Em prova de que ninguém estava imune às sátiras dos rapazes do Felgar, ficaram bem registadas na memória popular as duas quadras seguintes, que foram ditas pelo Acácio polónio em uma dança da década de 50: Há dias veio escrito Escrito pelos jornais Muita gente foi a ler E encontrou escrita a mais.
Quem esta prosa escreveu E a mandou prá redacção Devia ser queimado Reduzido a carvão. O alvo da crítica era o pároco da freguesia que, tempos antes, tinha publicado num jornal um artigo que desagradou a uma parte da gente da aldeia, nomeadamente à rapaziada.J. Andrade
Na mesma dança foram produzidas duas quadras de crítica ao presidente da junta de freguesia, pessoa da família Salgado, que por acaso era manco. A crítica versa o relógio da torre comprado por aquela junta mas que andava desarranjado nas horas. Vejam: Cá está o perna de pau Certinho como as batatas Custou 7 contos e quinhentos Na Companhia das Sucatas.
Uma noite já passada Desatou-se-lhe a geringonça Deu 470 horas Mas todas com muita força. J. Andrade
Na Corredoura também saíam cortejos de mascarados. Mas foram proibidos era eu muito pequenina. Já não tenho uma memória muito clara disso. As pessoas diziam que foram proibidos por causa das piadas aos patrões e aos senhores da Vila. Depois passou a haver apenas bailaricos no salão da Câmara para as senhoras e meninas finas e no do teatro também e, para arraia miúda, no salão dos bombeiros, onde apareciam papéis com versalhadas, mas ninguém dizia donde vinham. Ainda bem que no Felgar e em outrs freguesias a tradição se mantém.
Mais um belo texto publicado num jornal que durante anos foi uma grande referência para a Terra Quente, em geral, e para Torre de Moncorvo, em particular.
Ontem, todo lampeiro, e sempre curioso, quis ir assistir a mais uma dança satirica no Felgar.
Mas, ou porque a aldeia dá sinais evidentes que anda cansada, definhada ou stressada, ou porque a rapaziada tem outras ocupações, ou porque o mentor anda mui naturalmente por outro continente a labutar e a fazer pela sua vida, certo é que, vá lá a saber-se porquê, não houve o tal entrudo tradicional.
E, foi pena, porque asssuntos a abordar não faltariam e havia muita coisa sucedida no ano transacto a apontar.
Temo que esta " manifestação etnográfica por excelência " esteja moribunda.
Doi-me a alma é se, ao invés, está morta, de morte matada.
A ser assim, restam-nos as recordações, uns escritos fruto de alguma recolha feita e, como tudo tem um fim, a crónica supra referida é tb., com a devida vénia a G.G.M., a crónica de uma morte anunciada.
Em prova de que ninguém estava imune às sátiras dos rapazes do Felgar, ficaram bem registadas na memória popular as duas quadras seguintes, que foram ditas pelo Acácio polónio em uma dança da década de 50:
ResponderEliminarHá dias veio escrito
Escrito pelos jornais
Muita gente foi a ler
E encontrou escrita a mais.
Quem esta prosa escreveu
E a mandou prá redacção
Devia ser queimado
Reduzido a carvão.
O alvo da crítica era o pároco da freguesia que, tempos antes, tinha publicado num jornal um artigo que desagradou a uma parte da gente da aldeia, nomeadamente à rapaziada.J. Andrade
Na mesma dança foram produzidas duas quadras de crítica ao presidente da junta de freguesia, pessoa da família Salgado, que por acaso era manco. A crítica versa o relógio da torre comprado por aquela junta mas que andava desarranjado nas horas. Vejam:
ResponderEliminarCá está o perna de pau
Certinho como as batatas
Custou 7 contos e quinhentos
Na Companhia das Sucatas.
Uma noite já passada
Desatou-se-lhe a geringonça
Deu 470 horas
Mas todas com muita força.
J. Andrade
Na Corredoura também saíam cortejos de mascarados. Mas foram proibidos era eu muito pequenina. Já não tenho uma memória muito clara disso. As pessoas diziam que foram proibidos por causa das piadas aos patrões e aos senhores da Vila. Depois passou a haver apenas bailaricos no salão da Câmara para as senhoras e meninas finas e no do teatro também e, para arraia miúda, no salão dos bombeiros, onde apareciam papéis com versalhadas, mas ninguém dizia donde vinham.
ResponderEliminarAinda bem que no Felgar e em outrs freguesias a tradição se mantém.
Júlia
Mais um belo texto do dr.Carlos Seixas.
ResponderEliminarMais um belo texto publicado num jornal que durante anos foi uma grande referência para a Terra Quente, em geral, e para Torre de Moncorvo, em particular.
ResponderEliminarVilarandelo Umdiaumaimagem: interessante tradição! Desejo que a possam manter para o futuro. abs
ResponderEliminarRequiem
ResponderEliminarOntem, todo lampeiro, e sempre curioso, quis ir assistir a mais uma dança satirica no Felgar.
Mas, ou porque a aldeia dá sinais evidentes que anda cansada, definhada ou stressada, ou porque a rapaziada tem outras ocupações, ou porque o mentor anda mui naturalmente por outro continente a labutar e a fazer pela sua vida, certo é que, vá lá a saber-se porquê, não houve o tal entrudo tradicional.
E, foi pena, porque asssuntos a abordar não faltariam e havia muita coisa sucedida no ano transacto a apontar.
Temo que esta " manifestação etnográfica por excelência " esteja moribunda.
Doi-me a alma é se, ao invés, está morta, de morte matada.
A ser assim, restam-nos as recordações, uns escritos fruto de alguma recolha feita e, como tudo tem um fim, a crónica supra referida é tb., com a devida vénia a G.G.M., a crónica de uma morte anunciada.
Max
Venham os videos que vi no ano passado no velho blog à descoberta de torre de moncorvo.
ResponderEliminarOs vídeos estão aqui:
ResponderEliminarParte 1
http://youtu.be/lDNkni86BmQ
Parte 2
http://youtu.be/m0ft-2ahwXg
Parte 3
http://youtu.be/C_cRMZ0R2cs