quarta-feira, 6 de julho de 2011

TORRE DE MONCORVO

2 comentários:

  1. LOCALIZAÇÃO E HISTÓRIA

    Torre de Moncorvo é um concelho da margem direita do Rio Douro, situado a Sul do Distrito de Bragança e enquadrado na subregião do Douro Superior. É uma terra do Norte de Portugal, separada da Beira Alta (Vila Nova de Fozcôa) pelo Douro, cuja Vila foi edificada no sopé da Serra do Reboredo que a protege a NE. Essa linha de separação que o Douro naturalmente demarca foi sempre muito importante, já que ali se situavam as célebres Barcas do Pocinho que serviam para comunicação entre as duas regiões de Portugal. É uma extensa linha que vai desde o concelho de Freixo de Espada à Cinta (limite de Ligares deste concelho com Urros e Peredo dos Castelhanos de Moncorvo), até ao de Carrazeda de Ansiães, no sentido da Foz, e cujo marco de divisão de território é no lugar de Cadima, entre Lousa (de Moncorvo) e Vilarinho da Castanheira (de Carrazeda de Ansiães). Faz fronteira com o concelho de Alfândega da Fé a N e NE, o de Freixo de Espada à Cinta a Este, o Rio Douro a Sul, o concelho de Carrazeda de Ansiães a Ocidente e o de Vila Flor a Noroeste. Dista cerca de 100 quilómetros de Bragança e é servida pela estrada nacional que segue para a Guarda, tendo o perfil de IP2 (apenas na área concelhia desde a Ponte do Sabor ao Pocinho, marginal ao Rio Douro). Fica a igual distância de Vila Real e da Guarda. Mirandela está a 50 quilómetros. É um concelho integrado na zona de Trás os Montes e Alto Douro, e fazendo parte da região da Terra Quente Transmontana. Contudo, fica já na sub região designada por Douro Superior, tal como Freixo de Espada à Cinta da mesma margem, ou Vila Nova de Fozcôa da margem esquerda. A actual sede de concelho nasceu e desenvolveu se devido a factores de ordem climática, de insalubridade e de defesa militar. Com efeito, o concelho tem as suas origens no concelho medieval de Santa Cruz da Vilariça, na margem esquerda da Ribeira da Vilariça, numa elevação de cerca de 240 metros sobranceira a essa Ribeira e ao rio Sabor, virada para nascente. Com as invasões árabes e os ataques de autêntica barbárie ali praticados, devido a uma melhor situação defensiva que era necessário ter, aquele local é abandonado no século Xlll e transferida a sede de concelho para o sopé da Serra do Reboredo onde hoje se situa. O povo diz que foi uma praga de formigas e os incomodativos mosquitos dos charcos de verão da Vilariça que provocavam febres e sezões, a causa do abandono do local de Santa Cruz (ver Lenda de Moncorvo na parte final deste trabalho). D. Dinis dá Foral a Moncorvo em 1285, dota a de Castelo e muralhas e cria uma feira anual para que durasse um mês sendo das maiores de Trás os Montes. D. Manuel em 1512 confere lhe outro. Moncorvo transforma se, no Antigo Regime, numa Comarca de extensão considerável e das mais importantes na região norte. Ia de Chaves até Amarante e comportava 26 Vilas e 182 freguesias. Mesmo com a organização Judicial em 1767 que baseava a divisão do País em 23 Correições, Moncorvo manteve se como Correição. Em 1821 a Comarca de Moncorvo tinha ainda Vinte Vilas das 26 que já tivera, e, em 1822, nas eleições dos deputados às Cortes, Moncorvo foi uma das 26 divisões eleitorais de Portugal. É ao longo do século XIX que a constituição administrativa do concelho se edifica com o número de freguesias que hoje tem. Em 1802 tinha 13 freguesias. Em 1836 o concelho de Mós é extinto e, juntamente com Carviçais passa para Moncorvo.
    CONTINUA

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  2. Com a Reforma de 1853 o concelho de Vilarinho da Castanheira é extinto e as povoações de Castedo e Lousa são integradas no de Moncorvo. Só a partir dos iras do século XIX é que fica a ser constituída pelas 17 freguesias que hoje mantém, com as suas anexas, como foi o caso de Vide vinda de Vila Flor e integrada na freguesia de Horta da Vilariça, ou de Junqueira, Estevais e Nozelos vindas de Alfândega da Fé e integradas na Adeganha, e ainda Cabeça de Mouro deixa de ser freguesia e fica anexa à Cabeça Boa. Palco de lutas várias, por exemplo as Fernandinas no século XIV, as da Restauração no século XVIII, a Guerra dos 7 anos em que Portugal se vê envolvido pelas decisões arbitrárias do "Pacto de Família" e a que Moncorvo não aderiu, sendo invadida e saqueada pelo exército franco espanhol comandado pelo General Sárria em 30 de Abril de 1762. Depois é nas invasões francesas onde se mostra de novo o patriotismo dos moncorvenses ao apoderarem se das barcas e passagens do Douro, evitando que os franceses avançassem para Norte do Douro e invadissem Trás os Montes, como o General Loisson se preparava para fazer a partir de Almeida. Foi a 17 de Junho de 1808. Moncorvo fora ainda ocupada por muitos judeus fugidos de Foz Côa, o que chegou a provocar graves lutas no século XIX entre as duas povoações e após as lutas liberais. Eclesiasticamente foi da Arquidiocese de Braga. No século XIX Moncorvo era um Vicariato constituído pelos concelhos de Carrazeda de Ansiães, Freixo de Espada à Cinta, Moncorvo, Mogadouro, Vila Flor, Alfândega da Fé, pela maior parte do concelho de Mirandela incluindo esta, e ainda pelas freguesias de Lombo e Peredo com as suas anexas do concelho de Macedo de Cavaleiros, num total de 124 freguesias. Mas já em 1881 Braga havia perdido 107 freguesias a favor da Diocese de Bragança e Miranda, unidas pela Bulla Romanus Pontifex de Pio VI em 27 de Setembro de 1780. Registe se que em 22 de Maio de 1545, Paulo III criava a Diocese de Miranda do Douro. A 7 de Março de 1764 D. Frei Aleixo de Miranda Henriques transfere a Sé Episcopal para Bragança, e a 10 de Julho de 1770 é dividida em 2: Miranda e Bragança. Apesar disto, Moncorvo havia continuado a pertencer a Braga. O Vicariato de Torre de Moncorvo foi extinto por D. José Alves Mariz por provisão de 7 de Abril de 1888. O crescimento urbano foi uma característica que a acompanhou com o andar dos séculos de tal forma que encontramos, a partir da Idade Média, Moncorvo extra muros e com uma dimensão razoável para a época. A Praça era civil mas também comercial. Ali se tornava obrigatório passar ou ir para tratar de todos os assuntos, de todos os negócios. Os Solares implantam se e demonstram a riqueza dos seus proprietários e, simultaneamente, a importância da Vila.


    In Dicionário dos mais ilustres Trasmontanos e Alto Durienses,
    coordenado por Barroso da Fonte

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