Apesar da existência de alguns registos esporádicos de toques de sinos, o disco representa um trabalho pioneiro de estudo, análise e recolha. Segundo Mário Correia, director do Centro e autor da obra, a recolha preserva sons característicos de aldeias que estão a desaparecer - em muitos dos casos, a evolução tecnológica está a aniquilar um património tradicional, uma vez que os sinos estão a ser substituídos por mecanismos eléctricos. Para Mário Correia, este trabalho representa também uma homenagem aos velhos tocadores de sinos das aldeias do planalto mirandês.
Por outro lado, o CD é ao mesmo tempo o
retrato sonoro da paisagem. "Parafraseando Michael S. Rose, "uma igreja não deve
ser apenas vista, mas também ouvida". Na opinião do especialista, os visitantes
dos templos, muitas das vezes, apenas contemplam o seu estilo arquitectónico ou
o seu espólio, mas uma igreja é muito mais do que isso – é também o seu
património sonoro, salienta o autor.
Os sinos e as
campainhas acompanham o homem desde tempos imemoriais, assumindo várias e
distintas funções, mas sempre estando presentes nos momentos mais importantes da
vida colectiva. Para lá de se destinarem a produzir determinados sons, com usos
específicos e funções, trata-se de um instrumento de todo indissociável dos
ciclos vitais do Homem, não raras vezes assumindo as funções de rituais e usos
mágicos. E da paisagem sonora já desapareceram muitos dos sons determinados
pelas actividades agrícolas, fazendo-se cada vez mais ouvir os ruídos de algum
desenvolvimento. Francisco Pinto [Jornal de Notícias]
Disponível na Traga-Mundos – livros e
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