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Foto de Aníbal Gonçalves |
Quando era pequenita ia com a minha mãe à segada mas, com sete ou oito anos, não sabia pegar na ceitoira. O meu trabalho era levar o caneco de água à minha mãe e a qualquer outra segadora ou segador que não tivesse filhos ali na segada.
No final de um corte nós, os raparigos , tínhamos outro trabalho, bem mais importante: corríamos em bando ao "rebusco da espiga", isto é, íamos apanhar aqui e ali, as espigas que as mães, por acaso ou adrede, haviam deixado cair. Não se pense que era trabalho de todo fácil, pois o restolho arrascanhava milhentas vezes as nossas pernitas de canivete e com o calor os arranhões ardiam.
Hoje vejo crianças rebuscando, por entre imundices, restos de comida nos caixotes do lixo.
Prefiro o " rebusco da espiga".
Júlia Guarda Ribeiro