segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Câmara de Moncorvo investiga raízes transmontanas do escritor Jorge Luís Borges

Da esquerda para a direita : JorgeLuís Borges,inspector Costa,dr.Joaquim Ribeiro
 e senhor Frederico Mesquita
.

“Embaixada” moncorvense a Lisboa em 1984,aquando da entrega do título de Cidadão Honorário
 da nossa terra ao grande escritor com raízes moncorvenses.
Que os antepassados do escritor argentino Jorge Luís Borges eram transmontanos, é um facto conhecido. O próprio Borges tentou identificar a linhagem do bisavô português em 1921, durante uma visita a Portugal. "Quando consultámos a lista telefónica, havia tantos Borges que era como se não existisse nenhum. Tinha cinco páginas de parentes". Agora, a Câmara de Moncorvo e a Embaixada da Argentina vão investigar as origens do escritor.
A Câmara de Torre de Moncorvo e a Embaixada da Argentina em Portugal deram início a um processo que vai culminar com um estudo e um documentário sobre as raízes transmontanas do escritor argentino Jorge Luís Borges. O trabalho vai ser desenvolvido em parceria com a Universidade Nacional San Martin, na Argentina, e pretende desenvolver um estudo genealógico sobre a ascendência de um dos mais importantes escritores argentinos, Jorge Luís Borges.
O anúncio foi feito este sábado pelo representante em Portugal da Argentina, Jorge Arguello, na praia fluvial da Foz do Sabor, onde decorre a primeira edição do Sabor D'ouro Summer Fest Wine. 
A investigação genealógica vai percorrer cerca de 200 anos de história, até se chegar às raízes transmontanas do escritor, que nasceu em Buenos Aires (capital da Argentina) em 24 de Agosto de 1899.
No ano de 1850, o bisavô do escritor, Francisco Borges, saiu de Torre de Moncorvo, integrado numa expedição militar portuguesa que atracou na região argentina do Rio de la Plata, e nunca mais regressou a Portugal.
"Temos a certeza que Jorge Luís Borges é bisneto de Francisco Borges. Não estamos é certos das circunstâncias do nascimento de Francisco Borges", frisou o diplomata, que visitou o município para tentar estabelecer um convénio entre a UNSM e a Câmara de Torre de Moncorvo.
"Dentro em breve, a universidade argentina vai enviar uma equipa de filmagens, tendo em vista seguir o rasto do bisavô de Jorge Luís Borges", especificou.
O próprio Borges terá tentado identificar a linhagem durante uma visita a Portugal, em 1921. Anos mais tarde, contaria numa entrevista as dificuldades da investigação.
"Quando consultámos a lista telefónica, havia tantos Borges que era como se não existisse nenhum. Tinha cinco páginas de parentes. O infinito e o zero assemelham-se. Não podia telefonar a cinco páginas de pessoas e perguntar: 'Diga-me uma coisa: na sua família houve um capitão chamado Borges, que embarcou para o Brasil em fins do século XVIII ou princípios do XIX?...'".
A referência aos antepassados portugueses é feita aliás num dos seus poemas. "Nada ou bem pouco sei dos meus ancestrais / Portugueses, os Borges: vaga gente / Que na minha carne, obscuramente / Prossegue os seus hábitos, rigores e temores. / Ténues como se nunca tivessem sido / E alheios aos trâmites da arte / Indecifravelmente fazem parte / Do tempo, da terra e do olvido. / Melhor assim. Cumprida a odisseia / São Portugal, são a famosa gente / Que forçou as muralhas do Oriente / E se deu ao mar e ao outro mar de areia.”
O escritor, que era um grande fã das obras camonianas e de Eça de Queiroz, comentava ainda, a propósito da investigação genealógica sobre os seus antepassados: "Descobri com tristeza que um inimigo de Camões se chamava Borges e tiveram um duelo".
Agora, os investigadores vão tentar esclarecer o mistério que rodeia o bisavô de Borges e a história dos seus antepassados.


P.T.A. (com Lusa)
         http://lelodemoncorvo.blogspot.pt/2013/08/jorge-luis-borges-e-moncorvo.html

4 comentários:

  1. Anibal Andrade :
    Uma excelente iniciativa....

    ResponderEliminar
  2. Dida Garcia :
    Acho muito bem.

    ResponderEliminar
  3. Foi preciso esperar 29 anos para se tomar esta medida .Reclamada pelo núcleo de investigadores só agora se concretiza.Parabéns há lucidez da nova autarquia.
    J.B.

    ResponderEliminar

Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.