segunda-feira, 24 de abril de 2017

A propósito do 25 de Abril e de José Mário Branco.



A canção de José Mário Branco é o retrato poético e violento de uma geografia agreste, da terra e do homem, da luta do camponês até aos construtores de um império, entre o suor e o saque. Da servidão da Vilariça até às casas, com brasão, da Vila, num percurso de sofrimento.
Moncorvo terra e gente
pobre-rica, rica-pobre
nobre serva, serva nobre
entre passado e presente
entre presente e ausente
Foi das pedras
foi das pedras e das águas
do calor, do rosmaninho,
foi da torga, foi das fráguas
que nasceu
este império pequenino
Foi do sol
foi do sul e foi do gelo
foi do sonho e da roda
do Picôto e do Covêlo
que nasceu 
este império à nossa moda


Moncorvo torre e gente
pobre-rica, rica-pobre
nobre serva serva nobre
entre passado e presente
entre presente e ausente
Foi do calo
foi da pedra descoberta
da terra desempedrada
que nasceu
esta mina já deserta
Foi do roxo
foi do arrojo e do Douro
do tesouro de caliça
foi do velho e do vindouro
que nasceu
o sangue da Vilariça.

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