sexta-feira, 1 de março de 2013

“Nessa não caio eu”,por Júlia Ribeiro


Há uns tempos, um colega da minha filha pediu-lhe para lhe passar uma doente a quem só faltava fazer a prova de esforço, dado que ele tinha de sair dentro de 2 ou 3 minutos.
A doente, uma senhora dos seus 70 anos, entrou e quando viu que a “prova de esforço” era caminhar numa passadeira em movimento, recusou em absoluto.
“Não e não!!  Nunca entrarei nessa coisa. Nem pensar”.
A minha filha disse à técnica; “Vá depressa ao gabinete do Dr.Ferreira e, se ele ainda lá estiver, diga-lha que a doente recusa fazer a prova de esforço”.
O Dr. Ferreira chegou com a bata já meio despida e diz para a doente: “Então, Dona Sofia, isso é uma coisa tão simples. Vá, eu ajudo-a.”
“Não, Sr. Doutor. Isso é uma cobra a rastejar. Quando vou ao Continente com a minha filha, ela bem insiste para eu subir para essa coisa, mas eu prefiro ir pela escada, devagar mas descansada. Garanto-lhe que nessa não caio eu”.
“Olhe,vou mostrar-lhe como é fácil. Veja, não tem mal nenhum”.
E dizendo isto subiu para o tapete mas, sem querer,  tocou no botão que punha o dito tapete a rolar. Com tanto azar que uma ponta da bata se prendeu e repuxou o médico que, na confusão, imprimiu mais velocidade ao tapete e o Dr. Ferreira caiu de costas, magoando-se e ficando de casaco roto.
A técnica correu a fazer parar a máquina, enquanto a senhora Dona Sofia ia dizendo:
“Eu não o avisei, Sr. Doutor? Eu bem que o avisei. Aí é que ninguém me apanha. Não, não. Nessa não caio eu”.

27 deFevº de 2013
Júlia Ribeiro

5 comentários:

  1. Ana Paula Costa escreveu: ...os mais velhos têm sempre razão!!!...fala a voz da experiência!!! Obrigada pela partilha!!! Boa tarde!!!

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  2. Caso para dizer, não foi por falta de aviso! :) Sorrisos e um abraço, Júlia!

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  3. A Boa desposição desta senhora é notavel. Mesmo nesta altura de tristeza e raiva, como ela disse noutro texto que li aqui no blogue á dias e que gostei muito.



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  4. Olá, Amigos:

    Obrigada e um abação para todos

    Júlia

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  5. Querida Julinha:
    Nesta tarde cinzentona que bem me soube ler esta "estória".
    Beijinhos e mto obrigada.
    I.G.

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