Quero lhe dar os parabens pela procissão de Domingo de Ramos,gostei muito. especialmente da entrevista, o cemitério não.
Gostei também das noticias que vi no seu blog.Sou de Muxagata e gostaria de ver noticias de lá, será possivel? Estou fora da aldeia há mais de 40 anos.Na medida do possivel vou acompanhar vc.
Olá, caríssima Júlia Trovões, digna neta da grande Maria Trovões:
Era assim mesmo como a Júlia Trovões contou. Só vou dar uma pequena achega: quando eu era pequenita, a procissão saía pela porta principal da Igreja, dava a volta ao adro (os portões de ferro da Srª do Coberto estavam abertos), e o padre e as pessoas, com os ramos de oliveira bentos, seguiam novamente para a porta principal, mas encontravam-na trancada. Tinham sido os "Anjos Caídos", com Lucifer a comandá-los, que desafiavam o poder de Deus. Havia então umas cantilenas em Latim, em que o padre, em nome de Jesus Cristo, exigia a abertura da porta, a qual simbolizava a porta do céu, mas Lucifer e os "Anjos Revoltosos" respondiam lá de dentro que não a abriam. Enquanto o padre cá fora ia botando o seu latinório, os "Anjos Maus" continuavam do lado de dentro a responder também em Latim, que não a abriam. Nesse interim as pessoas iam lançando as folhas de oliveira - que representavam os "Credos" que haviam rezado - contra a porta fechada e eu conseguia entender algo que o padre cantava parecido com "ad portam infer..." (eu deduzia que era a mandar os "Anjos Caídos" para o inferno). Mas eles continuavam a responder desafiando o poder de Deus. Então, já zangado, o padre batia com a cruz 3 vezes na porta da Igreja que, à 3ª pancada, se abria de par em par. Quem estava mesmo ao pé do padre, que era o caso dos raparigos, ainda via "Lúcifer e os Anjos Maus" a fugirem para se esconderem...
Isto seria um resto dos Autos Medievais, que em Inglaterra e na Alemanha ( possivelmente em outros lugares da Europa) se chamavam os "Miracle Plays" e eram representados ao longo de toda a Semana Santa). Entre nós devem ter-se representado de Norte a Sul, pois nos Arquivo Episcopal do Porto há PROIBIÇÕES da representação de tais autos. A proibição não deve ter chegado a várias aldeias de Miranda do Douro, onde continuaram a ser representados "Autos da Vida e Paixão de Cristo", também chamados, "Actos", "Colóquios", "Esterlóquios"... E a tradição, felizmente, ainda se mantém.
Beijinhos e um grande abraço para a Júlia Trovões.
Chiuu...(só entre nós) o Sr. Padre Sobrinho foi quem me casou...Era pároco na nossa freguesia e mais tarde batizou o meu filho.Muito obrigada pelo ramo de oliveira ,que vou guardar na gaveta da minha cómoda ,para me proteger das trovoadas que, eventualmente ,possam surgir no Verão...Vou retirar-lhe umas folhinhas para oferecer ao meu Padrinho O Divino Senhor dos Passos que me tem sempre acompanhado ao longo da vida. Obrigada à D. Júlia e à querida Julinha pelos esclarecimentos aqui postados. Com um beijinho Irene
obrigado por este lindo dia dos ramos e bonito ver isto longe do nosso pais
ResponderEliminarBela publicação, a fazer-me recuar aos meus tempos da juventude.
ResponderEliminarTambém ia à benção do ramo para levar à madrinha e ver se caíam uns cobres!!!!!!!.
Ótimo que estas tradições se mantenham, são a memória viva de um povo.
Jose Luis Simão Coelhoescreveu:
ResponderEliminarOlá meu irmão, tudo bem?.
Quero lhe dar os parabens pela procissão de Domingo de Ramos,gostei muito. especialmente da entrevista, o cemitério não.
Gostei também das noticias que vi no seu blog.Sou de Muxagata e gostaria de ver noticias de lá, será possivel? Estou fora da aldeia há mais de 40 anos.Na medida do possivel vou acompanhar vc.
UM abraço.
Olá, caríssima Júlia Trovões, digna neta da grande Maria Trovões:
ResponderEliminarEra assim mesmo como a Júlia Trovões contou. Só vou dar uma pequena achega: quando eu era pequenita, a procissão saía pela porta principal da Igreja, dava a volta ao adro (os portões de ferro da Srª do Coberto estavam abertos), e o padre e as pessoas, com os ramos de oliveira bentos, seguiam novamente para a porta principal, mas encontravam-na trancada. Tinham sido os "Anjos Caídos", com Lucifer a comandá-los, que desafiavam o poder de Deus. Havia então umas cantilenas em Latim, em que o padre, em nome de Jesus Cristo, exigia a abertura da porta, a qual simbolizava a porta do céu, mas Lucifer e os "Anjos Revoltosos" respondiam lá de dentro que não a abriam. Enquanto o padre cá fora ia botando o seu latinório, os "Anjos Maus" continuavam do lado de dentro a responder também em Latim, que não a abriam. Nesse interim as pessoas iam lançando as folhas de oliveira - que representavam os "Credos" que haviam rezado - contra a porta fechada e eu conseguia entender algo que o padre cantava parecido com "ad portam infer..." (eu deduzia que era a mandar os "Anjos Caídos" para o inferno). Mas eles continuavam a responder desafiando o poder de Deus. Então, já zangado, o padre batia com a cruz 3 vezes na porta da Igreja que, à 3ª pancada, se abria de par em par.
Quem estava mesmo ao pé do padre, que era o caso dos raparigos, ainda via "Lúcifer e os Anjos Maus" a fugirem para se esconderem...
Isto seria um resto dos Autos Medievais, que em Inglaterra e na Alemanha ( possivelmente em outros lugares da Europa) se chamavam os "Miracle Plays" e eram representados ao longo de toda a Semana Santa). Entre nós devem ter-se representado de Norte a Sul, pois nos Arquivo Episcopal do Porto há PROIBIÇÕES da representação de tais autos. A proibição não deve ter chegado a várias aldeias de Miranda do Douro, onde continuaram a ser representados "Autos da Vida e Paixão de Cristo", também chamados, "Actos", "Colóquios", "Esterlóquios"... E a tradição, felizmente, ainda se mantém.
Beijinhos e um grande abraço para a Júlia Trovões.
Júlia Barros Ribeiro (Biló)
Chiuu...(só entre nós) o Sr. Padre Sobrinho foi quem me casou...Era pároco na nossa freguesia e mais tarde batizou o meu filho.Muito obrigada pelo ramo de oliveira ,que vou guardar na gaveta da minha cómoda ,para me proteger das trovoadas que, eventualmente ,possam surgir no Verão...Vou retirar-lhe umas folhinhas para oferecer ao meu Padrinho O Divino Senhor dos Passos que me tem sempre acompanhado ao longo da vida.
ResponderEliminarObrigada à D. Júlia e à querida Julinha pelos esclarecimentos aqui postados.
Com um beijinho
Irene