domingo, 12 de fevereiro de 2012

Fernando Assis Pacheco e Moncorvo

A AMÊNDOA COBERTA E A GASOLINA
Na segunda-feira que passei em Moncorvo as cobrideiras de amêndoa estavam desoladas: tanto confeito apurado ao lume, à espera dos visitantes, e o negócio por água abaixo…
  «Com esta coisa da falta de gasolina ninguém quer vir ver as amendoeiras» - queixou-se-me o dono dum restaurante, que também ficara com talheres (muitos) por sujar.
  O confeito de amêndoa coberta, coberta com açúcar ou açúcar e chocolate, é uma especialidade famosa de Moncorvo. Um outro fabricante poupa na amêndoa e mete lá dentro só metade, ou mesmo um amendoim (referência colhida num programa satírico das festas da vila). Mas não tomemos a parte pelo todo, que seríamos injustos.
Região rica de amêndoa, o concelho o de Moncorvo contribuiu para uma boa porção das 3993 toneladas de amêndoa em miolo exportadas entre Janeiro e Novembro de 1973 – últimos números oficiais conhecidos. Os principais importadores dessa amêndoa foram, por ordem decrescente, a Alemanha Federal, Bélgica-Luxemburgo, Suécia, Reino Unido, Dinamarca, Holanda, França, Itália e Finlândia. A Alemanha Federal comprou, em Janeiro-Fevereiro do ano passado, nada menos de 1552 toneladas por 106762 contos; a Finlândia 69,6 toneladas por 4531 contos; a seguir à Finlândia aparecia  Angola, com 32,3 toneladas valendo 2642 contos.    
              In "República"- Março de 1974

1 comentário:

  1. Não sei qual a origem da amêndoa coberta de Torre de Moncorvo; deixo aqui o desafio a quem tiver ideias/conhecimentos sobre o assunto.
    Sabe-se a origem das alheiras - que agora são reconhecidas como especialidade gastronómica; e as nossas amêndoas? Não são uma iguaria rara? Podem fazê-las até na China, mas como as nossas não há! ! ! Será da água férrea com que se faz o caramelizado do açúcar?? Ou será da arte das cobrideiras?
    F. Garcia

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