A moura
encantada de Adeganha
No antigo castelo de Adeganha [concelho
de Moncorvo] existia uma passagem subterrânea que depois foi tapada. Lá
dentro, ficou uma jovem moira que os cristãos haviam raptado e ali encerraram.
Era tecedeira e tecia fios de ouro. Pelo tempo fora, a moura ali ficou
encantada.
Um dia, um pastor andava por ali, guardando as cabras. Subiu ao cimo das ruínas do castelo e espreitou por um buraco. Viu umas escadas e desceu por elas. Começou a ver ouro, muito ouro. De repente, assustou-se e voltou a subir, cheio de medo. Ouviu então uma voz dizendo:
— Ah, ladrão, que me dobraste o encanto!
Um dia, um pastor andava por ali, guardando as cabras. Subiu ao cimo das ruínas do castelo e espreitou por um buraco. Viu umas escadas e desceu por elas. Começou a ver ouro, muito ouro. De repente, assustou-se e voltou a subir, cheio de medo. Ouviu então uma voz dizendo:
— Ah, ladrão, que me dobraste o encanto!
Era a voz da moura, lamentosa, que
ali continuaria, encantada, pelos tempos fora, O encanto só podia ser quebrado
por alguém que ali fosse à meia-noite do dia de S. João.
E foi o que aconteceu. Um outro pastor, que guardava ovelhas, deixou perder
uma delas que entretanto parira. Foi procurá-la de noite. Subiu ao castelo para
ver se escutava os balidos da ovelha e da cria. De repente, espreitou pelo
buraco. E lá dentro, viu uma toalha branca, de linho, cheia de figos secos. E
que apetitosos!...
Desceu, e foi encher os bolsos. Depois foi à procura da ovelha. Encontrou-a
junto ao castelo, presa em umas silvas e acariciando o cordeirinho. Então meteu
um figo à boca, mas era de ouro. Os figos eram todos de ouro fino Ouviu então
um barulho leve, como de avezinha, e uma palavra cheia de ternura e felicidade:
—Obrigada!
Era a moura que voava, livre, para junto dos seus. O encantamento havia
sido quebrado. Ficou da história uma quadra que o povo de Adeganha continua a
cantar:
“Aqui está Adeganha,
Toda ela engalanada!
Ao cimo tem o castelo
Com sua moira encantada!”
Fonte BiblioPARAFITA, Alexandre A Mitologia dos Mouros: Lendas, Mitos, Serpentes, Tesouros Vila Nova de Gaia, Gailivro, 2006 , p.323
Ano1721
Estas lendas, na sua simplicidade, são sempre uma maravilha..
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