Fernando Pessoa
Aí pelos meus 14/16 anos fui madrinha de 3 ou 4 miúdos da Corredoura.
Quando me formei, comecei a leccionar no Liceu da Figueira da Foz, em 1961. Em princípios de Julho de 1962 combinei com a minha mãe vir até à Figueira e trazer um dos meus afilhados com ela, para passar 15 dias connosco na praia.
No primeiro Sábado de Julho lá apareceu a minha mãe com o Toninho, um garoto vivo, esperto, com uns 6 ou 7 anos.
Fui comprar-lhe uns calções, um baldinho e uma pá e, pelo caminho, falei-lhe da praia e do mar: areia dourada, quase branca, fininha, onde ele podia brincar, construir castelos; iria buscar água ao mar com aquele baldinho … E então o mar: água a perder de vista, muito azul, as ondas sempre em movimento … Uma maravilha ! Foi assim que eu lhe descrevi a praia.
No dia seguinte, um Domingo, por essas 10 horas e picos, lá fomos nós para a praia. Já estava cheia de gente. Ainda não tínhamos descido dois degraus, o garotito parou, de olhos arregalados, e eu pensei: “Está espantado “ . E esperei. Então o Toninho disse
“ Ena, pá, tanta gaja tão boa!” .
Eu tinha-me esquecido de lhe falar das pessoas em fato de banho.
Elvas, 2 de Setº 2011
“ Ena, pá, tanta gaja tão boa!”
ResponderEliminarSó vejo uma e chega.Mais uma bela crónica carregada de humor.
Ainda imbuído do tema da última crónica ; o vinho e a saúde,apenas tenho a dizer: a crónica e o postal ("a gaja")são vintage.
ResponderEliminarEsta contou-ma um amigo meu.
ResponderEliminarNos anos sessenta, o pai estava no Porto a acabar o curso de medicina. Um dia, foi informado que vinha ao Porto, por razões de saúde da mulher, o feitor de uma das quinta da família .Mais velho do que ele ,com cerca de 40 anos, tinha sido na sua infância um protector das suas diabruras .Foi à estação de São Bento esperá-lo e levou-o a conhecer o Porto..Junho, época de frequências o tempo escasseava. e, junto à praia do Molhe ,disse-lhe; tenho que dar um salto à universidade, ficas aqui, passeia pela praia ,descalça-te ,molha os pés, vês as tipas em fato de banho ,…eu volto dentro de duas horas. Quando se afastou ,não resistiu e olhou para trás ,o feitor tinha-se deitado de costas na areia .Quando regressou ,passado 3 horas viu-o no mesmo sitio. Dirigiu-se a ele e perguntou-lhe o que estava a fazer.
Menino ,isto é uma loucura ,as gajas andam quase incoiratchas!
E é por isso que estás deitado de costas?
Pois ,é para não verem como me puseram.
Noitibó
O ZÈ disse:
ResponderEliminarMininos precoces dessa Corredoura. Qual praia e qual mar com aqueles brotinhos assim meio nuinhas !!!!
O´Noitibó, o homem estava era deitado de bruços, se não as gajas incoiratchas viam o belo estado em que puseram o pobre do coitado .
ResponderEliminarFalta imperdoável da madrinha e professora não avisar o garotinho, coitadinho, que na praia andavam gajas quase incoiratchas. Mas o tipo era dólho vivo.
ResponderEliminarNuno d'ólhão
Rosa Lopes disse:Está está muito boa!!
ResponderEliminarEu li um livro sobre as mulheres da Marinha Grande e, lendo estes textos, fico fascinado,ao descobrir que são da mesma autora.
ResponderEliminarSe tudo isto sair em livro ,eu compro. Se alguém encontrar este postal, nem que seja num alfarrabista, meu Deus, eu comproooo! E se me disserem que não há sereias na Figueira, eu mato-o.
ResponderEliminarBastos
Vale a pena "botar aqui estas piquenas estorinhas", só pelo que me divirto a ler os vossos comentários.
ResponderEliminarDestaque para o Noitibó que é um grande contador de estórias.
Um abraço grande para todos os comentadores.
Júlia