Todos os Moncorvenses sabem que o nosso club é de amadores. Todos trabalham e nem sempre temos o tempo devido para as actividades de aquecimento que os treinos exigem e que os jogos impõem.
Pois bem, um dia, aí pela década de ’80, um amigo nosso, imigrante em França, prometeu trazer um óleo excelente para aquecimento dos músculos, o qual substituía a ginástica prévia aos treinos e aos jogos, evitando-se assim as malfadadas e dolorosas cãimbras. Parece que este bálsamo milagroso até já estava em voga em clubes portugueses. O nosso amigo franciú cumpriu a promessa. Trouxe-nos uma caixa enorme com um grande frasco e eu, no balneário , juntamente com o meu amigo Silvio, ajudava no que podia: esfregávamos as pernas dos atletas com a preciosa loção cremosa.
Os jogadores começaram a dizer mal do produto: “Isto não faz efeito nenhum”,
O massagista |
“Querias? Se fosse coisa boa, ele não no-la dava”.
No final da besuntadela, os jogadores foram rebrilhantes para o estádio de S. Paulo. O jogo ia começar.
Ainda não estavam a jogar há cinco minutos quando os atletas do G.D.M. desataram a correr para os balneários para se meterem debaixo dos chuveiros, pois não aguentavam o calor que lhes abrasava as pernas. Um dos jogadores teve mesmo de ser levado ao hospital por causa das queimaduras. Os outros só pediam que lhes trouxessem gelo. Uns garotos foram a correr pedir gelo. Vieram de lá a Ti Zefa Gaga e a Maria do Nossenhor, com uns sacos de favas e tomates congelados.
A Ti Zefa dizia: “Os tomates haviam de ser mais piquenos, não era? Mas o meu Tóino só tem tomates grandes” . Apesar das dores das queimaduras, todos se rebolaram a rir.
Agora chegou o momento de explicar o acontecido: a loção devia ser aplicada em camada muito fina e levezinha e só alguns minutos depois se começava a sentir o efeito. Mas com a enorme quantidade da pomada, com a correria atrás da bola e o sol a malhar forte e feio, aquela merda queimou e de que maneira!! Devíamos era, em primeiro lugar, ter lido as instruções. Mas estavam em francês. Em segundo lugar, a pressa era muita.
Até o jogador mais novito, de tão queimado que estava, a certa altura disse: “O inferno, com aquelas labaredas todas, deve ser muito mau”.
O Camané respondeu : “Eh, pá, já não há inferno”.
“Quem disse?”
“O Papa”.
“Ah! Atão logo vou apalpar as nalgas à Nita” .
E tudo terminou à gargalhada.
Leiria, 12 de Janº de 2012
Querida Julinha!
ResponderEliminarJá li a sua "estória"...Deixo para mais tarde o meu comentário...Beijinhos da Irene
Já cá fazia falta mais uma estoria desse gajo.
ResponderEliminarUm abraço pá.
Com que então até favas e tomates congelados serviram para acalmar as queimaduras ! Deviam registar a patente da receita.
ResponderEliminarZé e Abílio
Mas que grande massagista!
ResponderEliminarAbílio e Zé
Mais uma estória hilariante passada com o CAMANÉ,narrada,uma vez mais,pela nossa contista-mor JULINHA
ResponderEliminarUma moncorvense.
Fartei-me de rir. As historias do Camané também mereciam um livro.
ResponderEliminarUma Querdoirense
António Espírito Santo disse:.....mais uma boa história da Júlia
ResponderEliminarTomates quase congelados é uma medida dos judeus para circuncisões a adultos.Para massagens só na espinhela caída.As favas eram contadas?
ResponderEliminarDurante 12 anos a palavra nalgadas era para mim um susto,misto de medo e de dor Depois tudo mudou, quando creci e cairam o d,o a e o s final!
Noitibó
Viva o contador Camané, grande massajista .
ResponderEliminarViva a Dra. Júlia, grande escritora moncorvense.
Abraços
Vítor
Julinha, a Querdoira tem muito orgulho em si.
ResponderEliminarBejinhos
Maria Augusta
A linguagem pode levar a que a sensibilidade e a dor leve ao verdadeiro conhecimento.
ResponderEliminarAs palavras do Franciu levaram o amigo Silvio a acreditar em milagres,mas a comunicação originou um grande conflito, para uns a dor, para outros o riso.
O Camané certamente foi o que mais brincou com o massagista e jogadores.
Drª Julia, desejo as suas melhoras e que tudo corra bem.
Regresse rápido com as suas estórias cheias de humor...
Manuel sengo
Escritora Moncorvense virgula Querdoirense e nós emprestamos-a à Bila.
ResponderEliminarGostei munto da estória e o Camané é um gaijo porreiro.
Manel Oliveira