sexta-feira, 25 de abril de 2014

Rentes de Carvalho e Moncorvo

 - Tocou?
- Mas onde, Jorge? _
- Nesta porta - premiu a campainha, mostrando-lhe a discreta placa de cobre em que não reparara: Casa da Avó.
- É aqui?
- Sim.
Uma senhora de meia-idade levou-os por uma escada larga de granito de muitos anos e, a entrada não o fazia prever, para  admiração de Sarah desembocaram num aposento qúe, pelo
bom gosto dos móveis e da decoração, falava da elegância do tempo longínquo, quando o século dezanove findara.Olhava em redor, involuntariamente a comparar a impressão que tivera da rua com o luxo discreto que ali descobria.
Jorge tinha feito o registo, subiram ao andar de cima, e porque de momento não havia outros hóspedes a senhora deu-lhes a escolher: quartos nas traseiras, com vista para o monte, ou os
da frente.
Sarah preferia um nas traseiras, deliciada com a buganvília ,em flor, quase a tocar a janela, mas Jorge aconselhou-a que não decidisse ainda, fosse ver os outros.
Aberta a varanda, a escolha estava feita. Ficaria no quarto forrado a vermelho. A igreja iluminada, ao alcance da mão, causava-lhe um misto de assombro e alegria infantil, era pena
deixar de atentar nas gárgulas, os nichos dos santos, o «olho-de-boi››, o campanário, a estranha figueira que crescia num varandim.
Quando saíram para jantar quis que dessem primeiro uma volta pelo adro, Jorge encantado com o entusiasmo da companheira. Ela, que conhecia as catedrais de grande fama, detinha-se a admirar a sombria presença de igreja transmontana,confessaria depois,lhe provocava um inesperado sentimento de estranheza,medo e respeito.
-É pena que não esteja aberta.
 -Pode vê-la amanhã.

In Mentiras e Diamantes (páginas 231/2)de J.Rentes de Carvalho
Fotos da página oficial da Casa da Avó:  http://www.casaavo.com/
Publicado a 25/04/13

5 comentários:

  1. Mentiras & Diamantes, o mais recente romance de J. Rentes de Carvalho, editado pela Quetzal, é apresentado como um thriller «habilmente construído e uma narrativa implacável, violenta e sexy». J. Rentes de Carvalho é autor de obras como La Coca, Os Lindos Braços da Júlia da Farmácia e Mazagran.

    Sinopse: «Jorge Ferreira, “o conde”, recebe na sua quinta algarvia uma jovem e bela inquilina inglesa, que pretende escrever um livro. O anfitrião é um homem educado, atraente e rico, mas em extremo reservado – não se lhe conhecem amigos, amantes ou relações familiares –, que partilha a grande casa senhorial com duas amas e uma governanta. O seu passado esconde um trauma que o acompanha até hoje e que ele pretende eliminar da memória. Pelo contrário, Sarah Langton, filha de um milionário italiano, é impulsiva e aventureira, “viciada em liberdade” – o que não consegue conciliar com a reclusão e a disciplina que a escrita exige. Tudo parece concorrer para que estas duas personagens se aproximem lentamente e que comecem a processar o que as atormenta (a Jorge, os episódios do passado; a Sarah, extrema dificuldade em escrever alguma coisa pertinente para o seu livro misterioso). Mas a súbita visita de “Biafra” – “vistoso fato de linho branco, cravo na botoeira, panamá na mão” –, que vem para tentar uma pequena chantagem, dá lugar a uma cascata de revelações, desenlaces, homicídios, suicídios e desaparecimentos entre a Nigéria, Marrocos, Algarve, Londres e Amsterdão, tendo como pano de fundo o tráfico de diamantes e um país corrupto e corrompido, entregue aos seus segredos de família.»
    http://portalivros.wordpress.com/2013/04/18/j-rentes-de-carvalho-regressa-com-mentiras-diamantes/

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  2. José Rentes de Carvalho (Vila Nova de Gaia, 1930) é um escritor português[1].


    Rentes de Carvalho na Feira do Livro de Lisboa de 2012
    Filho de pais vindos de Trás-os-Montes, Rentes de Carvalho frequentou o Liceu Alexandre Herculano no Porto tendo prosseguido os estudos em Viana do Castelo e Vila Real. Estudou Línguas Românicas e Direito na Universidade de Lisboa.
    Devido a razões políticas foi obrigado a sair de Portugal e viveu no Rio de Janeiro, em São Paulo, Nova Iorque e Paris. Trabalhou como jornalista para os jornais O Estado de São Paulo, o Correio Paulistano e O Globo, e na revista, O Cruzeiro.
    Mudou-se para Amsterdão, em 1956, para trabalhar na embaixada brasileira. Colaborou com o Diário Popular e depois com o semanário Expresso.
    Fez um mestrado na Universidade de Amsterdão, apresentando uma tese intitulada "O povo na obra de Raul Brandão".
    Após a reforma continuou a carreira de jornalista e romancista. Colaborou em várias publicações portuguesas, brasileiras, belgas, e holandesas.
    Em 1991 recebeu o grau de grande comendador da Ordem do Infante D. Henrique. Em 1992 a cidade de Vila Nova de Gaia atribui-lhe a medalha de ouro da cidade.
    [editar]Algumas obras

    Montedor, 1968 com prefácio de António José Saraiva[2]
    O Rebate, 1971
    A Sétima Onda, 1984
    Ernestina, 1998
    A Amante Holandesa, 2003
    WIKIPÉDIA

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  3. Doniria Afecto escreveu:Obrigada Leonel Brito pela divulgação e partilha. Bem haja!

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  4. Isto é um SENHOR TEXTO !!! Não li o livro. É uma falha grave .Tenho de o ler .

    Júlia Ribeiro

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  5. A Casa da Avó é uma referência no turismo de Habitação na região do Douro.
    É o máximo expoente de hotelaria em Torre de Moncorvo.Rentes de Carvalho andarilho,viajante incansável ,sabe do que fala.Tem feito mais pela divulgação de Moncorvo do que todos os projectos da região de Turismo do Douro.Merecia um louvor público na Assembleia Municipal.Leiam o livro, é como a casa da Avó:uma maravilha!
    Turista acidental
    P.S. Doutora Júlia,se estiver por cá,vá à papelaria do senhor Cardanha,mesmo em frente da casa da avó,compre o livro antes que esgote.Almoce na Taberna do Carró,conhecida entre nós por Dona Dina e confirme o faro do escritor...Acerta sempre até quando fala da Praça,do castelo e da Igreja fechada.

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