Viajantes como nós
À boleia de um carteiro, de um vendedor e de um padre por terras transmontanas, descobrimos um país onde ainda se assina com o dedo e onde os cães vão à missa com os fiéis
Sexta, 13 de maio. É provável que as televisões transmitam em direto de Fátima. Na aldeia de Cabanas de Cima, encostada à foz do Sabor, não há um único café. Em casa de Carmilde Nogueira, que nos convida a entrar, o televisor está desligado. Cheira à barriga de porco grelhada que há de ser servida ao jantar, com batatinhas novas.
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Falta pouco para as 5 e meia da tarde. Hora da novena. A igreja, que parece de brincar, fica lá longe, na entrada da povoação. Mas a maioria dos habitantes tem dificuldade em chegar lá. Por isso, a imagem de Nossa Senhora de Fátima foi trazida para a Casa do Povo, mais central, que guarda cadeiras e secretárias do tempo (longínquo) em que era escola primária. Hoje serve para tudo. Às vezes, faz de capela, velam-se os que partem ou, como agora, reza-se a novena com homens de um lado e mulheres do outro. Mas vezes há em que, nesta mesma sala, se fazem festas de batizado ou churrascos para angariar fundos para a padroeira da aldeia. As chaves estão com a pessoa que mora mais perto Áurea Almeida, 87 anos, vive na porta em frente.
Texto: Joana Fillol; Fotos: José Carlos Carvalho
In "Visão"de 08-07.
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