Foto:Lb |
No solar dos Vasconcelos (
será que o nome leva mais um l?) , as telhas da primeira fila são novas, para
esconder as outras em ruínas e cheias de ervas.
Será esta a imagem do telhado
de um solar a imagem de Moncorvo?
Um natural de Moncorvo quando
morreu tinha zero euros na conta bancária, mas tinha trinta e sete belos fatos
no armário.
Será esta a política
sócio-económica de Moncorvo?
Conta-se – e é do meu tempo –
que preclaros cidadãos vinham passear para a Praça (ainda não estava reposto o
chafariz felipino), após jantar, palitando os dentes incomodados com os minúsculos pedaços de um
suculento bife, mas que não passavam de restos de um caldo de couves.
Será este o comportamento
alimentar, saudável e dietético, diga-se, de Moncorvo?
Em Moncorvo, em todo o seu
esplendor, a aparência é um valor a que
tem de se dar sempre a máxima importância. É o retrato fiel deste país, honra
lhe seja feita.
RegrEça que tens cá
lugar.
Ai! Camões, Camões, que
apagada e vil tristeza!
Rogério Rodrigues
Havia os madrugadores ,antes de subirem as escadas do castelo e as do tribunal,davam a sua volta na praça palitando o café que era cevada.Ainda hoje somos conhecidos pelos paliteiros. Couves,azedas,vagens de feijão pequeno eram os sportinguistas:andavam sempre com uma bandeira verde na boca.O palito era o mastro.Gravata e palmilhas de cartão a tapar o buraco do sapato.Salas com piano e retretes nos baixos com uma cortina de serapilheira. Comiam chicharro(às vezes)e arrotavam postas de pescada.Com o quinto ano do liceu - nono ano - eram dótores. Iam para África e vinham de férias de 4 em 4 anos.Carro novo,jantaradas,termas,tainas e os outros 4 anos a pagar o empréstimo ao banco.Outros iam a salto para França e faziam casas com instalação eléctrica e casa de banho em aldeias sem electricidade e saneamento.Agora vão ao centro emprego registarem-se e aos correios levantar o rendimento mínimo com o smartphone ligado."A minha filha só usa roupa de marca"...e a rotunda da minha terra ?!O meu filho vai pó islão 3 meses ,ganha uma pipa de massa,para comprar o todo terreno e uma moto4.Óbiste!
ResponderEliminarNoitibó
Como dizia o Eça, nada muda nesta terra. ahahahaha
ResponderEliminarJJ
Esses tiques moncorvenses, tão bem caçados pelo Rogério, espelham um Moncorvo "do parecer em vez do ser" que ainda vai perdurando, mas tende a acabar como acabaram os passeios baléticos na praça. Aliás, se não fossem caricatos e denunciadores de facetas pouco abonatórias dos nossos conhecidos "dótores" e seus seguidores (só dótores éramos catorze), seriam delirantes.
ResponderEliminarConcordo que, hoje, Eça tem cá lugar, e não só em Moncorvo, mas no país inteiro.
Um abração
Júlia
(só dótores éramos catorze)não era o Machadinho,mais conhecido pelo pardal sem rabo?Dono da capela que fica atrás dos correios, mandou-a restaurar,pintar,pelo César Carancas que era trolha.Um especialista,diziam.
ResponderEliminarGostava de dizer duas ou tres coisas dos tempos de hoje,a vaidade ,arrogância,prepotência :os dótores de hoje como então lhe chamavam.Calo-me ,estamos em fim de ciclo em plena campanha eleitoral.Entro em cena em Outubro dizendo o que me vai na alma,sem interferir ,como quem fala de um passado distante,como aqui é evocado pelo autor.Lembram-se do Constantino Florista e de exposto a 21 apelido.Os novos Dótores,será a minha visão dos últimos 30 anos.Nada mudou debaixo do céu de Moncorvo.
ResponderEliminaro texto e a foto mexem com os que cá vivemos estes tempos.
E.G.
Cá para mim ,..receberam dinheiro do estado para restaurar todo o telhado e só arranjaram o beiral.. " e esta , hem?"
ResponderEliminarque apagada e vil tristeza!E o Quim Barreiros?que barulhenta e vil tristeza!
ResponderEliminar13.08.1850 – Constantino o Rei dos Florista visita a sua terra natal após 28 anos de ausência. Nas felicitações oficiais transcritas em acta, a câmara pretende “expressar ao nosso ilustre hóspede o prazer que em todos os habitantes advira por terem a glória de contar como patrício e como vizinho o primeiro homem do mundo, glória que com certeza não teve até hoje povoação alguma”.
ResponderEliminarsenhor Rogério,vem nos farrapos de hoje.Isto é que era uma malta.Mudam-se os tempos e moncorvo marca passo.Nem Camões acerta.
O “princípio da incerteza” de Heisenberg — diz-nos, em traço grosso, que existem sempre dois modos complementares de “construir” a realidade. Se observarmos a realidade de um desses modos, o outro torna-se indefinido.
ResponderEliminar“O limite imposto pelo princípio da incerteza não depende da maneira pela qual você tenta medir a posição ou velocidade da partícula, nem do tipo de partícula. O princípio da incerteza de Heisenberg é uma propriedade fundamental, inescapável, do mundo, e teve profundas implicações na maneira como vemos o mundo”. (Stephen Hawking – Uma nova historia do tempo – pg. 95, 96)
bird,
CAMILO CASTELO BRANCO
ResponderEliminarAmigos, cento e dez ou talvez mais,
eu já contei. Vaidades que sentia:
supus que sobre a Terra não havia
mais ditoso mortal entre os mortais.
Amigos, cento e dez, tão serviçais,
tão zelosos das leis da cortesia
que já farto de os ver me escapulia
às suas curvaturas vertebrais.
Um dia adoeci profundamente,
ceguei. Dos cento e dez houve um somente
que não desfez os laços quase rotos.
- Que vamos nós (diziam) lá fazer ?
Se ele está cego, não nos pode ver.
Que cento e nove impávidos marotos!
... e mexiam e remexia os bolsos, tilintando os pregos, fazendo-os passar por "patacos"
ResponderEliminarFernanda Rebordão Fidalgo Santos escreveu: Bem viva na minha memória.
ResponderEliminarFoi o Sr Veiga, já falecido, que deixou a casa naquele triste estado. Quem reparou o beiral foi a minha sogra, dona da casa. O estado desta casa e de muitas outras pelo país fora, decorre da anterior lei das rendas e da impossibilidade de se dedpejar os inquilinos.
ResponderEliminarFoi o Sr Veiga, já falecido, que deixou a casa naquele triste estado. Quem reparou o beiral foi a minha sogra, dona da casa. O estado desta casa e de muitas outras pelo país fora, decorre da anterior lei das rendas e da impossibilidade de se dedpejar os inquilinos.
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