Que os antepassados do escritor
argentino Jorge Luís Borges eram transmontanos, é um facto conhecido. O próprio
Borges tentou identificar a linhagem do bisavô português em 1921, durante uma
visita a Portugal. "Quando consultámos a lista telefónica, havia tantos
Borges que era como se não existisse nenhum. Tinha cinco páginas de
parentes". Agora, a Câmara de Moncorvo e a Embaixada da Argentina vão
investigar as origens do escritor.
A Câmara de Torre de Moncorvo e a
Embaixada da Argentina em Portugal deram início a um processo que vai culminar
com um estudo e um documentário sobre as raízes transmontanas do escritor
argentino Jorge Luís Borges. O trabalho vai ser desenvolvido em parceria com a
Universidade Nacional San Martin, na Argentina, e pretende desenvolver um
estudo genealógico sobre a ascendência de um dos mais importantes escritores
argentinos, Jorge Luís Borges.
O anúncio foi feito este sábado
pelo representante em Portugal da Argentina, Jorge Arguello, na praia fluvial
da Foz do Sabor, onde decorre a primeira edição do Sabor D'ouro Summer Fest
Wine.
A investigação genealógica vai
percorrer cerca de 200 anos de história, até se chegar às raízes transmontanas
do escritor, que nasceu em Buenos Aires (capital da Argentina) em 24 de Agosto
de 1899.
No ano de 1850, o bisavô do
escritor, Francisco Borges, saiu de Torre de Moncorvo, integrado numa expedição
militar portuguesa que atracou na região argentina do Rio de la Plata, e nunca
mais regressou a Portugal.
"Temos a certeza que Jorge
Luís Borges é bisneto de Francisco Borges. Não estamos é certos das
circunstâncias do nascimento de Francisco Borges", frisou o diplomata, que
visitou o município para tentar estabelecer um convénio entre a UNSM e a Câmara
de Torre de Moncorvo.
"Dentro em breve, a
universidade argentina vai enviar uma equipa de filmagens, tendo em vista
seguir o rasto do bisavô de Jorge Luís Borges", especificou.
O próprio Borges terá tentado
identificar a linhagem durante uma visita a Portugal, em 1921. Anos mais tarde,
contaria numa entrevista as dificuldades da investigação.
"Quando consultámos a lista
telefónica, havia tantos Borges que era como se não existisse nenhum. Tinha
cinco páginas de parentes. O infinito e o zero assemelham-se. Não podia
telefonar a cinco páginas de pessoas e perguntar: 'Diga-me uma coisa: na sua
família houve um capitão chamado Borges, que embarcou para o Brasil em fins do
século XVIII ou princípios do XIX?...'".
A referência aos antepassados
portugueses é feita aliás num dos seus poemas. "Nada ou bem pouco sei dos
meus ancestrais / Portugueses, os Borges: vaga gente / Que na minha carne,
obscuramente / Prossegue os seus hábitos, rigores e temores. / Ténues como se
nunca tivessem sido / E alheios aos trâmites da arte / Indecifravelmente fazem
parte / Do tempo, da terra e do olvido. / Melhor assim. Cumprida a odisseia /
São Portugal, são a famosa gente / Que forçou as muralhas do Oriente / E se deu
ao mar e ao outro mar de areia.”
O escritor, que era um grande fã
das obras camonianas e de Eça de Queiroz, comentava ainda, a propósito da
investigação genealógica sobre os seus antepassados: "Descobri com
tristeza que um inimigo de Camões se chamava Borges e tiveram um duelo".
Agora, os investigadores vão
tentar esclarecer o mistério que rodeia o bisavô de Borges e a história dos
seus antepassados.
P.T.A. (com Lusa)
http://lelodemoncorvo.blogspot.pt/2013/08/jorge-luis-borges-e-moncorvo.html
Ana Diogo :Excelente!!
ResponderEliminarAnibal Andrade :
ResponderEliminarUma excelente iniciativa....
Dida Garcia :
ResponderEliminarAcho muito bem.
Foi preciso esperar 29 anos para se tomar esta medida .Reclamada pelo núcleo de investigadores só agora se concretiza.Parabéns há lucidez da nova autarquia.
ResponderEliminarJ.B.