Esta foto das 3 irmãs ceguinhas da Açoreira tem 50 anos, serviram de mote a uns versos escritos pelo Manquinho da Açoreira em forma de reportório. O Manquinho, cujo primeiro nome era Francisco, era natural da Açoreira onde tinha uma casa modesta de xisto e era tocador exímio de instrumentos de corda. O seu preferido era a «rabeca», com que acompanhava a sua primeira mulher,Maria, no canto. Tocava em tabernas, feiras e mercados, passando grandes temporadas em Castelo Branco de Mogadouro e Santiago, onde está sepultado. Teve dois filhos conhecidos, um rapaz de nome Santiago e uma menina de nome Del Pilar, que, a demanda do comerciante David Sarapicos, foram entregues a familia de adopção. Muito se conta deste homem que, paralisado dos membros inferiores, não deixava fazer o ninho atrás das orelhas e, irritado, dava saltos de rã com a ajuda dos membros superiores e defendia-se das picardias do mais pintado, mas era na música que ele dava cartas, ensinando muitos tocadores e deliciando quem o escutava. Quando questionado pelo tiuo Fachico de Felgueiras se ele tocava por pauta ou ouvido, ele respondeu: "Toco por necessidade...".A sua 2ª mulher de nome Albertina ajudava-o não no canto mas na arte do vime, quando as moedas escassas no chapéu eram insuficientes ao conduto no inverno. A sua rabeca encontra-se em Mogadouro na posse dum privado que foi sensível ao mérito deste homem que gozava de fama no planalto e zonas raianas, onde era conhecido por Manquinho da Açoreira.
Paulo Patoleia
Publicado em 4/04/14
Conheci o Manquinho da Açoreira e ouvi-o tocar rabeca nas feiras em Moncorvo. De facto, tocava muito bem.
ResponderEliminarJúlia
É uma lenda de moncorvo,parece que morreu de uma maneira trágica no reboredo.Estas figuras deviam ser estudadas pelos nossos homens de letras.Se o manquinho tivesse morrido antes de Cristo todos queriam estudar os ossos.Há vilas que lhes dedicam livros ,fazem exposições de pinturas com os seus retratos e das poucas fotografias que lhes tiraram em vida.
ResponderEliminarLeitor
Parabéns ao fotógrafo Paulo Patuleia por nos trazer esta foto e o texto que a acompanha.Não há nunhuma foto do Manquinho?Nem o professor Arnaldo tem?
ResponderEliminarNa verdade o Manquinho da Açoreira era uma lenda. Eu não o conheci mas em Felgueiras falavam muito nele. J. Andrade
ResponderEliminarPaulo. Porque não publica os versinhos feitos pelo manquinho sobre as 3 irmãs da foto? Penso que isso será interessante. J. Andrade
ResponderEliminarI
ResponderEliminarNo ambiente da vida
Existem três irmãzinhas
Por azar ou casualidade
Ficaram as três ceguinhas
II
Quando eram criancinhas
A escola frequentaram
Ainda aprenderam a ler
Mas hoje já não podem ver
As letrinhas que estudaram
III
Ao chegarem aos vinte anos
Honestas e sem vaidade
Foi que ficaram ceguinhas
Aquelas três irmãzinhas
Na flor da sua idade
IV
Das três a mais nova
Tem o nome de Olímpia
Todos causam admiração
Pega na agulha na mão
Enfia com a língua
V
Apesar do infortúnio
Assim vivem todas três
A qualquer Hora do dia
Rezam à virgem Maria
Pelo povo português
VI
Onde isto acontece
Há lá serras e vales
É no povo da Açoreira
No lugar da Pissareira
Onde carplam os seus males
Mais um inspirado poeta popular e músico autodidacta que ,se fosse instruido,teria ido longe e teria sido reconhecido como artista."Toco por necessidade",respondeu ele a quem lhe perguntou se tocava por pauta.Diz-se que a necessidade aguça o engenho.Como ele,quantos artistas,poetas,sábios,filósofos desconhecidos ou esquecidos não haverá (terá havido)no nosso concelho?Não seria justo dar o nome deste Homem a uma rua da Açoreira,sua terra natal?
ResponderEliminarUma moncorvense
Eu como vizinho conheci bem as três irmãs e a maneira como viviam, quantas horas passei eu para enfiar a agulha com a língua,nunca consegui,tambem queria lembrar que a Ti Celeste subia ao olmo e ripava a saca de folha para os porcos cada vez que era preciso.
ResponderEliminarCom respeito ao Ti Manuel Manquinho também o conheci,várias noites o ouvi tocar a rabeca na taverna do Ti Adelino,também tive a ocasião de o ver enervado quando a malta nova na brincadeira o provocava de longe, de perto não o faziam pois havia o risco de levarem com a muleta,quando o Manquinho estava com os copos o que mais o enervava era quando um de longe lhe dizia chiste e lá vinha a fraze que todos esperavam qual, foi o cobarde que fez chiste L
Parabéns ao Paulo, por nos trazer estas memórias da Açoreira...O nosso Manquinho, era o nosso embaixador no distrito.Era muito conhecido. O próprio Rogério Rodrigues, lhe dedicou um texto muito poético, no extinto jornal " O Jornal"
ResponderEliminarAntónio Mourão
Eu, como filha fiquei sensibilizada com esta pagina muito mais gostaria de saber, aqui fica o meu e-mail delpilarcascais@hotmail.com. obg,
ResponderEliminarEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarAcaba de recibir esta publicación sobre Manquinho da Açoreira...He llorado al leer lo que el escribió, pero mas aún me ha llegado al corazón, todos los comentarios que la gente hace sobre él... No tuve la suerte de conocer a Manquinho...de darle un fuerte abrazo como cualquier nieta puede hacer...Maquinho era mi abuelo, soy hija de Santiago...y poder leer sobre su persona después de tantos años de su muerte, es un gran orgullo para mi, saber que era buena persona, que era un luchador a pesar de haber perdido sus piernas. Sé que esté donde esté, estará orgullo de su hijo (mi padre), al que se le iluminan los ojos cuando habla de su infancia, una infancia dificil pero llena de recuerdos...hoy por hoy, como veréis, vivimos en España, pero aun habiendo nacido aqui...la mitad de mi corazón, está en Portugal.
ResponderEliminarMi mas sincero agradecimiento a Paulo por regalarnos estas bonitas memorias, las cuales quedarán por siempre en mi recuerdo.
Elena (nieta de Manquinho da Açoreiras).
Antonio Cangueiro :
ResponderEliminarNão é lenda, é a realidade da vida, eu ouvi muitas vezes minha mãe falar do Manquinho da Açoreira e como ele tocava a sua rebeca.
Passados quase 3 anos ainda aqui volto, porque não tinha lido os versos às três irmãs ceguinhas da Açoreira. Quadras de inspiração popular muito bem feitas, com ritmo para serem tocadas e cantadas.
ResponderEliminarConcordo com "Uma Moncorvense" quanto a ser atribuído a uma rua da aldeia o nome do Manquinho da Açoreira.
Júlia Ribeiro
Gostei muito de ler esta história, bem como os comentários que se seguiram. Fascinante e, de facto, devia ser preservado.
ResponderEliminarOs versos são deliciosos. Obrigada.
Eu conheci as ceguinhas,más o manquinho no me lembra ,o meu pai si que me falou de el,erao todos boas pessoas e ficarao como bons Acoreirenses , obrigado patoleia.
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