domingo, 4 de setembro de 2011

Pequenas Memórias “ Mas que bela praia ! ”(VIII), por Júlia Barros Ribeiro

“Grande é a poesia, a bondade e as danças ... Mas o melhor do mundo são as crianças “

Fernando Pessoa

Aí pelos meus 14/16 anos fui madrinha de 3 ou 4 miúdos da Corredoura.
Quando me formei, comecei a leccionar no Liceu da Figueira da Foz, em 1961. Em princípios de Julho de 1962 combinei com a minha mãe vir até à Figueira e trazer um dos meus afilhados com ela, para passar 15 dias connosco na praia.
No primeiro Sábado de Julho lá apareceu a minha mãe com o Toninho, um garoto vivo, esperto, com uns 6 ou 7 anos.
Fui comprar-lhe uns calções, um baldinho e uma pá e, pelo caminho, falei-lhe da praia e do mar: areia dourada, quase branca, fininha, onde ele podia brincar, construir castelos; iria buscar água ao mar com aquele baldinho … E então o mar: água a perder de vista, muito azul, as ondas sempre em movimento … Uma maravilha ! Foi assim que eu lhe descrevi a praia.
No dia seguinte, um Domingo, por essas 10 horas e picos, lá fomos nós para a praia. Já estava cheia de gente. Ainda não tínhamos descido dois degraus, o garotito parou, de olhos arregalados, e eu pensei: “Está espantado “ . E esperei. Então o Toninho disse
 “ Ena, pá, tanta gaja tão boa!” .
Eu tinha-me esquecido de lhe falar das pessoas em fato de banho.

Elvas, 2 de Setº 2011

Júlia Ribeiro

10 comentários:

  1. “ Ena, pá, tanta gaja tão boa!”
    Só vejo uma e chega.Mais uma bela crónica carregada de humor.

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  2. Ainda imbuído do tema da última crónica ; o vinho e a saúde,apenas tenho a dizer: a crónica e o postal ("a gaja")são vintage.

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  3. Esta contou-ma um amigo meu.
    Nos anos sessenta, o pai estava no Porto a acabar o curso de medicina. Um dia, foi informado que vinha ao Porto, por razões de saúde da mulher, o feitor de uma das quinta da família .Mais velho do que ele ,com cerca de 40 anos, tinha sido na sua infância um protector das suas diabruras .Foi à estação de São Bento esperá-lo e levou-o a conhecer o Porto..Junho, época de frequências o tempo escasseava. e, junto à praia do Molhe ,disse-lhe; tenho que dar um salto à universidade, ficas aqui, passeia pela praia ,descalça-te ,molha os pés, vês as tipas em fato de banho ,…eu volto dentro de duas horas. Quando se afastou ,não resistiu e olhou para trás ,o feitor tinha-se deitado de costas na areia .Quando regressou ,passado 3 horas viu-o no mesmo sitio. Dirigiu-se a ele e perguntou-lhe o que estava a fazer.
    Menino ,isto é uma loucura ,as gajas andam quase incoiratchas!
    E é por isso que estás deitado de costas?
    Pois ,é para não verem como me puseram.
    Noitibó

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  4. O ZÈ disse:
    Mininos precoces dessa Corredoura. Qual praia e qual mar com aqueles brotinhos assim meio nuinhas !!!!

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  5. O´Noitibó, o homem estava era deitado de bruços, se não as gajas incoiratchas viam o belo estado em que puseram o pobre do coitado .

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  6. Falta imperdoável da madrinha e professora não avisar o garotinho, coitadinho, que na praia andavam gajas quase incoiratchas. Mas o tipo era dólho vivo.

    Nuno d'ólhão

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  7. Rosa Lopes disse:Está está muito boa!!

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  8. Eu li um livro sobre as mulheres da Marinha Grande e, lendo estes textos, fico fascinado,ao descobrir que são da mesma autora.

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  9. Se tudo isto sair em livro ,eu compro. Se alguém encontrar este postal, nem que seja num alfarrabista, meu Deus, eu comproooo! E se me disserem que não há sereias na Figueira, eu mato-o.
    Bastos

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  10. Vale a pena "botar aqui estas piquenas estorinhas", só pelo que me divirto a ler os vossos comentários.
    Destaque para o Noitibó que é um grande contador de estórias.

    Um abraço grande para todos os comentadores.
    Júlia

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