domingo, 11 de agosto de 2013

Moncorvo em todo o seu esplendor, por Rogério Rodrigues

Foto:Lb
No solar dos Vasconcelos ( será que o nome leva mais um l?) , as telhas da primeira fila são novas, para esconder as outras em ruínas e cheias de ervas.
Será esta a imagem do telhado de um solar a imagem de Moncorvo?
Um natural de Moncorvo quando morreu tinha zero euros na conta bancária, mas tinha trinta e sete belos fatos no armário.
Será esta a política sócio-económica de Moncorvo?
Conta-se – e é do meu tempo – que preclaros cidadãos vinham passear para a Praça (ainda não estava reposto o chafariz felipino), após jantar, palitando os dentes  incomodados com os minúsculos pedaços de um suculento bife, mas que não passavam de restos de um caldo de couves.
Será este o comportamento alimentar, saudável e dietético, diga-se, de Moncorvo?
Em Moncorvo, em todo o seu esplendor,  a aparência é um valor a que tem de se dar sempre a máxima importância. É o retrato fiel deste país, honra lhe seja feita.
RegrEça que tens cá lugar.

Ai! Camões, Camões, que apagada e vil tristeza!

Rogério Rodrigues 

14 comentários:

  1. Havia os madrugadores ,antes de subirem as escadas do castelo e as do tribunal,davam a sua volta na praça palitando o café que era cevada.Ainda hoje somos conhecidos pelos paliteiros. Couves,azedas,vagens de feijão pequeno eram os sportinguistas:andavam sempre com uma bandeira verde na boca.O palito era o mastro.Gravata e palmilhas de cartão a tapar o buraco do sapato.Salas com piano e retretes nos baixos com uma cortina de serapilheira. Comiam chicharro(às vezes)e arrotavam postas de pescada.Com o quinto ano do liceu - nono ano - eram dótores. Iam para África e vinham de férias de 4 em 4 anos.Carro novo,jantaradas,termas,tainas e os outros 4 anos a pagar o empréstimo ao banco.Outros iam a salto para França e faziam casas com instalação eléctrica e casa de banho em aldeias sem electricidade e saneamento.Agora vão ao centro emprego registarem-se e aos correios levantar o rendimento mínimo com o smartphone ligado."A minha filha só usa roupa de marca"...e a rotunda da minha terra ?!O meu filho vai pó islão 3 meses ,ganha uma pipa de massa,para comprar o todo terreno e uma moto4.Óbiste!
    Noitibó

    ResponderEliminar
  2. Como dizia o Eça, nada muda nesta terra. ahahahaha
    JJ

    ResponderEliminar
  3. Esses tiques moncorvenses, tão bem caçados pelo Rogério, espelham um Moncorvo "do parecer em vez do ser" que ainda vai perdurando, mas tende a acabar como acabaram os passeios baléticos na praça. Aliás, se não fossem caricatos e denunciadores de facetas pouco abonatórias dos nossos conhecidos "dótores" e seus seguidores (só dótores éramos catorze), seriam delirantes.
    Concordo que, hoje, Eça tem cá lugar, e não só em Moncorvo, mas no país inteiro.

    Um abração
    Júlia

    ResponderEliminar
  4. (só dótores éramos catorze)não era o Machadinho,mais conhecido pelo pardal sem rabo?Dono da capela que fica atrás dos correios, mandou-a restaurar,pintar,pelo César Carancas que era trolha.Um especialista,diziam.

    ResponderEliminar
  5. Gostava de dizer duas ou tres coisas dos tempos de hoje,a vaidade ,arrogância,prepotência :os dótores de hoje como então lhe chamavam.Calo-me ,estamos em fim de ciclo em plena campanha eleitoral.Entro em cena em Outubro dizendo o que me vai na alma,sem interferir ,como quem fala de um passado distante,como aqui é evocado pelo autor.Lembram-se do Constantino Florista e de exposto a 21 apelido.Os novos Dótores,será a minha visão dos últimos 30 anos.Nada mudou debaixo do céu de Moncorvo.
    o texto e a foto mexem com os que cá vivemos estes tempos.
    E.G.

    ResponderEliminar
  6. Cá para mim ,..receberam dinheiro do estado para restaurar todo o telhado e só arranjaram o beiral.. " e esta , hem?"

    ResponderEliminar
  7. que apagada e vil tristeza!E o Quim Barreiros?que barulhenta e vil tristeza!

    ResponderEliminar
  8. 13.08.1850 – Constantino o Rei dos Florista visita a sua terra natal após 28 anos de ausência. Nas felicitações oficiais transcritas em acta, a câmara pretende “expressar ao nosso ilustre hóspede o prazer que em todos os habitantes advira por terem a glória de contar como patrício e como vizinho o primeiro homem do mundo, glória que com certeza não teve até hoje povoação alguma”.
    senhor Rogério,vem nos farrapos de hoje.Isto é que era uma malta.Mudam-se os tempos e moncorvo marca passo.Nem Camões acerta.

    ResponderEliminar
  9. O “princípio da incerteza” de Heisenberg — diz-nos, em traço grosso, que existem sempre dois modos complementares de “construir” a realidade. Se observarmos a realidade de um desses modos, o outro torna-se indefinido.
    “O limite imposto pelo princípio da incerteza não depende da maneira pela qual você tenta medir a posição ou velocidade da partícula, nem do tipo de partícula. O princípio da incerteza de Heisenberg é uma propriedade fundamental, inescapável, do mundo, e teve profundas implicações na maneira como vemos o mundo”. (Stephen Hawking – Uma nova historia do tempo – pg. 95, 96)
    bird,

    ResponderEliminar
  10. CAMILO CASTELO BRANCO

    Amigos, cento e dez ou talvez mais,
    eu já contei. Vaidades que sentia:
    supus que sobre a Terra não havia
    mais ditoso mortal entre os mortais.

    Amigos, cento e dez, tão serviçais,
    tão zelosos das leis da cortesia
    que já farto de os ver me escapulia
    às suas curvaturas vertebrais.

    Um dia adoeci profundamente,
    ceguei. Dos cento e dez houve um somente
    que não desfez os laços quase rotos.

    - Que vamos nós (diziam) lá fazer ?
    Se ele está cego, não nos pode ver.
    Que cento e nove impávidos marotos!

    ResponderEliminar
  11. ... e mexiam e remexia os bolsos, tilintando os pregos, fazendo-os passar por "patacos"

    ResponderEliminar
  12. Fernanda Rebordão Fidalgo Santos escreveu: Bem viva na minha memória.

    ResponderEliminar
  13. Foi o Sr Veiga, já falecido, que deixou a casa naquele triste estado. Quem reparou o beiral foi a minha sogra, dona da casa. O estado desta casa e de muitas outras pelo país fora, decorre da anterior lei das rendas e da impossibilidade de se dedpejar os inquilinos.

    ResponderEliminar
  14. Foi o Sr Veiga, já falecido, que deixou a casa naquele triste estado. Quem reparou o beiral foi a minha sogra, dona da casa. O estado desta casa e de muitas outras pelo país fora, decorre da anterior lei das rendas e da impossibilidade de se dedpejar os inquilinos.

    ResponderEliminar

Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.