quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

TORRE DE MONCORVO - EFEMÉRIDES (01/12)

1 Dezembro 1618 – Manuel Rodrigues Isidro, um grande capitalista de Torre de Moncorvo regressava a casa, vindo de Madrid por Lisboa. Na passagem por Coimbra, foi preso pela Inquisição, acusado de se comportar como judeu. No entanto, depois de ler o seu processo, fica-se com a ideia de que na origem desta prisão estariam motivos políticos mais do que religiosos. Com efeito, uns meses antes, ele escrevera uma carta ao rei Filipe III (de Espanha, II de Portugal) denunciando várias tropelias cometidas pelos homens da nobreza e governança de Torre de Moncorvo, nomeadamente o desvio de dinheiros públicos resultantes da venda em hasta pública das roldanas, da madeira e das cordas utilizadas para se fazer a cobertura da igreja matriz, o que motivou a prisão de umas 9 ou 10 pessoas da maior nobreza da terra. Claro que estes não perdoaram ao denunciante e, mercê das influências que tinham em Lisboa e nas cúpulas da Inquisição, conseguiram que o Isidro fosse preso, sob pretexto de ter feito práticas judaicas. Aliás, desde há muitos anos que Manuel Isidro, a sua família e a generalidade dos cristãos-novos de Torre de Moncorvo sustentavam um forte luta política com os camaristas e a elite da nobreza dita cristã-velha da terra. Um episódio dessa luta acontecera em 17 de Maio de 1599, quando o meirinho Diogo Monteiro, o juiz Francisco da Rosa Pinto, o escrivão Bartolomeu de Castro, o padre e familiar da Inquisição Pascoal Camelo e outros mais “caíram sobre ele às estocadas e o matariam se não se refugiasse na sua casa” à rua dos Sapateiros. Saiu da refrega com alguns ferimentos e “metade da sua mão decepada”. Seguiu-se uma devassa feita pelo dr. António Cabral, da Relação do Porto, de que resultou a prisão de alguns e a fuga de outros para o couto de Miranda do Douro. O meirinho Diogo Monteiro e o padre Pascoal Camelo, por seu turno, fizeram um outro relatório, denunciando que ele blasfemara “jurando pelas tripas de Deus e dos santos” e que fizera práticas judaicas, do que havia testemunhas, as quais indicavam. Este relatório foi entregue ao vigário geral que o mandou para o arcebispo de Braga e este para a Inquisição. Para ali também escreveu Manuel Isidro a defender-se, tentando provar que tudo não passava de uma conjuração. Deste caso, nada resultou, como se vê do processo nº 5151 do tribunal da Inquisição de Coimbra. Isto em 1599.

Em 1618 foi diferente. Manuel Isidro ficou preso em Coimbra durante 5 longos anos ao fim dos quais o libertaram declarando-o inocente! Nessa altura terá desistido de lutar e meteu-se a caminho da Flandres onde se encontravam já alguns dos seus familiares, professando livremente a religião mosaica e reconstruindo o seu império comercial e financeiro. Ele (ou um sobrinho com o mesmo nome? – a dúvida persiste) terá sido um dos 20 fundadores do Banco de Hamburgo, o primeiro que existiu a nível mundial, segundo creio.

1 Dezembro 1947 - O Jornal Notícias deste dia publicava uma reportagem assinada por EE com o título seguinte: - Carviçais, a maior freguesia de Moncorvo inaugurou o telefone.

Será que alguém de Carviçais se lembre de ter participado no acto e queira partilhar connosco?

António Júlio Andrade

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5 comentários:

  1. Mas o telefone era particular ou público???
    Será que era o telefone do Posto de Correios??

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  2. Pois claro e a rede para quem o pedisse,penso eu de que...

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  3. Se Manuel Rodrigues Isidro tivesse feito a denúncia da corrupção anonimamente,provavelmente não teria sofrido represálias.Como cidadão honesto, identificou-se ao fazer o que devia.Hoje,nos dias de hoje,pode-se denunciar anonimamente,sendo muitas vezes atingidas pessoas que nenhum crime cometeram.Sinais do tempo:ìncitamento à denúncia anónima e o aprveitamento de gente sem escúpulos que não olha a meios para prejudicar terceiros.

    Maneldabila

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  4. Fabio Pando :sera que esse telefone ainda existe??????

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  5. Francisco de São Payo, Fronteiro-Mor e Governador das Armas de Trás-os-Montes, Comendador na Ordem de Cristo, Alcaide-Mor da Torre de Moncorvo, Senhor de Vila-Flor, de Chacim, de Anciães, de Vilarinho, foi um dos quarenta conjurados de 1640.

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