caminhei muitas vezes por esta estrada de aveleiras
ao entardecer na saudação do poente
nasci muitas vezes da sua seiva como a água reflui da matéria ou o canto das aves veloz e inesperado se insinua entre o sangue e a memória
ou o silêncio dos lugares se purifica sobre o rosto
no prenúncio da viagem
lembro-me de como era quente o chão sob os meus pés
e como de dentro
do seu fogo íntimo e inominável
sofria a terra
em seus arados imóveis
estive aí e aí fui chamado por vozes que clamavam os nomes da inocência
estive aí sentado sobre a pedra
e os meus dedos tocavam-na longamente como o ceifeiro toca a superfície mansa da seara
e eu fazia parte desse lugar
das suas palavras que escorriam devagar sobre o musgo
em fios antiquíssimos
estive aí muito perto
Pedro Saborino
Fonte: http://headandneckdanieldesousa.blogspot.pt/2012/03/viagem.html
Este poema do Daniel teve o condão de me transportar, de corpo e alma , até às Aveleiras.
ResponderEliminarObrigada e aqui lhe deixo um grande abraço.
Júlia