A AMÊNDOA COBERTA E A GASOLINA
Na segunda-feira que passei em Moncorvo as
cobrideiras de amêndoa estavam desoladas: tanto confeito apurado ao lume, à
espera dos visitantes, e o negócio por água abaixo…
«Com esta coisa da falta de gasolina
ninguém quer vir ver as amendoeiras» - queixou-se-me o dono dum restaurante,
que também ficara com talheres (muitos) por sujar.
O confeito de amêndoa coberta, coberta com
açúcar ou açúcar e chocolate, é uma especialidade famosa de Moncorvo. Um outro
fabricante poupa na amêndoa e mete lá dentro só metade, ou mesmo um amendoim
(referência colhida num programa satírico das festas da vila). Mas não tomemos
a parte pelo todo, que seríamos injustos.
Região rica de amêndoa, o concelho o de
Moncorvo contribuiu para uma boa porção das 3993 toneladas de amêndoa em miolo
exportadas entre Janeiro e Novembro de 1973 – últimos números oficiais
conhecidos. Os principais importadores dessa amêndoa foram, por ordem
decrescente, a Alemanha Federal, Bélgica-Luxemburgo, Suécia, Reino Unido,
Dinamarca, Holanda, França, Itália e Finlândia. A Alemanha Federal comprou, em
Janeiro-Fevereiro do ano passado, nada menos de 1552 toneladas por 106762
contos; a Finlândia 69,6 toneladas por 4531 contos; a seguir à Finlândia
aparecia Angola, com 32,3 toneladas valendo 2642 contos.
Não sei qual a origem da amêndoa coberta de Torre de Moncorvo; deixo aqui o desafio a quem tiver ideias/conhecimentos sobre o assunto.
ResponderEliminarSabe-se a origem das alheiras - que agora são reconhecidas como especialidade gastronómica; e as nossas amêndoas? Não são uma iguaria rara? Podem fazê-las até na China, mas como as nossas não há! ! ! Será da água férrea com que se faz o caramelizado do açúcar?? Ou será da arte das cobrideiras?
F. Garcia