Descrição
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Planta rectangular, composta por
ala residencial desenvolvida no sentido N. - S. e capela longitudinal integrada
no extremo N., desenvolvidas horizontalmente, com cobertura, em telhado de
quatro águas, de telha de canudo. Fachada principal virada a O., em alvenaria
rebocada e pintada de branco, de três panos, definidos por pilastras toscanas,
correspondendo um à capela e os outros dois à ala residencial, de dois pisos,
sendo percorrida por embasamento de cantaria de granito, e terminada em friso e
cornija sobreposta por beiral. Ala residencial rasgada regularmente por vãos
sobrepostos, com molduras simples, em cantaria de granito. No pano da esquerda,
mais estreito, abre-se portal de verga recta sobrepujado por janela de sacada,
com guarda em ferro forjado; no pano seguinte, formando curvatura côncava,
abrem-se no primeiro piso, portas de verga recta, uma delas encimada por
cornija, e janelas de peitoril e, no segundo, cinco janelas de sacada, com
guarda em ferro decorada, tendo a que sobrepuja a porta principal cornija
contracurvada. O pano da capela apresenta portal de verga recta, flanqueado por
duas pilastras jónicas, sobre plintos, que suportam o entablamento, com friso
decorado com triglifos, nos extremos, e motivos geométricos, o central com
inscrição de 1714, e frontão triangular interrompido por pinha sobre pináculo.
Encima o portal, pedra de armas dos Gouveia (Melos e Castros) e Vasconcelos e,
sobre a cobertura, sineira de arco em volta perfeita sobre pilares, decorada com
volutas, rematada por cruz latina, em cantaria de granito. INTERIOR com
pavimento no primeiro piso em granito, e tectos do segundo em estuque
decorativo, com elementos florais estilizados, dedicados às quatro estações, e
tecto de madeira, octogonal, de apainelados, tendo ao centro florão em talha
dourada, decorado com corda em círculo e enrolamentos de volutas. CAPELA de
planta rectangular, de nave única, em alvenaria rebocada e pintada de branco,
com embasamento, em cantaria de granito, pavimento em lajes de granito, e tecto
de madeira, em falsa abóbada de berço, formando caixotões com molduras simples,
em talha, tendo florões nos encontros, e painéis pintados, com concheados
deformados e irregulares. No topo da nave, do lado do Evangelho, abre-se janela
rectangular. Sobre supedâneo surge retábulo dedicado a Nossa Senhora dos
Prazeres, em talha dourada e policroma, de planta recta, e um eixo, delimitado
por seis colunas torsas, profusamente decoradas com pâmpanos, fénices e anjos,
de capitéis coríntios, e duas pilastras ornadas de acantos e florões, assentes
em consolas e plintos, alternados, decorados com acantos e querubins, flanqueado
por orelhas. Ao centro abre-se nicho em arco de volta perfeita, com fundo
apainelado pintado, com falso docel, enquadrado pela inscrição: CONSOLATIONES
TUAE LAETIFICAVERUNT ANIMAM MEAM P.S. 93 V. 19, albergando mísula em talha
dourada, com profusa decoração de acantos, com imaginária; sobre o entablamento,
com friso decorado de acantos e querubins, desenvolve-se o ático, composto de
quatro arquivoltas, três delas torsas, ornadas de acantos e florões, unidas no
sentido do raio. Sotobanco com quarteirões laterais e largos plintos decorados
com acantos. Altar paralelepípedo. |
Acessos
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Rua Nova |
Protecção
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IIP, Dec. nº 95/78, DR 210 de 12
Setembro 1978 (Capela de Nossa Senhora dos Prazeres) |
Grau
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2 |
Enquadramento
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Urbano, flanqueado, integrado na
zona medieval da vila, na proximidade da principal praça da
mesma. |
Descrição
Complementar
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ESTUQUE: Tecto de uma sala com
medalhão central oval, em estuque, com decoração geométrica, formando oito
raios; uma outra sala tem tecto em estuque, com medalhão oval, de delicados
enrolamentos vegetalistas e vasos de flores, ao centro e nas extremidades, e
quatro medalhões ovais, dispostos em cruz, junto da cercadura, onde se inserem
figuras, do tipo camafeus clássicos, sobre fundo negro, alusivas: à Primavera,
com flores na cabeça; ao Verão, com espigas; ao Outono, com uvas, estas
apresentando vestes cremes e pele escura; e a que representa o Inverno, coberta
com um manto creme, e de pele branca. A cercadura e os cantos têm o mesmo tipo
de decoração vegetalista, com ramos, flores e espigas. Uma terceira sala tem
tecto com apontamento decorativo em estuque, representando dois corações
amarrados com laçaria. HERÁLDICA: na fachada principal, o escudo é partido,
representando no primeiro as armas dos Gouveia: partido, tendo no primeiro os
Melos: de vermelho, com dobre-cruz de ouro, acompanhada de seis besantes de
prata, e bordadura do segundo esmalte; e no segundo as dos Castros: de prata,
com seis arruelas de azul 2, 2 e 2; e o segundo do partido as armas dos
Vasconcelos: de negro, com três faixas veiradas de prata e de vermelho. O
escudo, coroado pelo timbre dos Melos, uma águia estendida de negro, besantada
de prata, insere-se em cartela com enrolamentos, rematada inferiormente por
pingente e enrolamentos com flor-de-lis. |
Utilização
Inicial
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Residencial |
Utilização
Actual
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Devoluto |
Propriedade
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Privada: pessoa
singular |
Afectação
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Sem afectação |
Época
Construção
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Séc. 18 /
19 |
Arquitecto /
Construtor / Autor
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Desconhecido. |
Cronologia
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Séc. 18, início - construção do
solar pelos Vasconcelos; 1714 - data inscrita sobre o portal da capela; séc. 19
- nela habitou o capitão do Regimento de Cavalaria 6, Bernardo Tomás da Gouveia
e Vasconcelos, que se destacou na luta contra os franceses, em Trás-os-Montes;
séc. 20 - aqui funcionou aqui a primeira sede do Club Moncorvense, na altura em
que era proprietária D. Josefa de Vasconcelos. |
Características
Particulares
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Casas nobre com fachada
principal formando ângulo, adaptando-se ao perfil do quarteirão e de três panos,
um correspondendo à capela, e dois à casa, tendo no menor porta mais larga de
acesso às lojas. De tipologia maneirista tardia, caracteriza-se pela sobriedade,
sobretudo da ala residencial, interrompida apenas no eixo da entrada principal,
onde apresenta cornijas, recta sobre o portal e contracurvada sobre a janela do
segundo piso. É no pano da capela que se concentra maior decoração, tendo no
portal pilastras com o terço inferior de caneluras distintas, o friso do
entablamento decorado com elementos geométricos relevados, o central com data da
edificação da capela, encimado pela pedra de armas da família que mandou
construir o solar, e coroado por sineira com alguns apontamentos do barroco
inicial, como elementos volutados estilizados. O retábulo é já do pleno estilo
nacional, com profusa decoração de acantos, pâmpanos, fénices, anjos, querubins,
e concha perfeita, tendo ao centro painel pintado, com dossel fingido e
lambrequim joanino. A gramática decorativa existente nos estuques do solar,
assemelha-se à existente na sala da música do Solar dos Pimentéis (v.
PT010409160020) e na sala das quatro estações do Solar dos Tenreiros (v.
PT010409160158), assim como a iconografia, que também aparece na Casa do Sr.
Leopoldo Henriques, levando Liliana Pereira a pensar na possibilidade do
estucador ter sido o mesmo nas várias casas. |
Dados
Técnicos
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Sistema estrutural de paredes
portantes. |
Materiais
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Alvenaria rebocada e pintada;
pilastras, embasamento, molduras de vãos, friso e cornija, sineira e pavimento
interior em cantaria de granito; portas e tectos de madeira, entalhada ou
pintada, e em estuque decorativo na casa; retábulo-mor em talha dourada;
cobertura em telha de canudo. |
Bibliografia
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ALVES, Francisco Manuel, Memórias
Arqueológico-Históricas do Distrito de Bragança, vol. 7, Bragança, 1981, p. 770;
ANDRADE, António Júlio, Torre de Moncorvo - Notas Toponímicas, Torre de
Moncorvo, 1991; AZEVEDO, José Correia de, Brasões e Casas Brasonadas do Douro,
vol. 1, Lamego, 1974, p. 304; PEREIRA, Liliana Maria Ferreira Figueiredo,
Estuques no Espaço Doméstico - Contributos para Um Itinerário na Arquitectura
Rústica e Nobre do Norte de Portugal, com particular Incidência no Douro
Superior. Estudo de uma peça. O Solar dos Pimentéis, em Torre de Moncorvo, 2
Volumes, Lisboa, (dissertação de Mestrado em História da Arte da Universidade
Lusíada), Universidade Lusíada, 2003. |
È uma pena o solar estar em ruinas.Dizem que a capela ainda se salva com um bom restauro.E assim vamos ficando mais pobres.O património civil edificado devia ser protegido.Os solares de Moncorvo estão quase todos em estado deplorável,salvando -se aqueles que a Câmara transformou (Museu do Ferro e Biblioteca).
ResponderEliminarMM
Que capela tão bonita.Está fechada como todas as outras incluindo a igreja da misericórdia.Que fazer?ABRIR!!
ResponderEliminarEu vivi numa casa em frente a esse solar!.. Nessa altura o brasão estava tapado com um pano preto .. É uma imagem muito longínqua mas ainda a consigo vislumbrar . Por dentro nunca lá entrei viviam lá uns senhores penso que eram veiga e tinham um comércio. Diverti me muito na entrada da capela, pois tinha um degrau em cantaria e a garotada ia se sentando por ali e brincávamos à nossa maneira.
ResponderEliminarO exterior e muito bonito. Eu vivi numa cada mesmo em frente a esse solar, que também já nao perece a mesma..era antiga e velhina , hoje parece um caixote de cimento..nao tem nada a ver com a casa de há 50 anos.. Naquelas escadas da capela brincamos muito.. Era um local de encontro da garotada da rua "onde vamos ter?..às escadas da capela"e dali partíamos para as nossas brincadeiras..
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