Encontramo-nos
numa época em que cada vez mais os problemas ambientais e de gestão dos
recursos naturais, variáveis dependentes e/ou independentes (conforme o nivel
de análise) resultantes do processo de desenvolvimento, são fonte de uma
preocupação global. A isto não é alheio o facto de estarmos perante uma
sociedade dotada de maior consciência para os problemas sociais e ambientais
que a rodeiam, ou seja, uma sociedade que Giddens (2000) designa de
"reflexiva". Esta reflexividade é fruto da existência de maior
conhecimento científico, de meios de comunicação mais sofisticados e da
democraticidade desses mesmos meios. Na análise da relação sociedade/ambiente é
de realçar o contributo prestado pela Sociologia do Ambiente cujos fundamentos
se devem a Catton e Dunlap (2002). Estes autores argumentam que o paradigma
subjacente à Sociologia detinha uma visão antropocêntrico no que dizia respeito
à relação sociedade/ambiente e, em alternativa propuseram um novo paradigma com
uma perspectiva ecológica da mesma relação. Todos os meios de socialização
constroem nos indivíduos representações ou modos de pensar sobre o que os
rodeia.
Relativamente ao ambiente, as representações dos indivíduos podem divergir de indivíduo para indivíduo, o mesmo acontecendo em grupos e organizações e ainda entre comunidade científica. O buraco na camada de Ozono, as chuvas ácidas, o aquecimento global, a falta de água tanto potável como para fins agrícolas, água que é cada vez mais um bem escasso, são um pequeno conjunto de problemas - de um muito mais vasto conjunto - sobre os quais os actores sociais desenvolvem diferentes representações sociais. Por outro lado, temos a crescente dependência que a maior parte dos países vem tendo em relação ao petróleo como fonte de energia, sendo a subida exorbitante dos seus preços uma das causas da recessão económica que alguns desses países atravessam. Daí, a aposta em energias alternativas mais baratas e mais ecológicas. No caso de Portugal, esta aposta tem passado pela construção de barragens hidroeléctricas, como meio de suprir as carências energéticas do País. A Barragem do Baixo Sabor, uma das barragens que se destina ao fim anterior referido, servirá como pano de fundo empírico à nossa investigação.
Relativamente ao ambiente, as representações dos indivíduos podem divergir de indivíduo para indivíduo, o mesmo acontecendo em grupos e organizações e ainda entre comunidade científica. O buraco na camada de Ozono, as chuvas ácidas, o aquecimento global, a falta de água tanto potável como para fins agrícolas, água que é cada vez mais um bem escasso, são um pequeno conjunto de problemas - de um muito mais vasto conjunto - sobre os quais os actores sociais desenvolvem diferentes representações sociais. Por outro lado, temos a crescente dependência que a maior parte dos países vem tendo em relação ao petróleo como fonte de energia, sendo a subida exorbitante dos seus preços uma das causas da recessão económica que alguns desses países atravessam. Daí, a aposta em energias alternativas mais baratas e mais ecológicas. No caso de Portugal, esta aposta tem passado pela construção de barragens hidroeléctricas, como meio de suprir as carências energéticas do País. A Barragem do Baixo Sabor, uma das barragens que se destina ao fim anterior referido, servirá como pano de fundo empírico à nossa investigação.
Na origem de
opções como a anterior, estão políticas e paradigmas de desenvolvimento. Se se
tratarem de politicas em que o objectivo seja apenas o do crescimento económico
e da utilização desregrada dos recursos naturais e tendo em conta o momento
presente. estamos perante as premissas do paradigma funcionalista de
desenvolvimento. Se as políticas tiverem em conta uma utilização eficiente dos
recursos endógenos locais. pensando nas gerações futuras, estamos perante
políticas assentes num paradigma territorialista e de desenvolvimento
sustentável. O paradigma territorialista é o paradigma que mais eficiente e
eficaz se tem mostrado, visto promover um desenvolvimento que envolve os
agentes locais e não é imposto a partir do exterior (de cima). É com base nesta
perspectiva de desenvolvimento que a politica de Desenvolvimento Rural proposta
pela União Europeia se apresenta. Este modelo de desenvolvimento assenta num
conjunto de políticas e medidas propostas pela União Europeia para promover o
desenvolvimento das regiões rurais mais carenciadas. Dentro destas medidas
podemos encontrar programas de grande importância como o LEADER e a gestão dos
fundos estruturais, para subsidiar projectos de inovação e desenvolvimento em
espaço rural, devendo estes projectos ter em conta a multifuncionalidade que o
espaço rural encerra.
O objectivo deste
trabalho é o de analisar as representações sociais que os jovens de
Felgar, Concelho
de Torre de Moncorvo, têm em relação à articulação entre ambiente e desenvolvimento,
no processo de desenvolvimento local, desdobrando-se em dois
pontos
principais:
1° - Pretende
saber- se, se concordam, ou não, com a construção da barragem e qual o motivo
de tal opção; quais os conhecimentos que têm acerca do conceito de Desenvolvimento
Sustentável; quais as funções inerentes ao espaço rural, onde vivem, se deverá
apostar para o desenvolvimento da região.
2— Saber qual o
grau de adesão ao Novo Paradigma Ecológico, num contexto global e no contexto
local, ou seja, pretende saber-se, se as representações dos jovens de Felgar
são mais ecológicas quando pensadas em termos globais, ou se a situação se
modifica quando confrontados com a sua situação: a construção da Barragem do
Baixo Sabor.
Assim, o objecto
central de análise desta investigação é o da articulação
ambiente/desenvolvimento em espaço rural, mais propriamente na freguesia de
Felgar Concelho de Torre de Moncorvo.
A escolha da
freguesia de Felgar deve-se ao facto de ser a freguesia que mais afectada vai
ser com a albufeira da barragem em termos da perda de terrenos de grande
produtividade agrícola no que respeito à produção de azeitona e amêndoa, o que
tem provocado por parte de alguma população local, alguma contestação em
relação à sua constrição.
Quanto à escolha
dos jovens (idades compreendidas entre os 15 e os 29 anos de idade), deve-se ao
facto de que terão tido uma socialização em que os problemas ambientais sido
mais debatidos, essencialmente, na escola e na comunicação social.
A estrutura da
presente dissertação consiste em seis pontos principais:
No primeiro ponto
procede-se a uma introdução ao trabalho fazendo-se um enquadramento geral da
problemática em análise, enunciando o objecto de estudo e o objecto empírico:
No segundo ponto
faz-se a inventariação das metodologias adoptadas bem como da sua pertinência:
O terceiro ponto
remete para a contextualização. Inicia-se com uma abordagem histórica e social
à construção da Barragem do Baixo Sabor. A seguir é feito um diagnóstico físico
(natural) e social ao Concelho de Torre de Moncorvo, Concelho a que a Freguesia
de Felgar pertence;
O enquadramento
teórico será apresentado e debatido no quarto ponto. Servirá de alicerce a
investigação empírica subjacente a este estudo, ou seja, nele serão
apresentados os principais conceitos que servirão de base à operacionalização
desta investigação.
Está subdividido
em vários segmentos teóricos, a saber: breve exposição o surgimento da
Sociologia do Ambiente e principais autores. Catton e Dunlap com a perspectiva
do Novo Paradigma Ecológico e os contributos teóricos de Beck e Giddens com a
perspectiva Ambiente/Modernidade. A seguir serão apresentados os principais paradigmas
de desenvolvimento: o paradigma funcionalista e o territorialista. O conceito
de desenvolvimento sustentável também integrará este ponto. No enquadramento
teórico faz-se, ainda, referência ao conceito de desenvolvimento rural e às
políticas e medidas mais recentes da União Europeia sobre a matéria. Tendo em
conta o objecto de análise finaliza-se o enquadramento teórico, com uma
discussão em tomo do conceito de representações sociais e dos métodos
utilizados para a sua análise.
Do quinto ponto
faz parte a análise empírica da investigação. Confrontar-se-á a
com os dados
empíricos obtidos, acima de tudo testar-se-ã as hipóteses enunciadas.
Por último, no
sexto ponto são expostas as conclusões, bem como algumas propostas
para investigações futuras.
Fonte:
ISCTE - Instituto Superior de Trabalho e da Empresa
Dissertação de licenciamento em sociologia e planeamento
"Representações socias dos jovens face á articulação Ambiente / Desenvolvimento
O caso da barragem do Baixo Sabor
Orientada por : Prof.ª Dra. Aida Valadas de Lima
Realizada por: António Manuel Moreira Durão
Junho de 2005
Edição da Câmara Municipal de Torre de Moncorvo
Fotografia do Camané
Publicado a 18/6/14
Fotografia do Camané
Publicado a 18/6/14
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