terça-feira, 18 de junho de 2013

Alfandega da Fé - Não aos exames

Foto:http://www.cm-alfandegadafe.pt/freguesias/26
O Agrupamento de Escolas de Alfandega da Fé foi o único em todo o distrito de Bragança em que a greve dos professores impediu a realização do exame de Português. Nas restantes escolas do distrito, onde a adesão à greve rondou os 60%, foi necessário recorrer aos professores convocados para o normal decurso da prova. António Gonçalves Rodrigues
PÚBLICO 17/06

10 comentários:

  1. Gina Branco Branco escreveu:Parabéns... estes profes, não se chamam fura greves!!.

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  2. Muito bem. Para os outros uma frase : "guardado está o bocado..."

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  3. E os alunos que se tramem,para não dizer que se lixem!Afinal o que querem esses Srs.?!Já todos sabemos:deitar o Governo eleito democráticamente abaixo.Chamem o sócrates ,que esse sim,é que é o maior.Dois profs para um aluno e mais muito mais.Os que têm horário zero (Que nada fazem)a esses paga -lhes a dobrar por tanto esforçoPObre país.E mais não digo .

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  4. Julia Guarda Ribeiro escreveu:Ah, gente de antes quebrar que torcer ! Toda a minha solidariedade para vós.

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  5. Leia o artigo de Miguel Sousa Tavares sobre os professores

    A minha entrada no ensino foi feita numa pequeníssima aldeia rural do norte. Éramos uns 80 alunos, da 1ª à 4ª classe, todos juntos na mesma e única sala de aula da escola - que não me lembro se tinha ou não casas-de-banho, mas sei que não tinha qualquer espécie de aquecimento contra o frio granítico, de Novembro a Março, que nos colava às carteiras duplas, petrificados como estalactites. Lembro-me de que o "recreio" era apenas um pequeno espaço plano, enlameado no Inverno, e onde jogávamos futebol com uma bola feita de meias velhas e balizas marcadas com pedras. A escola não tinha um vigilante, um porteiro, uma secretária administrativa. Ninguém mais do que a D. Constança, a professora que, sozinha, desempenhava todas essas tarefas e ainda ensinava os rios do Ultramar aos da 4ª classe, a história pátria aos da 3ª, as fracções aos da 2ª, e as primeiras letras aos da 1ª. Ela, sozinha, constituía todo o pessoal daquilo a que agora se chama o 1º ciclo. Se porventura, adoecesse, ou se na aldeia houvesse, que não havia, um médico disposto a passar-lhe uma baixa psicológica ou outra qualquer quando não lhe apetecesse ir trabalhar, as 80 crianças da aldeia em idade escolar ficariam sem escola. Mas ela não falhou um único dia em todo o ano lectivo e eu saí de lá a saber escrever e para sempre apaixonado pela leitura. Devo-lhe isso eternamente.
    Nesse tempo, não havia Parque Escolar, não havia pequenos-almoços na escola (que boa falta faziam!), não havia aquecimento nas salas, não havia o recorde de Portugal e da Europa de baixas profissionais entre os professores, não havia telemóveis nem iPads com os alunos, não havia "Magalhães" ao serviço dos meninos, mas sim lousas e giz, os professores não faziam greves porque estavam "desmotivados" ou "deprimidos" e a noção de "horário zero" seria levada à conta de brincadeira. Era assim a vida.
    Não vou (notem: não vou) sustentar que assim é que estava bem. Limito-me a dizer que tudo é relativo e que nada do que temos por adquirido, excepto a morte, o foi sempre ou o será para sempre. E sei que na Finlândia - o país considerado modelo no ensino básico e secundário pela OCDE - os professores trabalham mais horas do que aqui, não faltam às aulas e ganham proporcionalmente menos. Com resultados substancialmente melhores, do único ponto de vista que interessa aos pais e aos contribuintes: o desempenho escolar dos alunos.
    Só uma classe que recusou, como ultraje, a possibilidade de ser avaliada para efeitos de progressão profissional - isto é, uma classe onde os medíocres reivindicaram o direito constitucional de ganharem o mesmo que os competentes - é que se pode permitir a irresponsabilidade e a leviandade de decretar uma greve aos exames nacionais. Nisso, são professores exemplares: transmitem aos alunos o seu próprio exemplo, o exemplo de quem acha que os exames, as avaliações, são um incómodo para a paz de um sistema assente na desresponsabilização, na nivelação de todos por baixo, na ausência de estímulo ao mérito e ao esforço individual.
    CONTINUA

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  6. Mas a greve dos professores vai muito para lá deles: reflecte o estado de espírito de uma parte do país que não entendeu ou não quer entender o que lhe aconteceu. Deixem-me, então recordar: Portugal faliu. O Portugal das baixas psicológicas, dos direitos adquiridos para sempre, das falcatruas fiscais, das reformas antecipadas, dos subsídios para tudo e mais alguma coisa, dos salários iguais para os que trabalham e os que preguiçam, faliu. Faliu: não é mais sustentável. Podemos discutir, discordar, opormo-nos às condições do resgate que nos foi imposto e à sua gestão por parte deste Governo: eu também o faço e veementemente. Mas não podemos, se formos sérios, esquecer o essencial: se fomos resgatados, é porque fomos à falência; e, se fomos à falência, é porque não produzimos riqueza que possa sustentar o modo de vida a que nos habituámos. Se alguém conhece uma alternativa mágica, em que se possa ter professores sem crianças, auto-estradas sem carros, reformas sem dinheiro para as pagar, acumulando dívida a 6, 7 ou 8% de juros para a geração seguinte pagar, que o diga. Caso contrário, tenham pudor: não se fazem greves porque se acaba com os horários zero, porque se estabelece um horário semanal (e ficcional) de 40 horas de trabalho ou porque o Estado não pode sustentar o mesmo número de professores, se os portugueses não fazem filhos.
    Por mais que respeite o direito à greve, causa-me uma sensação desagradável ver dirigentes sindicais, dos professores e não só, regozijarem-se porque ninguém foi trabalhar. Ver um sindicalismo de bota-abaixo constante, onde qualquer greve, qualquer manifestação, é muito mais valorizada e procurada do que qualquer acordo e qualquer negociação - como se, por cada português com vontade de trabalhar, houvesse outro cujo trabalho consiste em dissuadi-lo desse vício. Assim como me causa impressão, no estado em que o país está, saber que quase 200.000 trabalhadores pediram a reforma antecipada em 2012, mesmo perdendo dinheiro, e apesar de se queixarem da crise e dos constantes cortes nas pensões. Porque a mensagem deles é clara: "Eu, para já, mesmo perdendo dinheiro, safo-me. Os otários que continuarem a trabalhar e que se vierem a reformar mais tarde, em piores condições, é que lixam!" É o retrato de um país que parece ter perdido qualquer noção de destino colectivo: há um milhão de portugueses sem trabalho e grande parte dos que o têm, aparentemente, só desejam deixar de trabalhar. Será assim que nos livraremos da troika?
    As coisas chegaram a um ponto de anormalidade tal, que, quando o ministro da Educação, no exercício do seu mais elementar dever - que é o de defender os direitos dos alunos contra a greve dos professores - convoca todos eles para vigiar os exames, aqui d'El Rey na imprensa bem-pensante que se trata de sabotar o legítimo direito à greve. Ou seja: que haja professores (que os há, felizmente!) dispostos a permitir que os alunos tenham exames é uma violação ilegítima do direito dos outros a que eles não tenham exames. Di-lo o dr. Garcia Pereira, o advogado dos trabalhadores e do dr. Jardim, infalível defensor da classe operária, e o mesmo que, no final do meu tempo de estudante, na Faculdade de Direito de Lisboa, invocando os ensinamentos do grande camarada Mao, decretava greve aos "exames burgueses" - que o fizeram advogado.
    CONTINUA

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  7. Não contesto que as greves, por natureza, causem incómodos a outrem - ou não fariam sentido. Mas há limites para tudo. Limites de brio profissional: um cirurgião não resolve entrar em grave quando recebe um doente já anestesiado pronto para a operação; um controlador aéreo não entra em greve quando tem um avião a fazer-se à pista; um bombeiro não entra em greve quando há um incêndio para apagar. Eu sei que isto que agora escrevo vai circular nos blogues dos professores, vai ser adulterado, deturpado, montado conforme dê mais jeito: já o fizeram no passado, inventando coisas que eu nunca disse, e só custa da primeira vez. Paciência, é isto que eu penso: esta greve dos professores aos exames, por muitas razões que possam ter, é inadmissível.

    Miguel Sousa Tavares escreve de acordo com a antiga ortografia
    Texto publicado na edição do Expresso de 15 de junho de 2013

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  8. Este senhor Miguel de Sousa tem o palco todo para si , pensando que ou esquecendo que ele próprio, com as suas atoardas de menino bonito em que a fazer fé em noticias do seu passado " mandar f...der um senhor juiz em Pleno Tribunal...
    È público e notório que ainda não há muito tempo terá dito que o Presidente da República era " palhaço", vindo depois explicar-se que se deixou arrastar pela pergunta da jornalista e que não era sua intenção afirmar tal epíteto ao primeiro magistrado da Nação. Coragem e meios parecem não lhe faltar para tentar achincalhar dezenas de milhares de docentes que dão o seu melhor pela educação e pelo ensino dos seus alunos... também sabemos que hoje, circunstâncias estruturais e sistémicas fazem das escolas, armazéns de meninos onde , infelizmente é o espaço onde comem uma refeição..Educação e ensino, este enquanto atividade profissional, é bem diferente daquela que se deve beber no leite familiar.. Mas que dizer das famílias desestruturadas, cujos pais, casam recasam duas ou três vezes. - como penso ser o Caso do senhor Miguel de Sousa - e tal situação se reflete no comportamento dos alunos para quem o professor, muitas das vezes, já não sabe lidar com tantas realidades sociais que mergulham na escola..
    Falar de desrespeito dos professores para com os alunos ,porque se faz greve na defesa da escola pública, é uma atitude velhaca de quem não tem que fazer centenas de quilómetros para, dia após-dia, ter que preparar aulas, acompanhar centenas de alunos - no caso de ter 8 turmas X 28 alunos, fazer testes, corrigi-los, direcções de turma , outras reuniões.. e um sem fim de outras tarefas e legislação que vai mudando conforme as circunstâncias..
    Benditas mães que tais filhos tivestes, diz o nosso povo.. Sofia de Mello Breyner, mãe do senhor Miguel de Sousa foi e continua para milhões de portugueses uma senhora , de trato fino, aristocrata e cultora de valores perenes que admiramos e recordamos com representante de muitos democratas enquanto eleita para a casa da Democracia..o mesmo não dizemos do filho e por isso, e enquanto eu for professor não compro livro algum do senhor " Miguel de Sousa.. Afinal para que servem as greves para se fazerem nas férias..e o próprio ministério não anunciou hoje a mudança , antecipando o exame do próximo dia 27 para o dia 26...Comparar doentes anestesiados com docentes em greve é uma comparação de quem não quer ver as coisas na sua devida proporção..e comparar Finlândia com Portugal vou ali e venho já...
    nos finais do século XIX a sociedade finlandesa estava quase toda escolarizada...Em Portugal decorria já a segunda metade do século XX e as percentagens de analfabetos nalgumas regiões do nosso país rondaria 30 a 40% de analfabetos.
    E greve querias fazer Oh Miguel pois querias...nascido em berço de ouro e educado por vezes dá no que dá: descascando e tentando achincalhar quem com muito esforço contribuiu para melhorar os níveis da educação.. E se o Miguel vivesse, por vezes até deixa transparecer que gostaria, de viver no tempo em que no âmbito da instituída pelos militares no já distante ano de 1926 quando se cortavam todas as notícias, artigos e comunicados que se referissem a movimentos qualquer que fossem as características ou notícias que pudessem ser consideradas alarmantes e insultuosas para os membros do governo... a democracia dá-lhe a possibilidade de escrever o que quiser ...também milhares como eu e ,como um diretor de jornal que bem o conhecerá, temos o direito de não comprar nenhum livro de tal escriba...termino; cada um queixa-se porque lhe dói..Outros disparam em tudo quanto mexe mesmo que contra os legítimos interesses de quem defende os seus direitos e do seus filhos..Sim os professores também têm filhos e netos. E não recebem quando fazem greve , enquanto o homem da SIC/ Expresso ainda ganha mais em ou penso que ganha mais ,em 5 minutos para debitar resumos dos jornais do dia, do que um professor num mês ou num ano.

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  9. Boa professor.Estava a pedi-las.Grande texto.O senhor e o professor Lopes são a alma da nossa revolta.
    Antigo aluno.

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  10. Eu também tenho que me pronunciar..sou professora do primeiro ciclo, estou aposentada há 5 anos e trabalhei 35 anos.. Tive que passar por muito nesta profissão..trabalhei em salas onde no tecto se passeavam os senhores ratos e nos " cagavam" em cima.. Motivo para risos, os miúdos eram espectaculares...- senhora professora saia, saia dai, olhe que lhe vai a "cagar" um em cima.. Mas nao era só isso, por baixo era a "loja" das vacas.. Por vezes, parecia que se abria uma torneira e uns vapores cheiroso chegavam nos ao nariz .. Mas o resto tambem acontecia, aí é que era bom e bonito, o cheiro a bosta quente era de tal maneira mal cheiroso que nos partíamos a rir, pois tínhamos que fugir para a rua até aliviar o cheirete... Foi assim durante uns tempos.. Nem me passava pela cabeça meter baixa, pois era essa a realidade desses tempos( 75- 76-etc..) hoje fico feliz que os professores façam greve e lutem pelo melhor para os alunos e para eles, pois eles fazem parte do sistema. O senhor"escritor e jornalista" devia ter calcorreado aquilo que muitos dos meus meninos calcorrearam.. e mais nao digo porque felizmente o tempo da outra já lá vai e os professores são profissionais honrados que querem o melhor para os meninos de Portugal!

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