A edição deste ano da festa do povo de Maçores, dedicada a S. Martinho (11-13.XI), sem que tivesse olvidado os aspectos tradicionais que a caracterizam e distinguem de todas as outras festas báquicas, teve uma forte componente raiana, pois foi visitada por uma numerosa embaixada do município de Morille (província de Salamanca), encabeçada pelo delegado do governo espanhol na província, pelo alcaide de Morille, a sua tenente-alcaide e demais vereação, além de vários professores da Universidade mais antiga da Península Ibérica, acompanhados do tradicional tamborileiro (tocador de flautas e tamboril).Com efeito, a presença de tantos castelhanos, cerca de uma centena, deveu-se ao facto daquele simpático povo salmantino vir retribuir a participação de Maçores no seu IX Festival de Poesia e das Artes no Meio Rural e II Encontro Transfronteiriço de Poesia e Arte de Vanguarda, que decorreu de 8-10 de Julho passado.
Os responsáveis pela Câmara Municipal de Morille e pela Associação Cultural El Zurguén (Morille), haviam estado na Páscoa em Maçores, na sessão ordinária da assembleia geral da Associação Cultural e Recreativa de Maçores e a convite dos seus órgãos de gestão, para apresentarem uma proposta formulada pelo poeta vanguardista extremenho Antonio Gómez, que consistiu no seguinte:
Confeccionarem as mulheres dos dois povos uma gigantesca bandeira (6m x 4m), a partir de retalhos de tecido de uso comum e usado, de cor branca. A “bandeira branca” da amizade. Metade seria realizada em Maçores e a outra metade em Morille. Assim se fez. Com registo de vídeo durante a sua execução.
Bandeira que foi exibida durante a realização do conceituado festival vanguardista, agora completa, com a metade que os representantes de Maçores transportaram. E assim permaneceu durante os três dias, no Centro de Promoción y Estudios de la Vía de la Plata y del Viaje, sendo que no final, sobre ela foi projectado o vídeo realizado em Maçores e em Morille.
Foi um momento de grande simbolismo, pois representou a fraternidade entre os povos da raia. Ou se quisermos, o (re)encontro de parentes tão próximos mas que há muito se encontravam separados pela linha de fronteira, linha que as ditaduras reforçaram e só agora se começa a esbater, através deste e de outros gestos que felizmente vão acontecendo.
Que esta(s) actividade(s) venha(m) a ter como corolário a geminação entre estes dois povos.
O presidente da Junta de Freguesia de Maçores, na despedida, prometeu que para a próxima, as actividades seriam ainda melhor planeadas e a festa melhor organizada -preocupação que se compreende pois a aldeia não estava habituada a receber tanta e tão distinta gente- e que para o ano que vem, seriam os maçoranos a deslocarem-se de autocarro a Morille.
Sítios recomendados (portal do Ayuntamiento de Morille e reportagem da RTVE):
Carlos d’Abreu
Raquel Valente : Parabéns!! É bom ver o povo unido
ResponderEliminarParab´ns aos que colaboraram para levar a cabo eventos destes, onde o pvo se revê na sua cultura e tradições: em Maçores sempre se festejou grandemente o S. Martinho; é interessante o significado da bandeira.
ResponderEliminarA.A.
A avaliar pela presente descrição, deve ter sido belíssima esta festa transfronteiriça.
ResponderEliminarQue haja outras - muitas - festas iguais.
Júlia Ribeiro
A metade da bandeira foi apenas realizada pelo sr. carlos e por mais 3 ou 4 pessoas. Não foi empenhado o povo da aldeia, como se disse.
ResponderEliminarÉ dos piores artigos que aqui vi publicados.
A. Pinto
Moncorvo - Maçores
O sr. Carlos. que por mérito e porque estudou tmb é reonhecido Doutor e Investigador na distinta Faculdade de Geografia de Salamanca, com vastíssima obra publicada, também é costureiro...deixa-me rir. Assisti a todos os encontros aqui e em Morille como artista convidado e posso garantir que o texto do Dr. Carlos de Abreu corresponde á realidade e é apenas lamentável que os responsáveis Autarquicos e alguns Maçoranos não tenham entendido a importância destes encontros culturais transfronteiriços que cimentam amizades e podem levar mais longe outros projectos comuns, quando declinam convites e não participam. Por isso nao posso deixar de lamentar que por odios de estimação queiram tirar brilho a este acontecimento, até porque os cerca de 75 visitantes que se deslocaram a Maçores fizeram-no com a simplicidade comunitária que é apanágio esta singular festa de S. Martinho de Maçores, onde fui como sempre bem recebido, até porque o meu avô era de lá.
ResponderEliminarMACHADO, Carlos Alberto d'' Abreu Ferreira
ResponderEliminarTécnico Superior do Ministério da Educação, casado, pai de três filhas, nasceu em 1961 na Freguesia de Maçores, Torre de Moncorvo (infância e juventude repartidas entre Luanda, Torre de Moncorvo e Rio de Janeiro), com endereço postal no Largo do Espírito Santo, 22, 5160 132 Lousa (Torre de Moncorvo); realiza investigação em Trás-os-Montes e Alto Douro, enquanto Patrimoniólogo, Arqueólogo e Historiador; tem actividade política ao nível do Poder Local, sendo Membro da Assembleia Municipal de Torre de Moncorvo, desde as Eleições Autárquicas de 1997; fundador, dinamizador e membro de várias associações culturais, recreativas e da lavoura, na Região; organiza e participa, desde 1997, nas Expedições Pedestres "À Descoberta do Património do Alto Douro", com a colaboração da LOUSAVERDE, Grupo Cultural e Recreativo de Maçores e Associação Cultural e Recreativa da Lousa. Doctorando em História, na Universidade de Salamanca, desde 1999; Mestre em Arqueologia, pela Universidade do Porto, classificado com Muito Bom (1994-1999); Diplomado em Estudios Avanzados (História Moderna), pela Universidade de Salamanca, classificado com Sobresaliente (1999-2001); Licenciado em Ciências Históricas ramo do Património, pela Universidade Portucalense Infante D. Henrique, com média final de 14 valores, (1990-1994); Diploma do Curso de Formação de Professores do I° Grau, pela Associação Fluminense de Educação, Duque de Caxias, Rio de Janeiro (1979 -1980). Alguma da bibliografia, entre mais de centro e trinta títulos: no âmbito do
PARM, Carta Arqueológica do Concelho de Torre de Moncorvo, (Plano Director Municipal de Torre de Moncorvo, in Diário da República, n° 70, 1 Série B, de 23.03.95, Anexo Estações Arqueológicas, pp. 15921593), 1981 1991; c/ vários outros, Introdução a um programa de investigação regional, Projecto Arqueológico da região de Moncorvo, in Arqueologia, n° 11, GEAR Porto, 1985, 144;148; O Concelho de Freixo de Espada à Cinta no Século XVIII segundo dois manuscritos inéditos, Memó rias da Academia de História 1721 e Memórias Paroquiais 1758, Douro Arqueológico, Cadernos, 1, PARM, Porto, 1991; Memórias Paroquiais de 1758 in Terra Quente (Mirandela): Memória Setecencista de Vilarinho da Castanheira, n° 80. 1994: Memórias paroquiais (1758), n° 81, 1994; Memória setecentista de Carvalho de Egas e de Seixo de Manhoses, n° 82, 1994: Memória Setencista de Vila Flor, n° 84, 1995; Memória Setecentista de Alfândega da Fé, n° 86, 1995; As Memórias Paroquiais de 1758 do actual Concelho de Torre de Moncorvo, ao longo dos n°s. 197 a 218, 1999 a 2000; Mirandela em Meados do século XVIII, n° 144: 1997; A propósito da Regionalização, in jornal Terra Quente (Mirandela): A Regionalização do Regime Liberal, n° 104; 1995; Reformas Administrativas Liberais (1832 1836), Reflexos no Distrito de Bragança, n° 105, 1995; Reformas Administrativas Liberais (1832 1836), O Caso de Vilarinho da Castanheira, n° 107, 1996; Porções de território..., n° 114, 1996; Foi há 100 anos suprimido o concelho de Alfândega da Fé, n° 121, 1996; Ao longo da nossa história a extinção há 100 anos do concelho de Freixo de Espada à Cinta, in Boletim Municipal, Ano 7, n° 12, Freixo de Espada àCinta, 1992, 32; O Ferro e as Ferrarias de Moncorvo, in Brigantia, vol. XVII, n° 34, Bragança, 1996, 9 14; A Estação Arqueológica do Castelejo (Lousa, Moncorvo) sua descoberta e tentativa de interpretação, in Brigantia, vol. XVII, n° 3 4, Bragança, 1996, 15;29; A criação do distrito da Guarda no âmbito das reformas administrativas liberais (1832 1836), in Écôa, n° 24, Vila de Foz Côa, 1996; Torre de Moncorvo: Território e Administração (1285-1994), 2° Congresso Internacional sobre o Rio Douro, 25.IV a 01.V.1996, Vila Nova de Gaia, (Livro do Congresso, p. 19); c/ Paula Machado, Os expostos na região de Moncorvo, in Actas do Congresso Histórico/Páginas da História da Diocese de Bragança Miranda (1545 1995), Bragança, 1997, 173;186, A sociedade moncorvense no
Antigo Regime, in Actas do Congresso Histórico/Páginas da histórico da Diocese de Bragança Miranda (1545 1995), Bragança, 1997, 187;201: c/ Jose Ignacio de Ia Torre Rodriguez, o Douro, Vila Nova de Foz Côa e Torre de Moncorvo duas margens de alguma conflituosidade na Idade Média, in: Côavisão, Y4, Vila Nova de Foz Côa, 1998, 69;77; Torre de Moncorvo percursos e materialidades medievais e modernos, dissertação de Mestrado em Arqueologia, FLUP, Porto, 1994 98; A Criação do Concelho de Torre de Moncorvo, construção de fortaleza na sua sede e respectiva forma urbana, in: Carlos Alberto Ferreira de Almeida in memoriam, coord. Mário Jorge Barroca, vol. I, FLUP, Porto, 199, 23 32; As igrejas da vila de Torre de Moncorvo com estatuto de matriz (Séculos XIII -XVIII), in DOURO Estudos & Documentos, vol. IV, n° 8, Porto, 1999, 83;117; A itineração na antiga Comarca de Torre de Torre de Moncorvo, II Jornadas Culturais de Balsamão (01 a 05. X.1999), Convento de Balsamão (Chacim) e Torre de Moncorvo; O antigo Chafariz da Praça de Torre de Moncorvo no contexto do abastecimento público de água à Vila, in: Brigantia, vol. XX, Bragança, 2000, 43;51; O Município de Torre de Moncorvo no Século XVIII, in: lI Edição do Programa Nacional de Bolsas de Investigação para Jovens Historiadores e Antropólogos, Vol. I, Fundação da Juventude, Porto, 2000, 43;162; c/ Josep M. Mata Perelló, Chapa Cunha (Torre de Moncorvo, Portugal): un paso intermedio del camino de Ia farga catalana hacía el Brasil, Primer Simposi sobre Ia Mineria i Ia Metalúrgica Antiga al Sudoest Europeu, Universitat Politécnica de Catalunya. Serós, Catalunya, 05 a 07 V 2000; Torre de Moncorvo na cartografia antiga (Séculos XVI-XVIII), Ill Jornadas Culturais de Balsamão (04 a 08.X.2000), Convento de Balsamão (Chacim) e Alfândega da Fé; O castelo da Vila de Torre de Moncorvo (e contributos para a história da sua destruição), in: DOURO Estudos & Documentos, vol. V, n° 10, Porto, 2000 (2°), 73;98; A antiga Casa da Câmara e o Pelourinho de Torre de Moncorvo (contributo para o estudo do antigo património edificado da Vila), in: Brigantia, vol. XXI, Bragança, 2001, 69 77; Proposta de (re)demarcação da Comarca de Torre de Moncorvo segundo um manuscrito de José António de Sã (1795), in: Revista Aquae Flaviae, n° 25, Chaves, 2001, 119;142; Para a história do antigo Convento da SS. Trindade da Redenção dos Cativos, na Lousa, antiga Comarca de Torre de Mon corvo, IV Jornadas Culturais de Balsamão (31 X a 04.XI.2001), Convento de Balsamão (Chacim) e Miranda do Douro; Mineração e metalurgia em torno do jazigo de ferro de Torre de Moncorvo, in Actas 3° Congresso de Arqueologia Peninsular, vol. VIII, Porto, 2000 (Março de 2002), 367;382; O Património Cultural do Sul do Distrito de Bragança Segundo o Abade de Baçal tentativa de elaboração de índices temáticos às "Memórias Arqueológico Históricas", in: Brigantia, vol. XXII, Bragança, 2002, 9;96; O Abade Tavares, percursor da Arqueologia do Sul do Distrito de Bragança e o processo de concurso para Pároco de Carviçais (1899), no prelo in "Brigantia", Bragança, 2002.
ResponderEliminarIn iii volume do Dicionário dos mais ilustres Trasmontanos e Alto Durienses,
coordenado por Barroso da Fonte, 656 páginas, Capa dura.
O S. Martinho foi, é e sempre será a nossa festa, a festa de Maçores. Haja gaiteiro, palha e castanhas, e temos S.Martinho.
ResponderEliminarRecordo que, há largos anos e por varias vezes, a festa era combinada, organizada e feita na noite anterior. Leram bem, na noite anterior. Era miudo e recordo-me de na noite anterior, no café da Augusta o pessoal resolver que o S. Martinho tinha de ser feito. Então alguem ia a Miranda buscar o gaiteiro, outro ia tentar arranjar um organista para o arraial. Resultado: HAVIA S. MARTINHO.
O S. Martinho sempre foi isto, uma festa para a aldeia,e para todas as aldeias vizinhas. Toda a gente era bem recebida, em paz e armonia. Não há memória de desacatos, "numa festa de bebados".
Não querendo por em causa o artigo, nem a novidade apresentada este ano, nem querendo estar a apontar o dedo a potenciais "aves" que aparecem e se auto-promovem à custa de um povo e de uma tradição, só peço uma coisa: Não estraguem o S. Martinho, o nosso S. Martinho.
Venha quem vier, foi, é e será sempre bem recebido nesta "festa de bebados", onde só 3 coisas contam: Comer, beber e confraternização.
João Jorge