assentar algum santinho ou candeia de azeite,acompanhada de rendinhas de linho feita.
A garotada dos subúrbios da Vila e cujo mundo era a Corredoura,deslumbrados com tanta azáfama,faziam intervalo de conquistar ninhos e de catar canafrecha para fazer de manípulo de carrinho de pau,e espreitavam cerejas de Resende e rebuçados da régua ou regueifa alva que tivesse desaguado na Foz do Sabor...Ao desfazer de feira,em tempos anteriores a "Almeidas" de varrer com vassouras de piorneira ou de azevinho, ainda se praguejava que na próxima é que as pagava com uma de marmeleiro ou de lodão, torneada pela palaçoulo nos vagares de santeiro e de fogo de silvas secas e de restos de oliveira..
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ResponderEliminare viver!!! <3 a minha Corredoura, sem dúvida um dos bairros históricos de Torre de Moncorvo! Aí cresci e aí me fiz homem! OBRIGADO!
A minha Corredoura! Que tão claramente revi nas velhas fotos e ainda mais nitidamente revivi através do texto de Artur Salgado.
ResponderEliminarUm texto cheio de movimento, sons e cores e até cheiros e sabores. Espelhando as pequenas grandezas e as grandes misérias das gentes laboriosas da Corredoura. Em suma: um grande texto, cheio de vida.
Pela minha parte, estou muito grata ao Lelo e ao Artur Salgado.
Talvez seja a altura de postar o "Roteiro da Corredoura". Que dizeis? Vou dar-lhe uns retoques e enviar.
Abraços
Júlia Ribeiro
Era um um deserto, agora esta uma cidade, mas gosto, esta tudo tão diferente,
ResponderEliminarcomo gostava de ai voltar, saudades, tantas meu Deus...
era onde se faziam as feiras do gado e não só
ResponderEliminarComo a Corredoura tem mudado ! Quando digo "a minha Corredoura" estou a falar de saudades...
ResponderEliminarJúlia Ribeiro