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terça-feira, 12 de maio de 2015
sexta-feira, 20 de setembro de 2013
Contos do Vale da Promissão - Intervenção de Jorge Carvalheira, na UNICEPE, no dia 18 de Setembro 2013.

Não sou, por mais que uma razão, a voz mais adequada para estar aqui nesta função. Entre essas razões não é menor a de ser irmão do autor do livrinho, a cujo propósito direi aqui alguns lugares comuns e outras tantas heresias. O seu autor cultiva uma bela escrita e vai pouco em modas de mercado. Ainda bem. Já que essas modas servem apenas para confundir as malas-artes da literatura com foguetórios que passam. E confundem sobretudo a cabeça dos leitores. Porque o acto de escrever é isto, é resistir. Não vou ao ponto de pensar, como dizia uma personagem qualquer da Montanha Mágica, que “a beleza de estilo conduz à beleza das acções”, ou que “ a bela palavra gera a bela acção”, ou que “escrever bem é sinónimo de pensar bem”. Se assim fosse, o mundo estava salvo há muito tempo. Mas o gesto da escrita (que não se fecha sem o gesto da leitura) é um acto de resistência que nos mantém humanos, que nos ajuda a entender o mundo, que nos emociona, ou nos diverte, ou nos ensina, ou nos sobressalta, ou nos encanta. Em qualquer caso aumenta a nossa consciência, o que é o exacto oposto do estado de alienação que esperam de nós os figurões que vivem de transformar-nos em números estatísticos de consumidores e geradores de lucros. Por isso me orgulha o facto de ser irmão do autor. Conheço a treva de que saiu, e o trabalho que desenvolveu até chegar aqui. E isso faz-me sentir muito bem.
sexta-feira, 13 de setembro de 2013
quinta-feira, 12 de setembro de 2013
Contos do Vale da Promissão, de Carlos Carvalheira
Hoje, Moncorvo é quase ali.
Próximo do IP2, para ligação à A25, pelo Sul... ao deslado do IC5 que lhe permite sair, para norte, pela A4, Moncorvo é quase ali...
Mas nem sempre assim foi. Trás-os-Montes, como de resto outras zonas do país, sempre ficou muito longe. Os diferentes governos centrais, em ditadura como em democracia, deliberada ou negligentemente, votaram meio país ao esquecimento, ao abandono. Não construíram escolas... não edificaram hospitais... não rasgaram estradas... Fizeram de conta que metade de Portugal não se via. E, não sendo visto, não existia. Fizeram-no ontem. Repetem-no hoje. Nada aprenderam com a História! Por isso, pagou o património humano um preço de sangue. Os que partiram, porque levaram a sua força a outras paragens. Os que ficaram, porque sozinhos foram impotentes para as tarefas a desenvolver. Os que hão-de vir porque lhes deixamos uma terra esterilizada à força de tanto ser governada por uma pseudoelite que, de humanidade e de cultura, nunca aprendeu ao menos os rudimentos.
Do Douro apenas interessava o Vinho da Generosidade, o Vinho Cheirante, para deleite de baronias, lordes e marquesados em Lisboa, Londres ou Paris. De outras zonas apenas importava a exploração de ferros, de ouros, de cobres que permitiam ao reino rasgar as avenidas da capital, onde as esposas e concubinas de ministros e quejandos passeavam as modas importadas da Europa; ou alindar as praias onde as damas e convidadas ostentavam as ancas celulíticas e roliças e os seios grandes e embiocados. De outras, ainda, apenas interessava a seara com que alimentavam as flatulências dos que se autoincluíam na lista da elite.
[...]
Trás-os-Montes, como reino maravilhoso, é um mito. E o Vale da Vilariça, como terra da promissão, um hino.
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