sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Teatro Campo Alegre - "Assim, tipo… dança contemporânea" de Tiago Rodrigues

A nova criação da Companhia Instável, desta feita por Tiago Rodrigues, Assim, tipo… dança contemporânea, estreia no Teatro do Campo Alegre, a 6 de Dezembro
Este espectáculo surge no âmbito da parceria estabelecida entre a Câmara Municipal do Porto/Teatro do Campo Alegre e a Companhia Instável e é considerado a apresentação anual da companhia.
Tiago Rodrigues é o mais recente criador convidado para colaborar com a Companhia Instável. “Assim, tipo… dança contemporânea.” é um espectáculo que inaugura uma nova prática: quer-se que a dança, a dança contemporânea, se cruze com outras expressões artísticas e que os intérpretes – centro da acção e propósito desta companhia que a cada momento se forma, vive e depois se desfaz – experimentem outros processos, outras formas de fazer e de criar. Este é um espectáculo com iguais doses de ironia e ingenuidade.
Tiago Rodrigues é actor, encenador e dramaturgo, autor de textos representados em português, inglês e francês em cerca de 14 países da Europa, Médio Oriente e América do Sul. Da sua obra mais recente, destacam-se “Se uma janela se abrisse”, nomeado para o Prémio SPA de Melhor Espectáculo de 2010, a “Tristeza e Alegria na Vida das Girafas”, considerado pela Time Out um dos melhores espectáculos de 2011, e “Três dedos abaixo do joelho”, um dos trabalhos que representou a criação portuguesa em Junho de 2013, no programa Chantiers d’Europe no Théâtre de la Ville em Paris.
Colaborou como coreógrafo Rui Horta, o encenador libanês Rabih Mroué e com o realizador João Canijo, entre outros. Trabalha regularmente com a companhia belga tg STAN e é professor de teatro convidado em várias escolas de artes europeias, destacando-se a escola de dança contemporânea PARTS, dirigida pela coreógrafa Anne Teresa De Keersmaeker.
Criada em 1998, a Companhia Instável trabalha no sentido de criar oportunidades de desenvolvimento artístico e profissional aos intérpretes na área da dança. Uma companhia que é, como o nome indica, instável. A cada ano e com cada criador se constitui, através de audições, cria, faz circular o trabalho desenvolvido e depois se dissolve dando lugar a outro criador e a novos intérpretes. Trabalharam com a Companhia Instável, entre outros, Nigel Charnock, Bruno Listopad, Ronit Ziv, Javier de Frutos, Wim Vandekeybus, Rui Horta, Madalena Victorino e, mais recentemente, Hofesh Shechter.
No âmbito da parceria estabelecida entre a CMP e a Instável, para além da apresentação anual, nos palcos do Teatro do Campo Alegre têm vindo a ser apresentadas, desde março de 2012, à média de uma por mês, estreias de dança contemporânea, enquadradas no ciclo “Palcos Instáveis”.

Sinopse:
Pedir a um artista de teatro para criar uma peça para bailarinos é assim, tipo… dança contemporânea. Começar a criar uma peça pedindo às pessoas mais diversas para descreverem, em tempo real, o que vêem quando um bailarino dança é assim, tipo… dança contemporânea.Obedecer ao relato das pessoas mais diversas para construir uma coreografia é assim, tipo… dança contemporânea. Acreditar que qualquer pessoa pode ser um coreógrafo é, extremamente, assim, tipo… dança contemporânea. Não saber completamente o que vai acontecer em palco quando o espectáculo começa é assim, tipo… dança contemporânea. Ter um título para a peça onde se encontram doses iguais de ironia e ingenuidade é, sem sombra dúvida, assim, tipo… dança contemporânea.

Tiago Rodrigues

1 comentário:

  1. Anónimos 'comandam' a nova criação da Companhia Instável, em estreia hoje no Porto.
    A Companhia Instável tem um modus operandi peculiar: todos os anos é convidado um coreógrafo, que recruta os intérpretes através de audições. Mais do que nunca, em 2013, a estrutura fez jus ao nome, já que o criador escolhido, Tiago Rodrigues, veio do mundo do teatro. O actor, encenador e dramaturgo tem assim a sua primeira experiência como coreógrafo - e o próprio garante que provavelmente será a última. Assim, tipo... dança contemporânea é o resultado de um trabalho de pesquisa iniciado em Maio e que estreia hoje, às 21h30, no Teatro do Campo Alegre, no Porto.
    O espectáculo partiu da ideia de que qualquer um pode ser coreógrafo. Por isso, na sua génese estão descrições do movimento dos bailarinos, efectuadas por anónimos recrutados junto aos locais de ensaio e sem qualquer ligação à dança contemporânea. Nos primeiros minutos, os três intérpretes (Bruno Alexandre, Diletta Bindi e Liliana Garcia) parecem autómatos, face às ordens que se ouvem ou são projectadas em vídeo no palco, mas depois como que vão ganhando personalidade própria.

    “Aceitei o desafio com muito prazer, mas esbarrei com um imenso desconhecido e a cobardia que daí advém”, diz ao SOL Tiago Rodrigues, que encontrou nas palavras do público sobre a dança uma espécie de “língua franca” que aproximou a sua formação teatral da experiência dos bailarinos. “Trabalhámos algumas ideias básicas e mostrámos às pessoas. Em vez de coreografar as minhas ideias, decidi editar e reescrever o que é dito para ser dançado”.

    O resultado é irónico e por vezes cómico: as descrições alternam entre o factual ('levanta os braços' ou 'mexe os pés'), o metafórico (expressões como 'espasmos' e 'posição de macaco') e a apreciação crítica ('está perfeito' ou 'isso é muito forte'). As palavras raramente conseguem descrever todo o movimento, pelo que sobra muito espaço para a criatividade dos intérpretes.

    Após a estreia, Assim, tipo... dança contemporânea - uma frase usada por um dos anónimos recrutados - deverá ser apresentado em várias salas do país.

    online@sol.pt

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