MACEDO DE CAVALEIROS - ESCAPARATE (XVI)

Breve nota

De onde vimos? O que somos? Para onde vamos?
Continuamos sem respostas para as questões que deram nome à tela de Gauguin. Podemos afirmar coerentemente que acreditamos no criacionismo ou no evolucionismo ou simplesmente que não acreditamos em nada. Na verdade, sejam lá quais forem as nossas crenças, as respostas continuam a não existir categoricamente. Resta-nos, por isso, viver dia após dia e apoiar a nossa vida nas pessoas, tempos e lugares especiais.
As minhas memórias dizem-me que reconheço como lugar especial, aquele onde passei uma boa parte da infância, a minha aldeia: Nozelos. O pronome possessivo utilizado justifica-o por si, sem deixar margem para dúvidas.
Tenho orgulho em pertencer a este lugar, onde as brincadeiras ao ar livre, no meio da rua, com paus e pedras como brinquedos, as aventuras eram reais e todos eram heróis e heroínas.
Um lugar onde todos se conhecem, homens fabricados pelo trabalho duro da terra, mulheres de luta e crianças felizes. Histórias que segui com admiração e que sem as quais nunca agradeceria com veracidade tudo o que tenho e sou. Vidas simples, sem grandes ambições, gente que chora as derrotas e celebra as vitórias.
Ali aprende-se a amar a infância e a admirar a velhice.
Lugar de paz e tranquilidade, hoje convida ao descanso e à reflexão.
Mas, o melhor de tudo isto é termos um lugar muito nosso, onde agora se contam as histórias daqueles de quem nós somos apenas a sua continuação…
Carla Ferreira
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