sexta-feira, 1 de novembro de 2013

ROTA DA OLARIA -FELGAR


O Felgar estava na minha agenda por várias razões, uma delas pessoal: é de lá, e lá tem a mãe, o meu camarada de redacção Afonso Praça. Como primeiro contacto que este havia-me indicado o chefe da estação dos correios, um homem amável e bem-disposto, excelente cicerone – o sr. Guimarães. Quando o procurei, entretinha-se a colar selos numa série de cartas de gente da aldeia para a parentela emigrada.
Do sr. Guimarães vieram-me indicações concretas sobre a terra e os habitantes. O Felgar, uma das aldeias mais importantes do concelho, está em mutação como praticamente todas elas: a variante chama-se «emigração». Constroem-se casas, recebe-se dinheiro, aplica-se este num sem-número de investimentos (não apenas as casas). Velhos ofícios vão morrendo: se passou a era dos ferreiros, famosos muito quilómetro em redor, o mesmo destino parece vir a ser o dos louceiros e das tecedeiras. Porque já não há quem queira agenciar a vida sentada ao tear ou diante da roda, na perspectiva de ocupações mais pingues. Tecedeiras são actualmente três ou quatro, e nenhuma jovem. Louceiro resta um.
Até os fogueteiros lançam mão de outros trabalhos. O mais conhecido criou de raiz uma fábrica de pimentite (colorau) …
O Felgar, onde existem dois cafés, está a mudar. Para melhor? É essa a opinião de residentes, diferente a de moncorvenses cépticos. Rica do ponto de vista agrícola, a aldeia tem neste momento, uma fonte de rendimento mais notória: as remessas da emigração. Se um dia as minas de hematite rearrancarem no Carvalhal, a dois ou três quilómetros do Felgar, o ritmo de vida dos felgarenses poderá vir a ser diverso.

In TORRE DE MONCORVO , Março de 1974 a 2009. De Fernando Assis Pacheco ,Leonel Brito, Rogério Rodrigues. Edição da Câmara Municipal de Torre de Moncorvo
VER: http://lelodemoncorvo.blogspot.pt/2012/03/velhas-profissoes-moleiro.html

2 comentários:

  1. ALDEIA VIVA.Precisávamos de uma vila viva também.Por favor desçam à vila.
    Moncorvense

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    Respostas
    1. Mas a vila pode sempre vir à Aldeia... que depois a aldeia vai também à Vila

      (Mauro Correia, Grupo Aldeia Viva)

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