TERTÚLIAS DO SABOR Data: hoje, dia 26 de Janeiro ,pelas 19 horas. Local: Taberna do Carró (Torre de Moncorvo). Petiscos: sopa de peixe, peixe de escabeche, queijo,presunto,alheiras,chouriços,pão,vinho, fruta,café,bagaço. Preço :10 euros Marcações :tlm 968.087.514
Oradores: Valdemar Pinho e Lois Ladra (Antropólogos).
Tertúlia: Do rio à mesa: peixe, pescadores, armadilhas, bateiras e tainadas. Resumo: Ao longo dos últimos meses, os antropólogos Valdemar Pinho e Lois Ladra têm desenvolvido um projecto de investigação que visa o estudo e a caracterização das relações tradicionais entre as comunidades locais e o rio Sabor e a importância deste na economia local. Nesta primeira tertúlia pretende-se dar a conhecer, num ambiente descontraído e comensal, o estado actual da dita investigação, promovendo a troca de opiniões, impressões e conhecimentos, em questões relativas às artes e técnicas da pesca fluvial, às embarcações e aos encontros lúdicos nas margens, conhecidos como “tainadas”
fantastico registo da minas da Aveleira, com o testemunho dum antigo mineiro, faz-me inclinar perante o alto valor antropológico das recolhas do Leonel de Brito bem patentes nestas iniciativas e do valor deste blog, que como ouvi dizer ha dias é a nossa torre do tombo. La estarei em mais esta iniciativa telurica onde conto aprender mais com quem sabe. Parabéns Lelo.
Sabor, pesca e minério: três palavras que nos espevitam a memória e nos conduzem para a nossa meninice de pais pobres mas honestos capazes de fazerem das tripas coração para alimentarem seus filhos nos anos magros das aldeias confinantes com o Sabor e que nas suas entranhas guardavam o minério ( volfrâmio )que muita riqueza deu a uns enquanto outros se iam desgraçando com o nosso " ouro negro".Naquele poço, designado o Poço do Praça,em terras de Felgar, fez no passado dia 26 cem anos que os operários concluíram os pilares para a ponte que nunca uniu as duas margens. A história é sabida: è o desastre da Barca de Silhades onde 11 afogados serão recordados em versos de pastor,compilados por mão de criança nos idos de 1937. Cinco dos afogados eram de Moncorvo e seis eram de Felgar.No Poço dos Praças que nesse fatídico se despediu dos " 11 afogados" muitos dos felgarenses lavaram a cotra de seus corpos para se irem apresentar às inspecções militares enquanto mancebos chamados por solene aviso afixado na porta dos Paços do Concelho e noutras das respectivas Juntas de Freguesia. E que dizer de homens destemidos e necessitados que em pleno mês de Janeiro se aventuravam nos mergulhos de águas geladas e revoltas para pescarem peixes, alguns dos quais mortos a petardo,para alimentar-se a si e aos filhos? Ao serão ouvia esses relatos da boca de meu pai que, conjuntamente,com outros se atiravam ao rio enquanto outros na margem o esperavam com uma fogueira e a respectiva garrafa de aguardente a fim de se aquecerem acompanhados dos barbos retirados e guardados na saca..Certamente que não foi apenas vez que tal aconteceu..Quem não se lembra das bolas de "embude" introduzidas nas lorcas das margens para que a pescaria fosse mais abundante? E dos guarda-rios ainda se lembram? Hoje há poucos e os rios mão mudando tal como os homens.Já agora que os pescadores da Foz do Sabor continuem com muita saúde para continuarem a faina de seus avós e que os peixinhos possam ser saboreados pelos amantes gastrónomos e que na nova Taberna do Carró em Moncorvo tal acepipe não falta nem clientes.E de minério como vamos? Muitos foram os estudos, prospecções e canseiras de dirigentes e trabalhadores ao longo de anos que viveram para e do minério.Oxalá que num futuro próximo outros possam continuar tais trabalhos nas Minas da Mua,da Carvalhosa e talvez no Reboredo. Mas houve tempos em que de outro minério se tratou:era nos finais dos anos 30 que o volfrâmio deu de comer a muita gente das Beiras e de Trás-os- Montes.Era o tempo em que administradores do Concelho e os próprios guardas e as populações viviam do garimpo de tal minério que serviriam para enriquecer uns poucos e matar milhares na Segunda Grande Guerra. Durante muito tempo andou em casa de meus pais uma " pedra" de volfrâmio, retirado de um qualquer buraco das Tomadias lá para os lados de Vale de Ferreiros. Também ouvia dizer que por vezes aparecia a GNR para apreender o minério e prender os garimpeiros.Chegou a acontecer que à pedrada acertavam nas lanternas dos Guardas e de seguida davam às de vila-diogo para que os agentes da autoridade não lhes mandassem os galfarros.Muitos moncorvenses e felgarenses conhecerão estórias ligadas ao contrabando do volfrâmio mas quem quiser estudar o assunto mais a sério poderá ler a investigação de António Louçâ sobre o assunto. Que dizer da Pensão Marrana ali mesmo na esquina do Jardim de Moncorvo? Certamente que nessa casa se falou muito do volfrâmio e alguns bons negócios se terão feito.E o Ti Reco avô paterno do ex-primeiro ministro também enriqueceu com tal minério. E os homens da industria portuguesa ( os Monteiro de Barros) de certeza que também sabiam muito do assunto e dele retiraram bom proveito.
TERTÚLIAS DO SABOR
ResponderEliminarData: hoje, dia 26 de Janeiro ,pelas 19 horas.
Local: Taberna do Carró (Torre de Moncorvo).
Petiscos: sopa de peixe, peixe de escabeche, queijo,presunto,alheiras,chouriços,pão,vinho, fruta,café,bagaço.
Preço :10 euros
Marcações :tlm 968.087.514
Oradores: Valdemar Pinho e Lois Ladra (Antropólogos).
Tertúlia: Do rio à mesa: peixe, pescadores, armadilhas, bateiras e tainadas.
Resumo: Ao longo dos últimos meses, os antropólogos Valdemar Pinho e Lois Ladra têm desenvolvido um projecto de investigação que visa o estudo e a caracterização das relações tradicionais entre as comunidades locais e o rio Sabor e a importância deste na economia local. Nesta primeira tertúlia pretende-se dar a conhecer, num ambiente descontraído e comensal, o estado actual da dita investigação, promovendo a troca de opiniões, impressões e conhecimentos, em questões relativas às artes e técnicas da pesca fluvial, às embarcações e aos encontros lúdicos nas margens, conhecidos como “tainadas”
fantastico registo da minas da Aveleira, com o testemunho dum antigo mineiro, faz-me inclinar perante o alto valor antropológico das recolhas do Leonel de Brito bem patentes nestas iniciativas e do valor deste blog, que como ouvi dizer ha dias é a nossa torre do tombo. La estarei em mais esta iniciativa telurica onde conto aprender mais com quem sabe. Parabéns Lelo.
ResponderEliminarSabor, pesca e minério: três palavras que nos espevitam a memória e nos conduzem para a nossa meninice de pais pobres mas honestos capazes de fazerem das tripas coração para alimentarem seus filhos nos anos magros das aldeias confinantes com o Sabor e que nas suas entranhas guardavam o minério ( volfrâmio )que muita riqueza deu a uns enquanto outros se iam desgraçando com o nosso " ouro negro".Naquele poço, designado o Poço do Praça,em terras de Felgar, fez no passado dia 26 cem anos que os operários concluíram os pilares para a ponte que nunca uniu as duas margens. A história é sabida: è o desastre da Barca de Silhades onde 11 afogados serão recordados em versos de pastor,compilados por mão de criança nos idos de 1937. Cinco dos afogados eram de Moncorvo e seis eram de Felgar.No Poço dos Praças que nesse fatídico se despediu dos " 11 afogados" muitos dos felgarenses lavaram a cotra de seus corpos para se irem apresentar às inspecções militares enquanto mancebos chamados por solene aviso afixado na porta dos Paços do Concelho e noutras das respectivas Juntas de Freguesia. E que dizer de homens destemidos e necessitados que em pleno mês de Janeiro se aventuravam nos mergulhos de águas geladas e revoltas para pescarem peixes, alguns dos quais mortos a petardo,para alimentar-se a si e aos filhos? Ao serão ouvia esses relatos da boca de meu pai que, conjuntamente,com outros se atiravam ao rio enquanto outros na margem o esperavam com uma fogueira e a respectiva garrafa de aguardente a fim de se aquecerem acompanhados dos barbos retirados e guardados na saca..Certamente que não foi apenas vez que tal aconteceu..Quem não se lembra das bolas de "embude" introduzidas nas lorcas das margens para que a pescaria fosse mais abundante? E dos guarda-rios ainda se lembram? Hoje há poucos e os rios mão mudando tal como os homens.Já agora que os pescadores da Foz do Sabor continuem com muita saúde para continuarem a faina de seus avós e que os peixinhos possam ser saboreados pelos amantes gastrónomos e que na nova Taberna do Carró em Moncorvo tal acepipe não falta nem clientes.E de minério como vamos? Muitos foram os estudos, prospecções e canseiras de dirigentes e trabalhadores ao longo de anos que viveram para e do minério.Oxalá que num futuro próximo outros possam continuar tais trabalhos nas Minas da Mua,da Carvalhosa e talvez no Reboredo. Mas houve tempos em que de outro minério se tratou:era nos finais dos anos 30 que o volfrâmio deu de comer a muita gente das Beiras e de Trás-os- Montes.Era o tempo em que administradores do Concelho e os próprios guardas e as populações viviam do garimpo de tal minério que serviriam para enriquecer uns poucos e matar milhares na Segunda Grande Guerra. Durante muito tempo andou em casa de meus pais uma " pedra" de volfrâmio, retirado de um qualquer buraco das Tomadias lá para os lados de Vale de Ferreiros. Também ouvia dizer que por vezes aparecia a GNR para apreender o minério e prender os garimpeiros.Chegou a acontecer que à pedrada acertavam nas lanternas dos Guardas e de seguida davam às de vila-diogo para que os agentes da autoridade não lhes mandassem os galfarros.Muitos moncorvenses e felgarenses conhecerão estórias ligadas ao contrabando do volfrâmio mas quem quiser estudar o assunto mais a sério poderá ler a investigação de António Louçâ sobre o assunto. Que dizer da Pensão Marrana ali mesmo na esquina do Jardim de Moncorvo? Certamente que nessa casa se falou muito do volfrâmio e alguns bons negócios se terão feito.E o Ti Reco avô paterno do ex-primeiro ministro também enriqueceu com tal minério. E os homens da industria portuguesa ( os Monteiro de Barros) de certeza que também sabiam muito do assunto e dele retiraram bom proveito.
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