Por José Manuel Remondes
A pensão do Sr. Anastácio
Era famosa e atraente
Não era nenhum palácio
Mas acolhia muita gente.
IIAcolhia viajantes
E também todo o estrangeiro
Por ali passavam negociantes
E gente de muito dinheiro.
III
Era o Sr. Anastácio Marrana
Proprietário desta Pensão
Que na época tinha fama
Era a melhor na ocasião.
IV
Muita gente por ali passou
Por Pensão Torre era conhecida
Mas já tudo acabou
Foi coisa bem esquecida.
V
Hoje está abandonada
Com o telhado a cair
Esta pensão tão falada
Não volta mais a servir.
VI
Muita gente ali comeu
E também ali dormiu
Muita coisa aconteceu
Fora o que nunca se viu.
VII
Quando o Sr. Anastácio se zangava
Andava tudo em reboliço
O empregado Casimiro é que pagava
Se não corresse bem o serviço.
VIII
Criadas ali não faltavam
Não porque fosse grande a féria
Mas muito trabalhavam
Porque nesse tempo havia miséria.
IX
O Sr. Anastácio ralhava
Mas tinha bom coração
Ali com fome ninguém ficava
O defeito era ser mandão.
X
Era duro com as criadas
Tinham que ser trabalhadeiras
Nem que fossem asseadas
Tratava-as mal com asneiras.
XI
Era esta pensão na altura
A melhor que Moncorvo tinha
Farta e com boa postura
Com boa comida e cama limpinha.
XII
Era uma casa bonita
Mas está a ficar danificada
Naquele lugar bem não fica
Só fica bem restaurada.
Foto tirada em 16 /10/2010
Estes versos e uma fotografia da pensão já foram postados por mim no antigo blogue "Torre de Moncorvo in blog".Dos 32 comentários ,escolho alguns mais oportunos.
ResponderEliminarElizabet almeida disse...
É pena ver o estado em que está esta pensão, penso que ninguém é responsável e quando for abaixo e ferir alguém (por exemplo, eu) a quem me devo dirigir? Gostava de saber! triste historia esta da pensão do Sr. Anastácio que faz parte do património de Torre de Moncorvo e termos de ver esta situação numa zona nobre desta localidade, um povo que não sabe preservar os seus monumentos (e a pensão do “Sr. Anastácio”, é) não merece ter essa designação, é um povo triste, um povo melancólico com o seu passado, enfim. Tristeza como por exemplo a igreja de torre de Moncorvo, num total abandono a que se chegou, tenho pena, é assim o meu País, é assim a terra que me acolheu,
Mas tenho fé que um dia estas coisas mudem e que este País, esta terra tenha o esplendor que teve noutros tempos
Terça-feira, 12 de Maio de 2009 11h30min00s WEST
Anónimo disse...
Dizem que a câamara tem um projecto para o velho edificio....Dizem que o IPPAR tem um projecto para a Igreja.O estado a que chegou a igreja, até doi a um ateu.Eu não quero que digam, quero que façam!E a entrada da vila com o solar dos Guerra?
Dizem na praça, que vão distribuir capacetes das obras para quem ande na zona histórica.
BOH!
Terça-feira, 12 de Maio de 2009 14h07min00s WEST
Continua:
ResponderEliminarAnónimo disse...
Lembro-me da Pensão Torre e dos enxames de caixeiros viajantes.
Lembro-me das obras do jardim no tempo do Dr. ,.Horácio e do fiscal António Batata. Construíram o lago e o repuxo e esqueceram-se da canalização.
Lembro-me do ar bonacheirão do senhor Anastácio.
Lembro-me da pensão das manas Pires (por cima da Praça Nova ,hoje Jardim) e da mesa redonda para todos os hóspedes .As manas eram família do Horácio Espalha.
Lembro-me da pensão Reboredo na rua do café Basílio e por cima do café do Rui, cuja mulher tinha um lugar de venda de peixe entre as Zirras e o Vilela, ao lado das Parrolas.
Lembro-me da pensão Grilo na rua do Peixe, junto aos bombeiros. Tinha um grilo pintado na tabuleta.
Lembro-me da tasca do Cadorna ,em frente da igreja ;da do Zé do Reis, com reservados para as tainas, onde hoje está uma empresa de contabilidade, na travessa das Amoreiras; da tasca da família do Viriato no inicio da Quebra Costas, antes do Grémio; da taberna do Júlio Ferrador (servia pregos?)no cimo da rua dos Palheiros; e da tasca do Carró, com púcaro de vinho ao lume ,peixe de escabeche e bom vinho do Peredo .Havia ,também ,uma tasca de peixe na ponte do Sabor. Era má e porca.
Lembro-me do café Moreira na praça das regateiras, com um bilhar no primeiro andar e uma escada em caracol prateada.
Lembro-me do café Basílio , dos combates de sueca e do café do Veiga junto à foto Peixe.
Pensões , cafés e tabernas era o que havia. Nenhum restaurante. Os passantes comiam na pensão, os da terra petiscavam nas tascas, e o café e o bagaço tomavam-se nos cafés da vila conforme o estatuto social e profissional.
Lembro-me de a minha mãe me dizer:” Vai ao Cadorna buscar um quartilho de vinho .Temos visitas”.
Lembro-me de às segundas os sapateiros não trabalharem e, ou estavam sentados no muro do adro a conversar e a ver quem passava, ou a beber no Cadorrna .
Um Braganção
Terça-feira, 12 de Maio de 2009 18h16min00s WEST
CONTINUA:
ResponderEliminarAnónimo disse...
Daqui saudo o sr. Remondes que postou estes belos versos ,com direito a foto e tudo, sobre a pensão do sr. Anastácio Marrana - de rima exemplar e o seu quê de marotice ( " muita coisa aconteceu fora o que nunca se viu..."), não falando já de um cheirinho q.b.de
luta de classes ( " não porque fosse grande a féria ... porque nesse tempo havia miséria" , "tratava-as mal com asneiras") e um toque descritivo pós-moderno ("naquele lugar bem não fica"). Um assombro sr. Remondes ! E bote aí mais versos se fizer o favor!
Daniel
Terça-feira, 12 de Maio de 2009 19h55min00s WEST
Anónimo disse...
O que fazer com a velha Pensão?
Outra Pensão?
Um bloco de apartamentos em condominio fechado?
Instalações para um polo do I.P.de Bragança?
Instalações para o Centro de Emprego?
Uma residencia privada para reformados?
Um clube de empresarios?
Uma residencia de estudantes?
Deitar abaixo para alargar o jardim?
um centro de lazer,leitura e investigação?
Uma casa de meninas de apoio aos trabalhadores da barragem?
Multi-sede dos partidos ?
UM SUPERMERCADO CHINÊS?
Ficar assim em homenagem aos proprietarios abcentistas?
Centro de convivio de ratos ,drogados e sem abrigo ?
Mais sugestões.
Terça-feira, 12 de Maio de 2009 19h57min00s WEST
CONTINUA:
ResponderEliminarAnónimo disse...
Felicitações ao Poeta e um agradecimento especial ao Leonel por nos trazer(postar),uma vez mais, "coisas" tão variadas e interessantes da nossa terra.
Abraços para ambos.
Um conterrâneo
Quarta-feira, 13 de Maio de 2009 10h13min00s WEST
Anónimo disse...
Quando derrubaram o Castelo foi em nome do progresso.
Quando infestaram de casas as hortas ,entre a Corredoura e a vila ,foi em nome do progresso.
Quando arrancaram os balcões das casas,foi em nome do progresso.
E, em nome do progresso defendo a reconversão da pensão em casa multiusos;meninas ,travestis,stripers,alterne,acompanhantes,concursos de t-sirt monhada,despedida de solteiros/as...
H.E.j
Quarta-feira, 13 de Maio de 2009 12h09min00s WEST
Continua:
ResponderEliminarAnónimo disse...
Divulgem ,por favor, mais poetas populares.Anunciaram a saída de um livro,em boa hora, editado pela câmara, de poesia.Agora venham alguns poemas!
O Pucareiro que envie, o que tem, da sua colecção dos poetas do Felgar.
Quadras da "Majora" que é da cordoira,terra da Júlia.
Uma leitora
Quarta-feira, 13 de Maio de 2009 12h32min00s WEST
Anónimo disse...
Quem consentiu aqueles anúncios aberrantes em plena praça?
O Centro Histórico tem que ser respeitado e julgo que a Câmara tem andado no bom caminho.Serão aquelas latas coloridas anteriores à actual câmara?
Nao há lei que nos defenda (câmara incluida)destes "crimes"?Ou "Paço" despercebido?
Limpem a Praça que ainda é a nossa sala de visitas!
uma moncorvense com orgulho
Quarta-feira, 13 de Maio de 2009 15h21min00s WES
Leonel Brito disse...
Não pertencendo àquilo que se considera poesia culta ,os poetas populares são, na maioria das vezes, personalidades ricas ,conhecedoras profundas das diversas realidades da sociedade ,senhores de grande sensibilidade e filosofia de vida, que os leva a retratar a realidade social com a ironia própria de quem está sempre atento aos acontecimentos ,às situações que observam quotidianamente .A ironia ,a troça ,a caricatura ,mas também a dor pessoal e a injustiça (leia-se António Aleixo) estão normalmente presentes nos seus versos que, não sendo “cultos”,são incisivos, certeiros, muitas vezes moralistas.
Os motivos que os inspiram são variados ,e o traço dominante é a sátira ,não possuíssem eles o ADN dos autores das cantigas de escárnio e maldizer tão genuinamente portuguesas.
Da obra de Remondes, infelizmente só conheço estes versos, exemplo vivo do conceito que tenho da poesia popular .Daí o meu empenho em colocá-lo no blogue, como explico no post.
Leonel
Quarta-feira, 13 de Maio de 2009 16h30min00s
Anónimo disse...
Subscrevo inteiramente o que disse a Moncorvense com Orgulho - aquelas latas lá atrás, fluorescentes ou não, são uma vergonha, e a outro qualquer não lhas tinham permitido!!! (parece que às vezes parece que é preciso condescender com certos srs...)
Quarta-feira, 13 de Maio de 2009 16h34min00s WEST
CONTINUA:
ResponderEliminarAnónimo disse...
Há mais latas e fios a limpar.Indicar estes crimes ao património é um dever civico.
E ha outros chocantes como aquele que está à entrada do Distrito de Bragança ,passando a a ponte nova do Pocinho.Diz:Estrada em mau estado.
Há 3 anos que lá está.
Se sabem ,pois até se gabam, anunciando,porque não arranjam a estrada!
M.C.
Quarta-feira, 13 de Maio de 2009 16h50min00s WEST
Anónimo disse...
O Remondes tem computador com internet?Quem o avisa, que andam por aqui uns melros a cortar na casaca.E, se gosta,caro Remondes é altura de umas quadras ao blog.
Mais originais,mais estórias contadas em verso.
M.C.
Quarta-feira, 13 de Maio de 2009 22h20min00s WEST
ANIMAÇÃO SOCIAL E SOCIOCULTURAL disse...
ResponderEliminarÉ com muita emoção que encontro este conjunto de referencias a Anastacio Marrana, meu avô e a Pensão da Torre. Foi lá que nasci e lá vivi até á minha juventude.
Ao nelsom uma palavra amiga e agradecida pela memória, a sátira e a acutilancia. A todos quanos recordam o Sr. Anastácio e se lembram da inscrição no topo do portão S.A.P. 1904 - que assinalava a data da recontrução da casa (Sebastiao António Petornilho - 1904)- e que os miudos da"vila" iam dizendo para irritar o meu"velho" Senhor Anastácio Pesa 1904 kilos!
Obrigado a todos!
João Marrana
Filipe Rocha: infelizmente, entre esta casa ha muitas outras, algumas delas apalaçadas e solarengas...
ResponderEliminaré uma pena para quem conhece moncorvo em todo o seu espelndor e beleza chegar a parte historica da vila e deparar-se com tamanha degradação...
deixa-me s...inceramente triste
Luis Ricardo :O casino que eu frequentava... era também a casa do Shine.
ResponderEliminar...as criadas eram fechadas a sete chaves na pensão torre,os pretenfentes tinham que usar as manhas dos gatos para chegar ao queijo, mas havia dois obstáculos a ultrapassar, um era o velho marrana que alerta, noite dentro, aparecia, ao mínimo ruido, nas escadas do balcão em pijama, com gorro á forcado, equipado com uma lanterna e de pistola em punho, obrigando a saídas de emergência pelo quintal, mas aí aprecia o segundo precalço que eram as abelhas incomodadas nas suas colmeias, tombadas no acto da fuga, desatavam a picar os intrusos por tudo o que era sítio. Escusado será dizer que as criadas eram injuriadas e fechadas a sete chaves como mandavam os bons costumes....
ResponderEliminarcontos recolhidos junto de manuel pestana
Vi tantos comentários, que pensei em não escrever mais nada.
ResponderEliminarMas a verdade é que não quero abalar sem deixar um abraço ao grande Remondes, o Poeta de todos nós.
Júlia
Pese embora algumas críticas, penso que andei bem, enquanto director do jornal Terra Quente, ao convidar o meu amigo Remondes para publicar os seus versos naquele quinzenário... Afinal de contas, é no Terra Quente que estão alguns dos melhores textos escritos sobre esta terra, nas diferentes áreas: textos de J. M. Remondes, A. A. C. Castro, Arnaldo Gonçalves, Gil T, Júlia Ribeiro, Álvaro Teixeira, Carlos Seixas, padre Pinto, Geraldes, Carlos e Lurdes Girão, Amnélia Madaleno... J. Andrade
ResponderEliminarEra fixe que todos esses textos fossem reutilizados aqui.Pode ser?Pedido feito ao senhor António Júlio Andrade e à malta que faz o blog
ResponderEliminarOlímpio Rodrigues disse: Não tenho o prazer de o conhecer pessoalmente , mas permita- me o atrevimento do pedido para aceitar um, tão simples quão sincero,abraço, " embrulhado " num guardanapo feito de humildade , pelo seu trabalho na divulgação da nossa terra e raízes. Obrigado SR. Lelo.
ResponderEliminarJoao Marrana disse:Não podia deixar aqui um profundo agradecimento a todos os que me ajudam diariamente a recordar a "minha terra". Hoje, particularmente emocionado com este poema do REmondes, dedicado ao homem que é e será sempre o meu ídolo: o meu avô Anastacio Marrana.
ResponderEliminarJoao Marrana disse:Ver esta casa neste estado, é... indiscritivel. Era para ser uma escola... um centro de qualquer coisa e acaba por ser coisa nenhuma.
ResponderEliminarMarco Deus disse: Tendo em conta a importância que o edifício teve, bem como a beleza arquitectónica do mesmo, é importante que este seja recuperado, nem que seja pelo facto de estar perigosamente degradado e em risco de ruir. É verdade que em Moncorvo exist...em inúmeros edifícios históricos e a precisar de atenção, mas este, pelo enquadramento geográfico e pelo valor sentimental que possuí é daqueles que urge dar um "bocadinho" mais de atenção.
ResponderEliminarRui Manuel disse : pensem no local como Projecto e reunam xe com o sr presidente da camara num repasto acompanhado por tinto da casa e nostalgias aparte com euros a mistura=
ResponderEliminarLuís Afonso Guardado disse: Quantas casas/solares estãoa cair?Deviam publicar um álbum com todas.Para nossa vergonha .
ResponderEliminarRui Manuel disse: a vergonha faz parte do passado====
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