De castelo em castelo, após Algoso,
dirigimo-nos a Penas Róias. Da nesga de sublime anterior, deparamos agora com
uma ostensiva Torre de Menagem carcomida ao alto como se mordida por
irregulares dentes vindos do céu. Em volta, uma paisagem esculpida pelo suor
humano; o morro Levanta-se o quanto baste para vigiar o horizonte, cujo afloramento
mais próximo é uma pequena aldeia de ruas estreitas, casas minúsculas de pedra
e cal, cercadas de hortas, Latadas, prados e árvores descendo pelas encostas.
Uma pequena igreja branca parece indeciso farol orientando a confusa geometria
do povoado, e no sopé do monte um antiquíssimo caixão de pedra funerária
diz-nos que imensa água humana ali terá de continuar a bater para furar o
granito; que continua aliás intacto, salvo a ligeira erosão do tempo na
superfície interior, como alisada por uma mão dócil.
FERNANDO DE CASTRO BRANCO
Fonte: "ONDE NADA SE REPETE" - crónicas à volta do património. (excerto)
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