sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

TORRE DE MONCORVO - EFEMÉRIDES (04/12)

4 Dezembro 1875 – Frei Miguel da Madre de Deus (1739 – 1827) foi arcebispo de Braga. Por sua morte, alguns objectos religiosos pessoais ficaram para o cónego Joaquim Rodrigues Ferreira Pontes, deputado vintista por Trás-os-Montes. À morte deste, tais objectos passaram para o seu sobrinho dr. António Joaquim Ferreira Pontes, o “cara estanhada” de alcunha e figura maior do Liberalismo na região do Douro Superior, que por anos a fio travou uma feroz luta político – militar com os Marcais de Fozcôa. Não sabemos se por dificuldades financeiras ou outras razões, o facto é que, em determinada altura decidiu desfazer-se dos citados objectos e propôs a sua aquisição à câmara municipal de Torre de Moncorvo, na qualidade de administradora dos bens da igreja matriz. A câmara aceitou e nomeou uma comissão para avaliar a proposta de compra. Vejam a acta lavrada a propósito, em 4.12.1875:


- (…) Achando-se presente o ilustríssimo presidente da câmara, o ver. Pároco de Felgueiras, Alípio José Alves e o bacharel Claudino do nascimento, egresso da congregação do Oratório, e o bacharel em direito e teologia Augusto Duarte Areosa, previamente convidados por deliberação da câmara na qualidade de administradora dos bens e rendimentos da igreja matriz desta vila, pelos 3 peritos foi dito que, examinando os objectos sagrados e alfaias que foram do ver. Arcebispo de Braga D. frei Miguel da Madre de Deus e actualmente pertencem ao bacharel António Joaquim Ferreira Pontes desta vila, viram que eles se compunham dum Santo Cristo de marfim, duma cruz e peanha entalhada em madre pérola; 3 sacras também entalhadas de madre pérola representando todos os actos da vida e paixão do Redentor; uma cruz dourada com 13 relíquias de vários santos; 2 retratos a óleo em tamanho natural representando o mesmo arcebispo de Braga e o outro o padre José Gomes da Costa, natural de Moncorvo e superior que foi da Congregação das Missões em Roma; 3 casulas com os demais pertences, uma de fio de prata e as outras duas de fio de cobre; 2 panos de seda para a adoração da Cruz; 2 pares de síngulas de seda; 2 almofadas tecidas a fio de cobre; um relicário com relíquias de vários santos; um cálix e patena de prata dourada. Declaram os peritos que todos estes objectos valiam muito mais que os 411 mil réis pelos quais os cedia o seu possuidor, isto tudo pelo seu valor intrínseco, como pelo valor artístico, histórico e religioso.

Este documento tem interesse para a identificação dos objectos em causa, que continuarão certamente fazendo parte do recheio da nossa igreja matriz, além de que muito se tem falado nos últimos tempos, na constituição de um museu de arte sacra em Torre de Moncorvo.

4 Dezembro de 1933 – Morte do médico e grande homem de letras Abílio de Campos Monteiro.

António Júlio Andrade

1 comentário:

  1. E de que estão à espera para a constituição do tal museu de arte sacra em Moncorvo,se há tantos objectos para o rechear?

    Maneldabila

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