25 Novembro 1584 – No auto de fé realizado nesta data em Coimbra saíram penitenciados 11 cristãos-novos de Torre de Moncorvo, todos eles ligados à família do dr. André Nunes, o advogado de mais prestígio de toda a comarca. Ele, 2 irmãos e 4 filhas foram condenados em penas espirituais e a usar o ultrajante sambenito - uma espécie de saco de cor amarela com uma cruz vermelha. A sua mulher, Leonor da Mesquita morreu na cadeia, mas o processo não parou, acabando por ser condenada à fogueira. Para isso foram os seus ossos desenterrados e queimados. O seu genro Francisco Rodrigues da Silva, também advogado, foi queimado vivo na fogueira do auto. Acrescente-se que o dr. André Nunes foi o homem que em Torre de Moncorvo liderou os partidários de D. António Prior do Crato para a sua coroação como rei de Portugal. E já na década de 50 do século de quinhentos, ele disputou umas eleições para o cargo de Provedor da Misericórdia de Moncorvo. A sua mulher era de Vila Flor, de uma poderosa família de cristãos-novos. Da análise de muitas dezenas de processos da Inquisição instaurados nestas duas localidades, resulta claro que havia uma profunda e surda luta entre cristãos-velhos e cristãos-novos. Penso mesmo que a luta política se desenvolvia então entre aquilo que poderemos designar como o partido da Inquisição e o partido dos judeus. Estas informações são possíveis mercê do trabalho de investigação feito por D. Maria Fernanda Guimarães, da cátedra de estudos sefarditas e que deram origem a um livro editado pela câmara municipal de Moncorvo com o título de: Subsídios para o Estudo da Inquisição em Torre de Moncorvo.
António Júlio Andrade
E no dia 25 de Novembro de 1975, o que se passou em Moncorvo?
ResponderEliminarTambém sobre isso haverá umas histórias exemplares para contar mas... essas memórias pessoais terão de aguardar. J. Andrade
ResponderEliminar"Subsídios para o Estudo da Inquisição em Torre de Moncorvo" está a pedir uma reedição.
ResponderEliminarM.C.